Moscas, alimentos sem data e cozinha interditada: e se o buffet de 40 anos fosse o seu em Goiânia?

Moscas, alimentos sem data e cozinha interditada: e se o buffet de 40 anos fosse o seu em Goiânia?

Imagens de uma cozinha industrial em más condições acenderam um alerta que atinge qualquer anfitrião de festa. Quando o cardápio vira risco, quem protege sua família?

A interdição de um buffet tradicional de Goiânia expõe fragilidades na cadeia que abastece eventos e repartições públicas. O caso traz perguntas urgentes sobre fiscalização, responsabilidade e o que o consumidor pode verificar antes de contratar.

O que motivou a interdição

Na manhã de terça-feira, 28/10, uma ação conjunta da Polícia Civil e da Vigilância Sanitária Municipal interditou o Dom Mascavo Buffet, no Setor Aeroporto, em Goiânia. Segundo a investigação, a unidade operava desde setembro de 2023 sem alvará sanitário e sem autorização dos órgãos competentes. A produção, segundo os agentes, ocorria em larga escala, com oferta amplamente divulgada nas redes.

Interditado em 28/10: operação da Polícia Civil e da Vigilância Sanitária flagrou produção sem alvará desde 09/2023.

Fiscalização flagra riscos à saúde

Os fiscais registraram um conjunto de falhas consideradas graves para a segurança dos alimentos. As imagens e anotações da inspeção indicam falta de limpeza, presença de pragas e equipamentos com manutenção deficiente. Também houve apontamentos sobre produtos congelados sem identificação adequada e sem data de validade, além de instalações elétricas com risco.

  • Ambiente sujo, com sinais de insalubridade.
  • Insetos e telas de proteção danificadas.
  • Equipamentos enferrujados e fora de padrão.
  • Fiação exposta e possibilidade de incêndio.
  • Itens sem rotulagem ou sem data de validade aparente.
  • Manipulação em condições precárias de higiene.

Sem rastreabilidade e sem data de validade, o alimento perde controle de origem, tempo de prateleira e responsabilidade técnica.

Quem é o estabelecimento e por que o caso preocupa

O Dom Mascavo Buffet é conhecido por atender eventos de alto padrão e por fornecer alimentos a órgãos públicos. A interdição, portanto, atinge não apenas uma cozinha industrial, mas um elo estratégico que abastece festas, cerimônias e contratos institucionais. Serviços dessa natureza exigem fluxo rigoroso de boas práticas, plano de manutenção documentado, controle de pragas e registro de temperaturas em cadeia fria. Quando esses pilares falham, a possibilidade de surtos de doenças transmitidas por alimentos aumenta de forma relevante.

Em ambientes de grande produção, a combinação de alta demanda com lacunas de higiene costuma amplificar riscos. Um lote contaminado pode alcançar centenas de convidados. Produtos sem identificação inviabilizam o recolhimento seletivo e a rastreabilidade. Nesse cenário, o tempo de resposta a um incidente sanitário fica comprometido.

O que diz a polícia e a lei

Após a inspeção, o responsável foi conduzido à Central Geral de Flagrantes. A autoridade lavrou Termo Circunstanciado de Ocorrência pelo artigo 268 do Código Penal, que trata de descumprir determinações do poder público destinadas a prevenir a introdução ou propagação de doenças contagiosas. A Polícia Civil reforça que estabelecimentos irregulares expõem a população a riscos e que as ações continuarão.

Artigo 268 do Código Penal: infringir regras sanitárias pode gerar responsabilização criminal, além de sanções administrativas.

Entenda o alcance das sanções

Base legal Conduta apontada Consequência possível
Art. 268 do CP Descumprir determinação sanitária TCO, responsabilização criminal e processo
Normas sanitárias locais Operar sem alvará e sem boas práticas Interdição, multas e exigências de adequação
Regras de rotulagem Falta de identificação e validade Apreensão e descarte de produtos

O que a empresa afirma

Em nota, o Dom Mascavo Buffet diz atuar há 40 anos, com foco em qualidade e boas práticas. A administração afirma que a fiscalização ocorreu durante a produção de salgados, o que explicaria a presença de insumos e resíduos antes da limpeza programada. Sobre os itens apontados como “vencidos”, a empresa sustenta que se tratavam de produtos recém-preparados, ainda em fase de congelamento.

O buffet afirma que equipamentos mostrados em imagens estavam inoperantes, separados para manutenção ou descarte, e que não integravam o processo naquele momento. A empresa também informa que a unidade funciona como cozinha técnica, sem atendimento direto ao público, e que já cumpre as exigências da Vigilância Sanitária. Uma nova cozinha, segundo a nota, está em construção e segue os requisitos do órgão fiscalizador.

A empresa alega que itens vistos como vencidos estavam em congelamento e que máquinas exibidas não compunham a linha ativa.

Como o consumidor pode se proteger

Antes de fechar um contrato de buffet, é possível adotar algumas verificações simples que reduzem riscos. Exigir documentos e entender a rotina de higiene da cozinha contratada dá mais previsibilidade ao serviço e evita surpresas.

  • Peça o alvará sanitário vigente e a licença de funcionamento.
  • Solicite o manual de boas práticas e o POP de higienização.
  • Pergunte como é feito o controle de pragas e a manutenção preventiva.
  • Verifique registros de temperatura de freezers e geladeiras.
  • Exija nota fiscal, com descrição clara do serviço e do cardápio.
  • Combine cláusulas de remanejamento, cancelamento e reembolso por não conformidade.

Em caso de suspeita de irregularidade, o cidadão pode acionar a Vigilância Sanitária Municipal e registrar reclamação no canal do consumidor de seu estado. Situações com dano à saúde, como intoxicação alimentar, cabem registro na polícia e podem motivar pedido de reparação com base no Código de Defesa do Consumidor, incluindo ressarcimento e eventuais danos materiais comprovados.

Riscos práticos e sinais de alerta

Alimentos manipulados fora de padrão podem causar diarreia, vômito e febre, com maior gravidade para crianças, idosos, gestantes e imunossuprimidos. Cardápios com maionese, laticínios e carnes mal refrigerados elevam o potencial de contaminação. Produtos sem etiqueta e sem data comprometem a rastreabilidade e deixam sem resposta perguntas essenciais: quem produziu, quando, como foi armazenado e por quanto tempo.

Sinal Por que preocupa
Ausência de data/etiqueta Impossibilita rastrear lote e validade
Equipamento enferrujado Favorece contaminação e dificulta limpeza
Insetos e telas danificadas Entrada de pragas e microrganismos
Fiação exposta Risco de incêndio e interrupção da cadeia fria

Para quem organiza eventos, o que muda agora

Ao contratar serviços em Goiânia ou em qualquer cidade, vale solicitar visita técnica à cozinha sempre que possível. Pergunte sobre a origem das matérias-primas, peça certificados de fornecedores e confirme se há responsável técnico registrado. Em contratos públicos, a transparência na verificação de documentos e nas auditorias reduz riscos para servidores e para a população atendida.

Caso o fornecedor seja interditado próximo à data do seu evento, a documentação em dia facilita a substituição do serviço sem prejuízo. Uma solução é incluir no contrato a possibilidade de troca emergencial de fornecedor e a obrigação de repassar integralmente o dossiê sanitário do substituto. Isso dá agilidade na tomada de decisão e evita cancelamentos traumáticos.

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