Comerciantes, pais de alunos e quem depende da Mogi-Dutra para trabalhar vivem dias de incerteza. A estrada terá cobrança eletrônica e uma antiga obra volta ao centro da discussão pública.
O recuo de uma liminar que travava a tarifa reacendeu pressões locais. A previsão de início em novembro acelerou a corrida por informações sobre valores, descontos e prazos para a duplicação de um trecho-chave próximo à Dutra.
O que muda com a decisão judicial
Com a derrubada da liminar no Tribunal de Justiça de São Paulo, a cobrança no sistema free flow na SP-88 deixou de ter um obstáculo imediato. A Prefeitura de Mogi das Cruzes anunciou que vai recorrer, mas os pórticos já estão instalados e a Secretaria de Parcerias e Investimentos do Estado de São Paulo indica o início para novembro.
Free flow na SP-88: início previsto para novembro, com leitura de placa ou tag e sem praças de pedágio.
Os equipamentos ficam no km 38, no sentido Mogi das Cruzes (pórtico P2 norte), e no km 40, no sentido Arujá (pórtico P2 sul). Na região, a SP-98 (Mogi-Bertioga) também entra no pacote, com pórtico programado para o km 92, em Bertioga.
Quem paga e quanto
O valor exato da tarifa será divulgado pela concessionária. Moradores que cruzam o trecho várias vezes por dia já fazem contas. Projeções de usuários frequentes indicam desembolso aproximado de R$ 27 por dia em deslocamentos de ida e volta, o que pressiona o orçamento familiar e o caixa de pequenos negócios.
- Motos: isenção de tarifa prevista em contrato.
- Tag: desconto de 5% garantido; para usuários frequentes, o benefício pode chegar a até 20%.
- Moradores no entorno: quem tem origem ou destino na Estrada da Pedreira e cruza o pórtico P2 terá 70% de abatimento.
- Cobrança por trecho percorrido: o sistema calcula o uso efetivo da SP-88, sem cabine ou cancelas.
Descontos progressivos e isenção para motos aliviam parte do custo, mas a tarifa final ainda não foi informada.
A duplicação que não saiu do papel
O ponto mais sensível do debate é a duplicação de 1,3 km no acesso à BR-116 (Presidente Dutra). Em 2020, o antigo gestor da via informou que o segmento ficou de fora por falta de áreas desapropriadas. A concessão atual prevê a obra para 2027, promessa que reacende a expectativa — e a cobrança — de quem enfrenta gargalos no dia a dia.
Kilômetros críticos e gargalo
Entre os kms 32 e 33, no eixo Mogi das Cruzes–Arujá, a pista afunila e a fluidez cai. Motoristas relatam reduções bruscas de velocidade, especialmente nos horários de pico. O entorno reúne bairros residenciais, polos logísticos e saídas para corredores estaduais, o que amplia os efeitos de qualquer retenção.
A duplicação prevista para 2027 virou moeda de confiança: sem obra, o gargalo persiste; com ela, espera-se ganho de segurança e tempo.
Para além do fluxo, a duplicação melhora margens de segurança em ultrapassagens e reduz conflitos em acessos locais. O cronograma, porém, precisa sair do papel com previsibilidade, sob pena de a cobrança começar antes do alívio prometido na infraestrutura.
Como vai funcionar o free flow
O modelo utiliza pórticos com sensores e câmeras para identificar a passagem por tag ou placa. O sistema registra o trânsito do veículo e gera a cobrança correspondente ao trecho. Sem cabines, a viagem não exige redução para pagar, o que diminui filas e emissões em paradas.
Pagamento e riscos de inadimplência
Quem usa tag receberá o desconto e será debitado automaticamente. No reconhecimento por placa, a quitação costuma ser realizada por meios digitais indicados pela concessionária, com prazos e instruções. Ignorar o pagamento pode gerar encargos e autuações administrativas associadas ao não cumprimento das regras de uso da rodovia concedida.
| Cenário de uso | Passagens/dia | Estimativa diária | Estimativa mensal (22 dias) |
|---|---|---|---|
| Com tag e 5% de desconto | 2 | ≈ R$ 25,65 | ≈ R$ 564,30 |
| Usuário frequente (até 20% off) | 2 | ≈ R$ 21,60 | ≈ R$ 475,20 |
| Sem tag (referência de R$ 27/dia) | 2 | R$ 27,00 | R$ 594,00 |
Os valores acima são simulações com base em estimativas de usuários e percentuais de desconto informados no contrato. O preço oficial por passagem ainda depende de divulgação da concessionária.
Reações locais e próximos passos
Moradores e trabalhadores da região reiteram pedidos de isenção ampla, especialmente para quem cruza o trecho várias vezes ao dia. Autoridades municipais sustentam que a tarifa onera a economia local e reforçam a disputa jurídica. Já o governo estadual afirma que a concessão do Lote Litoral Paulista passou por audiências e consulta pública.
O que você pode fazer agora
- Avaliar a adesão a uma tag para garantir o desconto básico e facilitar o pagamento.
- Checar se sua origem ou destino fica na Estrada da Pedreira para uso do desconto de 70% no P2.
- Planejar horários para evitar picos entre os kms 32 e 33 enquanto a duplicação não chega.
- Organizar caronas ou consolidar viagens para reduzir passagens diárias.
- Monitorar os canais oficiais da concessionária para tarifas, prazos e regras do usuário frequente.
Por que a discussão sobre 2027 mexe com tanta gente
A promessa de entrega da duplicação em 2027 tornou-se a régua pela qual muitos pretendem medir o equilíbrio da concessão. Se a obra avançar no ritmo esperado, o usuário recebe uma contrapartida clara da nova arrecadação. Caso o cronograma derrape, cresce o risco de desgaste, tanto político quanto financeiro, entre quem paga a conta e quem administra o contrato.
Do ponto de vista econômico, um trajeto diário de R$ 27 pode somar mais de R$ 600 no fim do mês. Para autônomos e entregadores, o impacto multiplica. Nesse cenário, descontos progressivos e regras de usuário frequente passam de detalhe técnico a ferramenta de alívio real para o bolso.
Informações úteis para acompanhar
- Tarifa: será publicada pela concessionária antes do início da cobrança.
- Pórticos: km 38 (sentido Mogi) e km 40 (sentido Arujá) na SP-88; km 92 na SP-98.
- Benefícios: isenção para motos; 5% com tag; até 20% para usuários frequentes; 70% para quem circula na Estrada da Pedreira ao cruzar o P2.
- Obra: duplicação do segmento de 1,3 km prevista para 2027.
Para o usuário que deseja antecipar cenários, vale simular rotas considerando o custo por passagem, o número de viagens no mês e os descontos possíveis. Pequenas mudanças — como ajustar paradas para reduzir múltiplas travessias diárias do pórtico — podem resultar em economia relevante. Em paralelo, acompanhar cronogramas da duplicação ajuda a entender quando o ganho de tempo e segurança pode compensar parte da nova despesa.


