Uma manhã aparentemente comum virou motivo de apreensão na Zona Sul de São Paulo. Pais e professores correram atrás de respostas. Os sinais começaram discretos.
Com sonolência fora do padrão, um grupo de estudantes chamou a atenção dentro de uma escola estadual no Ipiranga. A equipe acionou o resgate e a rotina foi interrompida por sirenes, protocolos e muitas perguntas.
O que aconteceu
Seis adolescentes, com idades de 12 a 15 anos, passaram mal dentro do prédio escolar após ingerirem clonazepam do lado de fora. O Corpo de Bombeiros atendeu a ocorrência na manhã desta quarta-feira, 6 de novembro, e relatou sonolência acentuada em parte do grupo.
Seis estudantes relataram ter tomado dois comprimidos cada um antes de entrar na escola; dois apresentaram sonolência mais intensa.
A equipe de saúde aplicou antídotos no local e encaminhou os jovens a unidades de referência na região. Três meninos e três meninas compõem o grupo. Nenhum desmaiou durante o atendimento, segundo os socorristas.
Estado de saúde e medidas imediatas
Os profissionais estabilizaram os estudantes ainda na escola e seguiram com transporte assistido. A Secretaria Estadual da Educação comunicou as famílias, que acompanham os atendimentos. A pasta também informou que o caso será registrado em boletim de ocorrência e que o programa Conviva SP acompanha a situação com suporte psicossocial.
Famílias foram avisadas, os estudantes seguem em observação e a rede acionou protocolos de acolhimento.
O que se sabe até agora
- Número de afetados: 6 estudantes, três meninos e três meninas.
- Faixa etária: 12 a 15 anos.
- Local: escola estadual na região do Ipiranga, Zona Sul de São Paulo.
- Substância: clonazepam, medicamento de uso controlado.
- Sintomas: sonolência; dois casos mais intensos e quatro leves.
- Atendimento: aplicação de antídotos e encaminhamento a unidades de saúde.
- Providências: comunicação às famílias, registro de boletim de ocorrência e acompanhamento do Conviva SP.
Clonazepam: para que serve e por que exige cuidado
Clonazepam é um benzodiazepínico. Médicos prescrevem esse fármaco para crises convulsivas, transtornos de ansiedade e distúrbios do sono. O uso exige receita especial, controle rígido e orientação profissional. A substância deprime o sistema nervoso central, reduz a atividade cerebral e induz relaxamento e sonolência.
Em excesso, ou sem indicação, o risco aumenta. Pode ocorrer confusão, perda de coordenação, fala arrastada e queda da pressão. A associação com álcool, opioides ou outros sedativos eleva o perigo de depressão respiratória. Por isso, o manuseio fora de contexto médico representa ameaça real à saúde de adolescentes.
Medicamentos de tarja preta não devem circular entre colegas. Compartilhamento e uso sem orientação podem terminar em emergência.
Antídotos e protocolos de emergência
Em quadros de sedação por benzodiazepínicos, equipes priorizam suporte clínico, monitorização e oxigênio quando necessário. Profissionais podem lançar mão de antagonistas específicos, como o flumazenil, em cenários selecionados e com cautela. Cada decisão depende da avaliação do risco de convulsões, de misturas com outras substâncias e do histórico do paciente. O objetivo é reverter a sedação com segurança.
Dados do atendimento
| Aspecto | Informação |
|---|---|
| Número de estudantes | 6 |
| Sintomas intensos | 2 com sonolência acentuada |
| Sintomas leves | 4 com sonolência e sinais leves |
| Desmaios | Não houve |
| Gênero | 3 meninos e 3 meninas |
| Destino | Unidades de saúde na região |
Como as escolas podem agir
Protocolos treinados salvam tempo. Funcionários precisam reconhecer sonolência fora do padrão, fala pastosa e alteração de equilíbrio. A escola deve isolar o estudante, acionar imediatamente o 193 ou o SAMU, informar responsáveis e registrar os fatos com horário, sintomas e relatos dos jovens. Equipes pedagógicas podem acionar o Conviva SP para acolhimento e prevenção.
Prevenção no ambiente escolar
Conversas claras reduzem riscos. Reuniões com famílias, rodas de conversa orientadas e campanhas sobre o uso seguro de fármacos ajudam a cortar a curiosidade perigosa. Guardar medicamentos pessoais na coordenação, e não nas mochilas, diminui a chance de compartilhamento. Programas de saúde escolar podem inserir temas como automedicação e interações perigosas.
Orientações práticas para pais e responsáveis
O diálogo direto costuma funcionar melhor do que a proibição seca. Pais podem abordar o assunto com perguntas abertas, sem julgamento, e explicar por que medicamentos controlados exigem prescrição e dosagem individual.
- Guarde tarja preta em local trancado e fora da vista.
- Conferir semanalmente frascos e comprimidos evita desvios sem perceber.
- Fale sobre efeitos colaterais reais: sonolência, confusão e risco de quedas.
- Alerta sobre misturas com álcool e outras substâncias reduz danos.
- Mostre que pedir ajuda cedo evita complicações e não gera punição automática.
Quando procurar ajuda
Procure atendimento se houver sonolência intensa, dificuldade para acordar, respiração lenta, fala arrastada ou perda de coordenação. Em situações agudas, acione o 193 ou o 192. Leve informações sobre o que foi ingerido, horários e quantidades estimadas. Isso acelera decisões clínicas.
Contexto legal e responsabilidade
Medicamentos como o clonazepam são de tarja preta e exigem receita de controle especial. A legislação da Anvisa prevê rastreabilidade e guarda responsável. Venda sem receita configura infração. Dentro da escola, gestores devem registrar ocorrências, preservar evidências e comunicar órgãos competentes quando há risco coletivo.
Educação para o uso seguro de medicamentos
Projetos de vida e saúde na adolescência podem incluir oficinas sobre leitura de rótulos, diferença entre analgésicos comuns e controlados e noções de primeiro socorro. Simulações guiadas, sem dramatização, treinam estudantes para identificar sinais de alerta e buscar ajuda rapidamente.
O episódio no Ipiranga serve de alerta concreto para a comunidade escolar. A soma de informação acessível, protocolos bem treinados e canais de diálogo reduz a chance de novos casos. Pais, professores e estudantes, juntos, conseguem criar barreiras eficazes contra o uso indevido de medicamentos controlados.


