Entre Juiz de Fora e Rio, a vida na estrada muda de ritmo e de custo, com promessas de alívio a frequentes.
A cobrança de novas tarifas nas praças da BR-040 entre Juiz de Fora e o Rio de Janeiro começa nesta terça-feira (4). A ANTT autorizou o valor de R$ 21 como teto, sob gestão da nova concessionária Elovias. Esse preço pode cair com descontos progressivos para quem usa TAG e trafega com frequência, além da isenção para motocicletas.
O que muda para quem passa pela BR-040
O valor de referência aprovado é de R$ 21 por praça. Ele funciona como tarifa máxima. A partir dele, entram reduções que variam conforme o perfil do veículo e a frequência de uso. A Elovias afirma que o desconto para quem utiliza TAG é de 5% e se soma ao benefício de usuário frequente (DUF), aplicado a cada nova passagem dentro do mesmo mês.
O DUF vale para veículos das categorias 1, 3 e 5, o que abrange automóveis e caminhonetes. A lógica é simples: cada vez que o motorista passa pela mesma praça, no mesmo sentido, a tarifa cai um pouco em relação à cobrada na viagem anterior. O abatimento progride até a 30ª viagem no mês. A partir da 31ª, entra a tarifa mínima, válida para as passagens extras daquele período.
Com TAG, o desconto de 5% se acumula com o DUF. A redução total pode se aproximar de 50% do teto.
Motociclistas continuam isentos em todas as praças do trecho administrado.
Quem tem desconto garantido
- Todos os usuários com TAG ativa: 5% a menos sobre o valor da praça.
- Automóveis e caminhonetes (categorias 1, 3 e 5) com TAG: desconto progressivo adicional via DUF.
- Usuários muito frequentes: atingem a tarifa mínima a partir da 31ª passagem no mês.
- Motociclistas: isentos de pagamento.
Como funciona o desconto progressivo por praça
O contrato de concessão define um Percentual de Desconto Unitário (PDU) para cada praça. Esse percentual é aplicado sobre a tarifa da viagem anterior, gerando queda contínua ao longo do mês. Os PDUs são diferentes, o que significa velocidade de redução distinta em cada local.
| Praça | PDU aplicável |
|---|---|
| Xerém | 0,78% por passagem |
| Areal | 2,91% por passagem |
| Simão Pereira / Comendador Levy Gasparian | 2,23% por passagem |
Simulação rápida para o usuário com TAG
A título ilustrativo, considere um automóvel com TAG passando na praça de Areal. O teto é R$ 21. Na primeira viagem do mês, o desconto de 5% leva o valor a R$ 19,95. O PDU local é de 2,91% por passagem. Aplicando esse abatimento composto sobre cada nova cobrança:
- 1ª passagem: R$ 19,95 (com TAG)
- 5ª passagem: cerca de R$ 17,73
- 10ª passagem: cerca de R$ 15,30
- 30ª passagem: valor estimado abaixo de R$ 10, sujeito à tarifa mínima do contrato
Os números acima são aproximações e servem apenas para mostrar a dinâmica de queda. O contrato já antecipa um intervalo de redução acumulada que, a depender da praça e do número de dias de uso, varia de 19,5% a 46%, sem contar os 5% da TAG. O valor mínimo a partir da 31ª passagem pode ajustar esse resultado.
Aumento do teto e o impacto no bolso
O teto passou de R$ 14,50 para R$ 21, variação próxima de 45%. Para quem raramente utiliza a rodovia, o novo valor pesa. Já para quem viaja com frequência e adota TAG, a combinação de abatimentos dilui o efeito. Em perfis de uso intensivo, o ganho chega perto da metade do valor de referência, o que equaliza, em parte, o salto inicial do teto.
Estratégias para reduzir gastos
- Ativar uma TAG compatível com as praças do trecho.
- Concentrar deslocamentos pela mesma praça e no mesmo sentido no mês, para capturar o DUF.
- Verificar a categoria do veículo e manter cadastro atualizado, evitando cobranças indevidas.
- Empresas: formalizar política de reembolso para motoristas que rodam no trecho.
Moradores reagem: rotina alterada e custos no comércio
Em Simão Pereira, moradores organizaram atos pacíficos contra a tarifa do trecho local. Relatos apontam que trajetos diários para trabalhar em Juiz de Fora se tornaram onerosos, o que empurrou pessoas a buscar alternativas de renda dentro do município. Comerciantes que dependem de insumos frescos relatam viagens quase diárias para abastecimento, pressionando margens com o novo teto.
Rotas alternativas existem, mas são descritas como estreitas, sem acostamento adequado e com registros de insegurança. Para quem mora em cidades pequenas, o pedágio ganhou contornos de fronteira econômica. O fluxo de consumo e de serviços tende a se retrair quando a circulação encarece, efeito que não se restringe ao comércio de alimentos.
Para parte dos moradores, o pedágio virou um “portão” que filtra oportunidades de trabalho, estudo e compras nas cidades vizinhas.
Troca de praça no horizonte
O contrato prevê a transferência da praça localizada no km 816, em Simão Pereira, para Comendador Levy Gasparian. A mudança depende de aprovação do Poder Concedente. Caso ocorra, o redesenho pode alterar a distribuição de custos entre moradores e quem apenas cruza o trecho, o que tende a reabrir o debate sobre justiça tarifária e mobilidade regional.
Mais contexto para decidir seu trajeto
O DUF funciona melhor quando o motorista repete a mesma rotina de deslocamento, mês a mês. Quem viaja de forma esparsa sente menos a proteção do mecanismo. Já quem faz bate-volta frequente costuma alcançar a tarifa mínima após a 30ª passagem, desde que sempre cruze a mesma praça e no mesmo sentido.
Para quem nunca usou TAG, a adesão é simples. O mercado oferece opções com mensalidade e sem mensalidade, com cobrança por uso. Compare taxas de adesão, taxa de recarga e custo por transação. Cheque a interoperabilidade na BR-040, prazos de crédito após recarga e a facilidade de contestar cobranças. Famílias com dois carros podem avaliar o impacto combinado no orçamento mensal e decidir quais veículos devem priorizar o trajeto frequente para aproveitar o DUF.
Exemplo de planejamento mensal
Suponha um motorista que cruza Areal 20 dias por mês, uma ida e uma volta (40 passagens). Com TAG, as 30 primeiras sofrem reduções sucessivas e, a partir da 31ª, incide a tarifa mínima pelas 10 restantes. Essa configuração dilui fortemente a média paga por passagem no mês. O resultado depende do PDU, do teto vigente e da tarifa mínima estipulada em contrato. Anotar as datas e conferir os extratos ajuda a confirmar se a sequência de descontos está correta.
Transportadores que operam entre Juiz de Fora e a capital fluminense podem recalcular fretes incorporando a curva decrescente do DUF. Em viagens menos frequentes, a nova tarifa pressiona custos na largada. Em rotinas intensas, a progressão tende a compensar parte do salto inicial. Para quem depende da rodovia para estudar, trabalhar ou abastecer o negócio, a TAG e a frequência viram ferramentas de gestão de gastos, não apenas um meio de passar mais rápido na cancela.


