Novos recursos federais prometem mexer com o dia a dia de quem depende do SUS no Pará, da capital ao interior.
O Governo do Pará saiu de uma rodada de negociações em Brasília com dinheiro novo carimbado para a rede estadual. São R$ 240 milhões que entram no Teto MAC e alimentam, entre 2025 e 2026, cirurgias, exames e tratamentos de alta complexidade. A agenda também libera ambulanchas para regiões ribeirinhas e reforça a oncologia com equipamentos modernos.
O que foi anunciado
R$ 240 milhões para expandir média e alta complexidade
O Ministério da Saúde confirmou a incorporação de R$ 240 milhões ao Teto de Média e Alta Complexidade do Pará. O dinheiro começa a entrar a partir de novembro de 2025 e sustenta a rede em 2026, com foco no custeio das unidades estaduais e na ampliação da oferta especializada.
R$ 240 milhões passam a compor o Teto MAC do Pará a partir de novembro de 2025, com execução contínua até 2026.
O reforço financeiro prioriza a expansão de procedimentos como cirurgias eletivas, exames diagnósticos e terapias de precisão, incluindo braquiterapia. A Sespa projeta qualificar serviços já existentes e habilitar novos pontos de atenção, com metas de reduzir filas e encurtar prazos de atendimento.
Ambulanchas para chegar onde a estrada não chega
A estratégia inclui mobilidade em áreas isoladas. O pacote prevê 20 ambulanchas para transporte e urgência em comunidades ribeirinhas: 18 destinadas ao Marajó e duas destinadas às regiões do Xingu e Tapajós. Esse reforço encurta o tempo entre a ocorrência e o atendimento, sobretudo em emergências clínicas, acidentes e remoções obstétricas.
20 ambulanchas vão encurtar trajetos críticos na Amazônia: 18 para o Marajó e 2 para Xingu e Tapajós.
- Atendimento mais rápido em áreas ribeirinhas e ilhas.
- Reforço ao SAMU e às portas de urgência locais.
- Integração com hospitais de referência para remoções seguras.
Oncologia com tecnologia e novos leitos de tratamento
A rede oncológica recebe um salto tecnológico. O Hospital Ophir Loyola ganhará um PET-Scan, equipamento que melhora a precisão no diagnóstico e no estadiamento do câncer. A braquiterapia será implantada nos hospitais de Castanhal e Barros Barreto, ampliando o acesso a um tratamento que concentra a radiação no tumor e poupa tecidos saudáveis.
Em Castanhal, a conclusão do acelerador linear destrava a radioterapia local. Três novos aceleradores lineares entram em operação no escopo do PERSUS 2, beneficiando o próprio Ophir Loyola, o Hospital Regional de Santarém e o Hospital Universitário Barros Barreto, em parceria com a EBSERH. No Ophir Loyola, a Unidade de Atendimento Imediato em Oncologia passará por reforma e qualificação para absorver a nova demanda.
Três aceleradores lineares do PERSUS 2 vão atender Belém e Santarém, em cooperação com a EBSERH.
Quem esteve na mesa e por quê
A secretária de Saúde do Pará, Ivete Gadelha Vaz, e o secretário adjunto de Gestão Administrativa, Edney Pereira, participaram da reunião com a equipe do Ministério da Saúde. O encontro foi conduzido por Mozart Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde. O objetivo: alinhar reforços para redes estaduais na Amazônia Legal e assegurar que a política federal considere as distâncias, a logística fluvial e a complexidade da região.
Segundo a gestão estadual, a articulação com o Conass e a agenda permanente com o Ministério abriram caminho para destravar habilitações, credenciamentos e custeios que sustentam a expansão planejada.
O que muda para o paciente
- Filas menores para cirurgias eletivas e exames de imagem.
- Diagnóstico oncológico mais rápido com PET-Scan em Belém.
- Tratamentos de radioterapia e braquiterapia mais próximos de casa.
- Transporte sanitário fluvial que reduz tempo de resposta em emergências ribeirinhas.
- Custeio reforçado para manter equipes e insumos nas unidades estaduais.
Onde cada investimento vai aparecer
| Frente | Local/abrangência | Detalhe |
|---|---|---|
| Teto MAC | Rede estadual | R$ 240 milhões para 2025–2026, foco em média e alta complexidade |
| Ambulanchas | Marajó (18), Xingu e Tapajós (2) | Transporte e urgência fluvial para áreas ribeirinhas |
| PET-Scan | Hospital Ophir Loyola | Diagnóstico e estadiamento oncológico com alta precisão |
| Braquiterapia | Castanhal e Barros Barreto | Terapia com radiação interna focada no tumor |
| Acelerador linear | Castanhal | Conclusão do equipamento para radioterapia |
| PERSUS 2 | Ophir Loyola, Regional de Santarém, HU Barros Barreto | Três novos aceleradores lineares em parceria com a EBSERH |
| UAI em Oncologia | Ophir Loyola | Reforma e qualificação do atendimento imediato |
Prazos e próximos passos
O recurso entra no fluxo financeiro a partir de novembro de 2025. A execução se estende por 2026, permitindo planejamento de médio prazo. A Sespa deve conduzir habilitações e credenciamentos junto ao Ministério da Saúde, publicar editais e contratar serviços para transformar o dinheiro em atendimento. A rede precisa ajustar escalas, ampliar horários de centros cirúrgicos e calibrar fluxos de referência para absorver a nova oferta sem gargalos.
No caso das ambulanchas, o impacto depende da logística local: definição de rotas, bases de atracação, tripulações treinadas e protocolos de regulação para remoções seguras. Na oncologia, cronogramas de instalação e validação de equipamentos exigem equipe técnica, sala adequada, blindagem, licenças e calibração antes da abertura ao público.
Contexto da Amazônia Legal
O desenho dos investimentos atende características da região. Longas distâncias, sazonalidade dos rios e municípios com baixa densidade populacional pedem soluções sob medida. A combinação entre custeio, mobilidade fluvial e tecnologia de ponta reduz desigualdades no acesso e evita viagens longas para Belém quando a solução pode estar mais perto, como em Castanhal e Santarém.
Com rede mais capilar e diagnósticos mais rápidos, o paciente tende a iniciar tratamento antes e com maior chance de sucesso.
Entenda os termos e por que eles importam
Teto MAC
É o limite financeiro federal repassado mensalmente para custear serviços de média e alta complexidade no SUS, como UTIs, cirurgias e terapias especializadas. Ao entrar no Teto, o recurso ganha previsibilidade e sustenta a operação contínua das unidades.
PET-Scan
Exame que combina tomografia e emissão de pósitrons para mapear o metabolismo de tecidos. Na oncologia, ajuda a localizar tumores ativos e a avaliar a resposta ao tratamento com maior assertividade.
Braquiterapia
Radioterapia interna em que a fonte radioativa fica próxima ao tumor por tempo controlado. A técnica poupa tecidos vizinhos e permite doses mais altas diretamente na lesão.
PERSUS 2 e EBSERH
O PERSUS 2 é um programa federal de fortalecimento de serviços estratégicos no SUS. A EBSERH administra hospitais universitários federais e atua em cooperação para ampliar a capacidade de atendimento e ensino, como no HU Barros Barreto.
Como o cidadão pode se preparar
Quem aguarda cirurgias ou exames deve manter cadastro atualizado nas unidades de referência e acompanhar as chamadas da regulação municipal ou estadual. Com a entrada de novos equipamentos, a rede costuma revisitar filas priorizando casos graves e pacientes com risco de progressão da doença.
Moradores de áreas ribeirinhas podem consultar a secretaria municipal de saúde sobre rotas e pontos de apoio das ambulanchas. Em emergências, a regulação local orienta o melhor fluxo de remoção, considerando marés, distância e porte do hospital de destino.


