Barulhos altos da geladeira no silêncio da madrugada assustam, tiram o sono e acendem a pergunta: isso é normal ou um pedido de socorro do aparelho?
A cozinha está apagada, a rua dorme, o relógio marca 2h17. A luz interna se acende quando alguém abre a porta para beber água, e aí ele começa: um estalo seco, um zumbido que cresce, um gorgolejo atrás do painel como se um pequeno rio corresse dentro da parede. Depois, um “clac” que parece vir do fundo do armário, e algum objeto vibra na prateleira. Quem mora em prédio sabe: o som se espalha, ecoa, parece maior do que é. O silêncio amplifica tudo. Às vezes surge até um “tum” surdo, como se algo soltasse e voltasse ao lugar. A cena se repete em casas, quitinetes, cozinhas gourmet. Todo mundo já viveu aquele momento em que você para no meio da noite e se pergunta se a geladeira está prestes a quebrar. Ou é um aviso?
Por que a geladeira fica mais barulhenta à noite?
À noite, a casa esfria e o ambiente fica quieto. Plásticos e metais da geladeira dilatam e contraem, e esses micro-movimentos viram estalos audíveis. O compressor liga com mais presença, ventiladores mudam de rotação, e o fluido refrigerante faz um leve gorgolejo ao circular. Quando nada mais compete com esses sons, o cérebro dá zoom neles.
Muita gente nota “pancadas” ritmadas depois da meia-noite. Não é lenda urbana: vários modelos programam ciclos de degelo automático fora do horário de uso. O gelo solta das serpentinas e cai no dreno com um “toc” discreto que, num apartamento silencioso, parece tambor. Já vi cozinha onde a travessa de inox encostando na parede vibrava a cada partida do compressor — e a “batucada” vinha da prateleira, não da geladeira.
Existem assinaturas de som. Estalos e “pops” costumam ser dilatação de materiais. Zumbido contínuo tende a ser o compressor em operação. Clique único é relé ligando ou desligando. Gorgolejo lembra o fluido passando pelos capilares. Assobio baixo indica ventilador mudando de velocidade. Pancada isolada pode ser gelo caindo no dreno, ou o fabricador de gelo completando ciclo. Vibração que percorre o chão aponta para nivelamento imperfeito ou pés desgastados.
Como identificar e reduzir os ruídos sem gastar muito
Comece pelo básico: nivelamento. Coloque um copo com água sobre a geladeira, abra um app de nível no celular e ajuste os pés até o líquido ficar calmo. Afaste o gabinete 5 a 10 cm da parede para o ar circular. Trave prateleiras internas e tire embalagens que encostam na parede do fundo. Uma base de borracha simples embaixo dos pés corta a vibração que anda pelo piso.
Dê um carinho nas serpentinas e grelhas traseiras com pincel macio e aspirador. Poeira acumula calor e obriga o compressor a trabalhar mais alto. Se a hélice do freezer raspou gelo, desligue por 30 minutos, porta aberta, e volte a ligar. Não lote a geladeira; deixe espaço entre os potes para o ar. Ajuste temperatura para algo em torno de 4 °C no refrigerador e -18 °C no freezer. Sejamos honestos: ninguém faz isso todo dia. Vale um lembrete mensal no celular.
Se o barulho continuar, observe “o quê, quando e onde”. Anote horários, tipo de som e se vibra chão ou armário. Isso dá pistas claras ao técnico.
“Ruído sozinho não é diagnóstico. O contexto — tempo de uso, temperatura do ambiente, ponto de origem — é o que separa o normal do defeito.” — Eduardo, técnico de refrigeração
- Quando ligar para assistência: cliques repetidos a cada poucos segundos por minutos seguidos
- Cheiro de queimado ou calor extremo nas laterais
- Chiado agudo ou rangido de hélice constante
- Vazamento de água no piso sem degelo manual recente
- Barulho metálico de “moagem” que cresce rapidamente
E se o barulho continuar?
Se depois dos ajustes a sinfonia noturna não baixa, vale uma escuta atenta por um ou dois dias. Tente identificar se o som vem da parte traseira baixa (compressor e bandeja d’água), do freezer (ventilador, gelo) ou da parte superior (dutos de ar). Desligue por cinco minutos e religue: observe se o padrão muda. Marcas e modelos com motor inverter tendem a “sussurrar” mais que “rugir”, rodando contínuo em baixa, então qualquer chiado agudo vira sinal amarelo. Em casas com tubulação de água ligada ao fabricador de gelo, pancadas podem ser “golpe de aríete” na rede — um amortecedor simples no tubo resolve. E tem o fator psicológico: perceber o que é esperado acalma a cabeça e melhora o sono. A geladeira não é um intruso na madrugada. É parte do corpo da casa, e às vezes só está dizendo que está viva.
| Ponto Chave | Detalhe | Interesse do leitor |
|---|---|---|
| Ruídos normais | Estalos, gorgolejo, clique único e zumbido contínuo | Tranquilidade para não chamar assistência à toa |
| Correções simples | Nivelar pés, afastar da parede, limpar serpentinas, base antivibração | Economia e silêncio rápido |
| Sinais de alerta | Cliques incessantes, cheiro de queimado, rangido de hélice, vazamentos | Agir na hora certa e evitar prejuízo maior |
FAQ :
- Minha geladeira faz estalos à noite. É defeito?Geralmente não. São contrações de plástico e metal com variações de temperatura e ciclos de degelo.
- Qual barulho realmente preocupa?Cliques repetidos sem parar, chiado agudo constante, “moagem” metálica ou aquecimento anormal nas laterais.
- Ouço água correndo. É vazamento?Na maioria dos casos é o fluido refrigerante ou água do degelo indo para a bandeja. Vazamento suspeito deixa poça no chão.
- Por que só faz barulho à noite?O ambiente silencioso aumenta a percepção e alguns modelos rodam degelo fora do horário de uso.
- Modelos inverter são mais silenciosos?Sim, costumam manter rotação baixa contínua. Ainda assim podem estalar no degelo e vibrar se estiverem desnivelados.


