Moradores pressionam e justiça dá 6 meses: ciclofaixa em Prudente sai da porta de casa, e você?

Moradores pressionam e justiça dá 6 meses: ciclofaixa em Prudente sai da porta de casa, e você?

A vizinhança viu a rua estreitar, perdeu vagas na porta e aprendeu a sair de ré com paciência. Agora, um novo capítulo se abre.

Uma decisão judicial fixou o prazo de seis meses para que a Prefeitura de Presidente Prudente retire a ciclofaixa instalada em frente às residências na zona norte. O caso arrasta tensões desde 2022 e virou símbolo do desafio de conciliar mobilidade ciclística e rotina de quem depende do carro para entrar na garagem.

O que está decidido

Após audiência de conciliação entre o Ministério Público e a administração municipal, a Justiça concordou com o pedido do MP e determinou a execução das obras de retirada da faixa no trecho crítico da Rua Netuno. O município se comprometeu a substituir a infraestrutura por uma ciclorrota, modelo que sinaliza prioridade ao ciclista sem criar segregação física na via.

Prazo estabelecido: até seis meses para a prefeitura concluir a retirada da ciclofaixa diante das casas na zona norte.

O que entra no lugar: ciclorrota compartilhada, com sinalização, velocidade reduzida e preservação das vagas na frente das residências.

Como a decisão foi tomada

Moradores relataram dificuldades desde a implantação do traçado cicloviário que parte da Avenida Juscelino Kubitschek, passa pelas ruas Mercúrio e Netuno e segue até a Avenida Alvino Gomes Teixeira. Na Rua Netuno, a faixa correu colada às guias das casas, encostando na rotina: manobras apertadas, risco de conflito entre carros e bicicletas e a sensação de rua ainda mais estreita.

Um laudo técnico do CAEX, órgão do Ministério Público, apontou os problemas e pressionou por ajustes. Como a prefeitura não apresentou, à época, um projeto de adequação com prazos definidos, o MP levou o caso à Justiça. A conciliação selou o caminho: obras para retirar a faixa diante das casas e implantação de uma ciclorrota no perímetro.

O que muda para quem mora e para quem pedala

Com a mudança, moradores devem recuperar as vagas de estacionamento em frente às residências e ganhar mais facilidade na saída das garagens. Para ciclistas, a rota permanece, mas com outro desenho operacional: a preferência passa a ser garantida por pintura no solo, placas e controle de velocidade, sem canteiros ou tachões contínuos separando os fluxos.

  • Estacionamento: volta a ser permitido junto às calçadas das casas.
  • Ciclista: continua com prioridade sinalizada no asfalto e placas.
  • Velocidade: redução prevista, com fiscalizações pontuais e alerta aos condutores.
  • Convivência: via compartilhada, com ultrapassagem segura e cuidado em cruzamentos.

Por que a faixa causou tanta queixa

O traçado em frente às casas encurtou o corredor de manobra e exigiu curvas mínimas na entrada e saída de garagens. Em dias de maior fluxo, a disputa por espaço aumentou a insegurança, inclusive para quem pedala. A rua é estreita e a linha contínua da ciclofaixa ampliou a fricção entre vizinhança e tráfego diário.

Ciclovia ou ciclorrota: qual a diferença prática

Os dois formatos servem ao deslocamento de bicicleta, mas respondem a contextos diferentes. A ciclovia cria segregação física, o que costuma funcionar melhor em avenidas largas, eixos estruturantes e trechos de alto volume. A ciclorrota organiza a convivência em ruas locais, com baixo fluxo e velocidade reduzida.

Infraestrutura Como funciona Quando faz sentido
Ciclovia/faixa Separa bicicletas com pintura e, às vezes, barreiras físicas Vias largas, grande fluxo e longas distâncias
Ciclorrota Compartilha a via com prioridade ao ciclista e redução de velocidade Bairros, ruas estreitas e trechos residenciais

Passo a passo esperado para os próximos meses

O cronograma detalhado será definido pela prefeitura, mas a própria nota oficial antecipou diretrizes de implantação da ciclorrota. O padrão inclui sinalização horizontal, vertical e ações de acalmamento de tráfego.

  • Levantamento e ajuste do traçado no quarteirão crítico da Rua Netuno.
  • Remoção da pintura da ciclofaixa junto às guias das residências.
  • Pintura de marcações de ciclorrota e instalação de placas de prioridade ao ciclista.
  • Aplicação de medidas de redução de velocidade, como lombadas e estreitamentos pontuais, se necessário.
  • Reordenação de vagas e orientação aos moradores para entrada e saída de garagens.

Segurança: o que muda ao volante

Em ruas com ciclorrota, o motorista precisa reduzir a velocidade e manter distância lateral segura na ultrapassagem da bicicleta. As abordagens educativas costumam reforçar que, em pista única e estreita, a manobra deve aguardar um ponto livre e visível. O município informou que a atenção dos condutores deve ser redobrada na via.

Fiscalização e convivência no bairro

A mudança de desenho não elimina cuidados básicos. Ciclistas devem sinalizar conversões, manter-se previsíveis no fluxo e usar iluminação noturna. Condutores precisam respeitar a preferência na rotatória, reduzir em cruzamentos e observar a abertura de portas junto ao bordo direito.

Entenda o contexto do traçado

O eixo cicloviário que liga as avenidas Juscelino Kubitschek e Alvino Gomes Teixeira integra um esforço de ampliar a malha de deslocamentos ativos. Ao passar por ruas residenciais, o projeto encontrou restrições físicas e sociais. A retirada pontual na Rua Netuno não significa abandono do modal, mas ajuste tático para acomodar usos.

Orientações úteis para o leitor

Quer antecipar como a ciclorrota vai impactar seu dia? Um exercício simples ajuda. Em horários de pico, simule a saída da garagem considerando velocidade menor da via e a presença de ciclistas no bordo direito. Treine a manobra de sair com o carro alinhado, sem invadir a rota. Para ciclistas, visualize o trajeto e antecipe pontos cegos, como portões e áreas de carga e descarga.

  • Garagem: alinhe o veículo antes de cruzar o bordo; olhe duas vezes para a aproximação de bicicletas.
  • Bicicleta: evite zigue-zague; sinalize com o braço antes de virar.
  • Velocidade: adote ritmo compatível com via local; reduções frequentes protegem todos.

Quando procurar a prefeitura

Buracos na pintura, placas encobertas ou conflitos recorrentes em um ponto específico pedem registro em canais oficiais. Fotografar a ocorrência, informar o horário e descrever o sentido do tráfego aumenta a chance de correção rápida. Em programas de mobilidade, ajustes finos são comuns nos primeiros meses.

O que fica de lição urbana

Projetos cicloviários ganham qualidade quando combinam desenho técnico e escuta do bairro. Laudos como o do CAEX ajudam a objetivar inconformidades e corrigir rotas sem desmontar políticas públicas. Em bairros residenciais, ciclorrotas bem sinalizadas costumam equilibrar necessidades, preservar vagas e manter a bicicleta circulando com segurança.

Para além da Rua Netuno, vale conhecer conceitos que aparecem nesses debates: traffic calming, sinalização de zona 30 e travessias elevadas. São ferramentas que reduzem velocidade, ampliam a previsibilidade e diminuem a gravidade dos acidentes. Quando aplicadas com dados de fluxo e participação dos moradores, tendem a melhorar a coexistência entre carro, bicicleta e pedestre.

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