Nova barreira de 3,6 km no East River promete salvar 110 mil pessoas: você vai confiar nesse parque?

Nova barreira de 3,6 km no East River promete salvar 110 mil pessoas: você vai confiar nesse parque?

Moradores do Lower East Side voltam a caminhar na orla enquanto uma obra gigante muda a relação com o rio.

Trechos do East River Park reabriram com um desenho elevado, pensado para segurar tempestades e dar mais lazer ao bairro. A paisagem ganhou árvores, quadras e novas passarelas, enquanto um centro educativo de energia limpa vira referência de abrigo em apagões.

O que está voltando a funcionar e por que isso importa

O East Side Coastal Resiliency (ESCR) redesenha 3,6 quilômetros da margem do East River. O sistema cria uma sequência de parques elevados, passagens e barreiras que seguram a água durante tempestades e continuam acessíveis nos dias de sol. O conceito, apelidado de “parkipelago”, aproxima a vizinhança do rio sem ignorar o risco de inundação.

US$ 1,45 bilhão investidos para proteger cerca de 110 mil pessoas, do Lower East Side até a East 25th Street.

East River Park elevado: lazer que segura a água

A primeira fase reaberta em 2024 traz o parque com cota média entre 2,4 e 2,7 metros acima da anterior. O aterro controlado cria um platô verde que atua como dique e praça ao mesmo tempo. O conjunto ganhou 600 novas árvores e mais de 21 mil arbustos, gramíneas e perenes que estabilizam o solo, filtram a água e ampliam a biodiversidade.

As mudanças apareceram também no uso: quadras de basquete e tênis renovadas, campo multiuso, áreas de piquenique e churrasco, gramados abertos, espaço de brincadeiras com água, anfiteatro refeito e esplanada ampliada. Duas pontes para pedestres — em Delancey Street e no Corlears Hook Park — facilitam a travessia da FDR e encurtam caminhos do bairro até o rio.

Dados rápidos do parque

Elemento Medida Objetivo
Elevação média 2,4–2,7 m Reduzir inundação por maré de tempestade
Novas árvores 600 já plantadas e ~3.000 previstas no entorno Sombra, conforto térmico e hábitat
Plantio complementar +21 mil espécies Estabilização do solo e absorção de água
Passarelas Delancey St e Corlears Hook Acesso seguro em cota elevada
Infraestrutura rígida ~408 m de muros, portões e taludes Bloqueio de avanço de água
Energia renovável 21 kW com baterias Operação mesmo em apagões

Parque redesenhado como dique verde: lazer diário que vira proteção quando a maré sobe.

Como a defesa funciona no dia da tempestade

O ESCR fica dentro da zona de risco mapeada pela FEMA. Por isso combina elementos: muros de contenção discretos, portões deslizantes, taludes reforçados e a grande plataforma do parque. O conjunto forma uma linha contínua que impede a água de chegar a pontos sensíveis do Lower Manhattan.

O desenho protege uma estação de bombeamento, uma subestação elétrica, escolas e bibliotecas. Em vez de isolar estruturas técnicas, o projeto integra os equipamentos à vida da rua. Praças e caminhos convivem com dispositivos de fechamento que só entram em cena quando a previsão indica impacto.

Solar One: educação, energia e abrigo para o bairro

Na esquina da East 23rd Street com a Avenue C, o Solar One é o novo portal norte do sistema. O edifício de cerca de 595 m², com fachada em madeira certificada, foi projetado para gerar e armazenar energia. Painéis fotovoltaicos cobrem o telhado e alimentam baterias instaladas desde a concepção do projeto. O objetivo é claro: manter serviços básicos em quedas de energia e formar gente para a transição energética.

As salas de aula ficam a 5,8 metros acima do nível do mar. Depósitos no térreo usam painéis metálicos vazados para permitir a passagem da água na cheia. Estrutura metálica leve nos pavimentos superiores reduz o uso de concreto e facilita manutenção. Vidros triplos, seguros para aves, ajudam a diminuir o ruído da FDR e melhoram o conforto durante as aulas.

Primeiro prédio da cidade concebido com fotovoltaico e baterias integrados, com certificação LEED Silver prevista.

Quem faz e o que vem depois

O Departamento de Design e Construção de Nova York coordena a obra com projeto do BIG — Bjarke Ingels Group, MNLA, ONE Architecture & Urbanism e AKRF, além de moradores que participaram das decisões. A reabertura de áreas do East River Park marca um passo do plano inspirado no “BIG U”, de 2014, que redesenha trechos da orla após a tempestade Sandy.

No trecho mais ao sul, outro movimento ganha corpo: o projeto de resiliência do Battery Park City North/West, com SCAPE e Arcadis, conecta defesas até Tribeca. O objetivo é formar uma borda contínua e preparada para eventos climáticos, com entrega por etapas até 2025.

Para você, morador, o que muda no dia a dia

  • Mais áreas sombreadas e gramados para descanso, esporte e encontros.
  • Acesso mais direto ao rio por novas passarelas em cota segura.
  • Parque que funciona como barreira sem muros altos visíveis.
  • Espaço educativo capaz de apoiar a vizinhança durante apagões.
  • Redução de risco para escolas e serviços públicos próximos.

O que está por trás do “parkipelago”

O termo combina parque e arquipélago para explicar a lógica: em vez de um único muro linear, várias “ilhas” verdes elevadas costuram trechos distintos. Cada ilha abriga usos do bairro — anfiteatro, quadras, áreas infantis — e, ao mesmo tempo, forma parte da defesa. Essa estratégia diversifica as soluções e evita pontos de falha concentrados.

Como acompanhar e avaliar o desempenho

Eventos de maré de tempestade costumam vir com chuva intensa e pressão de vento. Nesses dias, a operação fecha portões e ativa bombas conforme necessário. Na volta do tempo firme, áreas reabrem sem grandes interrupções, já que o pavimento poroso e os jardins aceleram a drenagem.

Uma forma simples de percepção do desempenho é observar a cota das novas passarelas e do anfiteatro reformado em dias de maré alta. Essas referências mostram como o parque passou a conviver com o nível do rio em condição elevada, reduzindo alagamentos em ruas internas.

Informações complementares úteis

Zona de risco FEMA: mapeamento federal que identifica áreas com probabilidade de alagamento. O ESCR atua sobre esse recorte, priorizando pontos críticos e mantendo continuidade entre trechos públicos e técnicos.

Manutenção preventiva: jardins e gramados funcionam como infraestrutura. Podas, substituição de espécies e inspeção de ralos garantem permeabilidade. Em geral, cada árvore nova precisa de irrigação monitorada nos primeiros verões para atingir copa eficaz de sombreamento.

Risco e benefício: elevar o parque reduz danos por eventos extremos e traz conforto térmico diário. Em compensação, a obra exige coordenação com redes enterradas e acompanhamento de assentamento do solo. A escolha por estruturas metálicas leves e uso mínimo de concreto em áreas inundáveis facilita ajustes ao longo do tempo.

Atividades conectadas: o Solar One amplia cursos para escolas públicas, treinamentos de energia solar e eventos comunitários. Em dias de crise elétrica, o sistema de 21 kW com baterias ajuda a manter iluminação, recarga e comunicação até a rede voltar.

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