Ping Yang em São Paulo: você já provou 5 pratos por casal e um curry de pato por R$ 128? no Jardins

Ping Yang em São Paulo: você já provou 5 pratos por casal e um curry de pato por R$ 128? no Jardins

Em São Paulo, o aroma da wok, ervas frescas e pimentas em brasa fazem muitos paulistanos repensarem a cozinha tailandesa.

No bairro dos Jardins, o Ping Yang, liderado por Maurício Santi após anos de imersão na Tailândia, propõe uma leitura autoral e precisa da culinária do país, com ingredientes brasileiros e técnica meticulosa. A experiência gira em torno da partilha: não há ordem rígida, e a própria casa sugere quatro a cinco pratos por casal.

Equilíbrio à moda tailandesa

A gastronomia tailandesa trabalha contrastes de forma calculada. Doce, salgado, ácido, amargo e umami se ajustam em cada mordida. Textura não é detalhe; ela determina o impacto do prato. No Ping Yang, esse raciocínio aparece em preparos que valorizam crueza controlada, frescor de ervas e finalização atenta, herança de barraquinhas de rua reinterpretada para a exigência paulistana.

Não basta replicar a receita. O sabor nasce do contexto: técnica, ingrediente, clima e a maneira de servir.

Maurício Santi levou esse entendimento ao limite ao viver na Tailândia e observar os porquês por trás de cada gesto. De volta a São Paulo, ele ajustou temperos ao repertório local sem diluir a intenção original: há pimenta que aquece, coentro que refresca, limão que acende, coco que envolve.

Menu pensado para compartilhar

O cardápio se organiza por famílias tradicionais: Chim (entradas), Yam (saladas), Tao (curries e sopas), Ping e Yang (brasa) e Kanom Wan (sobremesas). A proposta é circular entre as seções, alternar temperaturas e intensidades e montar uma mesa viva, com pratos chegando conforme ficam prontos.

  • Comece por uma mordida fresca e aromática, siga para uma salada com picância controlada e avance para a wok.
  • Intercale um prato de brasa com um curry mais cremoso para variar textura e calor.
  • Finalize com um doce de impacto curto e final limpo para não sobrepor especiarias.
Prato Preço Essência do sabor Como comer
Miang Kham (2 un.) R$ 70 Pimenta, limão taiti com casca, caramelo de palma, tamarindo, camarão seco Embrulhado na folha de chaplu, em uma única mordida
Gai Baan Yang R$ 65 Galeto marinado por 12 horas, final de brasa Com as mãos, mergulhando no molho Nahm Jim Jaew
Pla Neung Tau Jiaw R$ 98 Peixe no vapor com soja fermentada, pimenta, alho e cebola Acompanhado de acelga e arroz jasmim
Gaeng Deng Ped R$ 128 Curry vermelho denso, pato grelhado e perfume de coco Colher com arroz para modular a picância
Kanom Tom R$ 39 Dumpling de cocada, doce e delicado Uma unidade é suficiente para encerrar a refeição

Da brasa à wok, sem hierarquia

O galeto Gai Baan Yang traz carne suculenta e pele marcada pelo carvão, pensado para ser comido com as mãos. O mergulho no Nahm Jim Jaew — tamarindo, molho de peixe, limão e açúcar de palma — cria um contraste ácido-doce que puxa outra mordida.

Da wok sai o Pla Neung Tau Jiaw, peixe no vapor que realça o salgado da soja fermentada sem perder o frescor. A dupla acelga e arroz jasmim ajusta textura e temperatura. Para quem busca algo vegetal, o Pad Makhua Yao (berinjela chinesa) chega com manjericão tailandês e a opção de porco ou tofu, mantendo vigor aromático com leveza.

No campo dos curries, o Gaeng Deng Ped apresenta cremosidade de coco e calor gentil de pimentas, com o pato grelhado trazendo gordura bem integrada ao molho. É prato de colher, para ir dosando com o arroz e perceber as camadas.

A casa indica de quatro a cinco pratos por casal. O ritmo é de partilha, e a mesa vira conversa entre sabores.

Bebidas que conversam com a cozinha

A carta de drinques, criada por João Piccolo, segue o mesmo raciocínio de equilíbrio. Há notas de galanga e krachai que acentuam a raiz do prato, limão makrut que ilumina e folha de chaplu que traz um amargor herbal discreto. Os coquetéis funcionam como ajuste fino da experiência: alguns encurtam a pimenta, outros destacam a acidez cítrica.

Reconhecimento, endereço e horários

O Ping Yang foi eleito “Melhor Estreia do Ano” pelo prêmio Comer & Beber da Veja São Paulo. Também figura no 50 Best Discovery como o único tailandês da América do Sul listado, sinal de consistência na proposta e atenção aos detalhes.

Endereço: Rua Doutor Melo Alves, 767, Jardim Paulista, São Paulo. Funcionamento: segunda a quinta, 19h às 23h; sexta, 19h às 23h45; sábado, almoço 13h às 17h e jantar 19h às 23h45; domingo, 13h às 17h. Reservas via site oficial da casa.

Serviço e dicas para a sua visita

  • Picância: peça orientação sobre o grau desejado. Dá para ajustar parte dos pratos sem perder caráter.
  • Vegetarianos: o Pad Makhua Yao com tofu atende bem; pergunte por trocas de molho para evitar peixe.
  • Alergias: avise sobre crustáceos e derivados de peixe; fermentados e pastas podem conter traços.
  • Orçamento: um casal com 5 pratos compartilhados e 2 coquetéis deve gastar entre R$ 350 e R$ 500.
  • Horários: para evitar espera, chegue cedo nos fins de semana ou escolha segunda a quinta.
  • Crianças: a cozinha é aromática e pode picar; avalie pedidos com menos pimenta e texturas mais macias.

Para entender melhor os nomes do cardápio

Chim indica mordidas ou entradas de impacto rápido. Yam identifica saladas com acidez vibrante. Tao reúne sopas e curries, muitas vezes com leite de coco e pastas de especiarias. Ping e Yang fazem referência à brasa e aos métodos de fogo seco. Kanom Wan cobre os doces, geralmente com coco, arroz e frutas tropicais.

Alguns ingredientes-chave ajudam a decifrar sabores: chaplu é uma folha aromática usada como base para as mordidas do Miang Kham; limão makrut entrega perfume cítrico intenso; krachai é uma raiz da família do gengibre, de sabor terroso e limpo. Esses elementos, combinados, constroem o equilíbrio que define a experiência.

Por que o Ping Yang mexe com quem gosta de comer

Há método por trás de cada etapa. A marinada longa do galeto garante suculência antes mesmo da brasa. A cocção no vapor preserva o ponto do peixe e permite que a soja fermentada apareça sem dominar. No curry, gordura e calor se encontram para diluir especiarias e carregar aroma pelo prato.

O formato de partilha cria vantagens claras: mais variedade por visita, diálogo constante com a mesa e liberdade para calibrar o caminho — do cítrico ao cremoso, do tostado ao fresco. O único risco está em subestimar a intensidade da pimenta; por isso, um pedido bem orientado rende uma experiência mais precisa.

Equilíbrio, partilha e contexto: três ideias que sustentam a casa e explicam por que tanta gente volta.

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