Moradores de Santa Bárbara d’Oeste convivem com promessas, mato e um canteiro esquecido que volta ao centro das atenções.
O projeto que levou o nome de um campeão olímpico virou símbolo de espera, frustração e dúvidas. Agora, uma nova proposta estadual recoloca a obra no mapa e promete transformar o Parque Araçariguama em referência esportiva.
Como nasceu o projeto e por que travou
A piscina olímpica homenageia o barbarense César Cielo e surgiu como polo de treinamento, com dimensões oficiais de 25 x 50 metros e 2,5 metros de profundidade. O plano original previa arquibancada, sala de treinamento e vestiários em uma área de 3,6 mil m². A execução começou em 2011, com recursos de convênio federal e contrapartida municipal.
Em 2012, a obra estancou. Ajustes técnicos no projeto levaram à interrupção de repasses. A construtora enfrentou problemas e perdeu o contrato. O canteiro ficou vulnerável. Vieram invasões, furtos, mato alto e água parada. Vizinhos passaram a relatar preocupação com criadouros do Aedes aegypti.
Obra parada por 13 anos, com histórico de invasões, furtos e risco de dengue no entorno.
O que muda com o novo complexo
O governo paulista autorizou a criação do Complexo Esportivo do Parque Araçariguama. A cidade cede quase 90 mil m² de área pública. O Estado promete investir R$ 20 milhões. O anúncio inclui a conclusão da piscina e um pacote de estruturas para várias modalidades.
Investimento estadual de R$ 20 milhões e área municipal de quase 90 mil m² para tirar o projeto do papel.
Estruturas previstas
- Ginásio poliesportivo com piscina semiolímpica aquecida e coberta.
- Áreas para ginástica artística, tênis de mesa e lutas.
- Vestiários, cafeteria e lanchonete.
- Duas quadras de tênis e duas de areia.
- Duas academias ao ar livre e duas de calistenia.
- Pista de caminhada de cerca de 1.000 metros, com piso permeável.
- Iluminação em LED em todo o parque.
- Sistema fotovoltaico para geração de energia.
- Reforma e modernização de estruturas existentes, com arborização e paisagismo.
- Desassoreamento e revitalização do lago.
- Nova sede da Secretaria Municipal de Esportes, com estrutura administrativa.
Não há prazo de entrega divulgado. O cronograma de obras segue indefinido.
Cronologia do imbróglio
| Ano | Fato |
|---|---|
| 2010 | Projeto ganha forma com apoio de César Cielo e da prefeitura. |
| Abr/2011 | Início da construção; primeira fase prevista para outubro daquele ano. |
| 2012 | Paralisação total por ajustes de projeto e problemas contratuais com a construtora. |
| 2013–2015 | Relatos de atraso, abandono, invasões, furtos e água parada com risco de Aedes. |
| 2023 | Cenário de abandono persiste; busca por novos convênios é anunciada pela prefeitura. |
| Out/2025 | Governo de SP autoriza o Complexo Esportivo no Parque Araçariguama, com retomada da piscina. |
Impactos no bairro e riscos sanitários
O entorno conviveu com água parada e mato alto por anos. Moradores relataram medo de proliferação de dengue, chikungunya e zika. A retomada precisa atacar essas frentes de forma imediata. Drenagem ativa do tanque, controle de acesso, roçada frequente e manejo de resíduos reduzem a exposição da vizinhança a vetores.
Quando a piscina ficar pronta, a demanda por manutenção será permanente. Filtragem, circulação de água e aquecimento exigem equipe técnica e orçamento fixo. Sem operação diária e contratos de manutenção, os mesmos problemas voltam. O histórico mostra que o ponto fraco não é só construir, é manter funcionando.
Quanto custa e quem paga
O novo pacote coloca R$ 20 milhões do governo estadual na obra e no conjunto esportivo. A prefeitura participa com o terreno integrado ao parque, de quase 90 mil m², e com a gestão futura. A divisão de responsabilidades precisa aparecer no edital e nos contratos: quem faz o quê, quando e por quanto.
Sem cronograma, a cidade fica sem referência de entrega. Um plano com marcos trimestrais, metas físicas e financeiras, publicação de medições e auditoria independente ajuda a controlar custo e prazo. Transparência reduz espaço para aditivos injustificados e reforça a confiança de quem mora em volta.
O que esperar agora
O passo seguinte é publicar projeto executivo atualizado, licitação e cronograma objetivo. A obra requer etapas encadeadas: limpeza e drenagem, segurança perimetral, infraestrutura elétrica e hidráulica, revestimento da piscina, casa de máquinas, iluminação, urbanização do parque e implantação do ginásio e quadras.
Medidas ambientais também entram na lista. O desassoreamento do lago precisa de laudos e monitoramento para evitar assoreamento de volta. A pista permeável e o paisagismo pedem escolhas de espécies nativas, com sombreamento e baixa manutenção. O sistema fotovoltaico pode abater parte da conta de energia do aquecimento e da iluminação.
Como o projeto pode beneficiar você
- Mais oferta de esporte educacional e rendimento para crianças e jovens.
- Espaços para idosos com trilhas, academias ao ar livre e atividades de baixo impacto.
- Eventos regionais que movimentam comércio e serviços ao redor do parque.
- Redução de custos públicos com saúde, pela prática regular de atividades físicas.
Perguntas que precisam de resposta
Quais são as metas e os prazos por fase? Qual o modelo de gestão do complexo ao final da obra? Como será feita a manutenção da piscina olímpica e da semiolímpica? O projeto tem plano de segurança para evitar novas invasões? Sem essas respostas, a cidade corre o risco de repetir o ciclo de promessas.
Dicas práticas para a comunidade acompanhar
Você pode cobrar a publicação do cronograma e das medições mensais, pedir reuniões públicas no bairro e participar de conselhos municipais de esporte e de urbanismo. Fotografar o canteiro, registrar datas e contatar a ouvidoria quando houver descumprimento ajuda a criar trilhas de evidência.
Na temporada de chuvas, vale redobrar atenção ao acúmulo de água dentro e fora do canteiro. Solicite visitas de agentes de endemias. Em casa, elimine recipientes descobertos e use telas em ralos e calhas. O controle do Aedes começa no quintal e se estende à obra, que precisa manter tanques secos ou tratados.
O que pode acelerar a entrega
Projetos executivos prontos antes da licitação reduzem mudanças em campo. Contratos com bônus por entrega antecipada e penalidades por atraso costumam disciplinar prazos. Publicar o andamento, inclusive com fotos georreferenciadas, dá transparência. Um comitê com representação de moradores, atletas e gestores ajuda a evitar decisões de gabinete que ignoram o uso real do espaço.


