R$ 3 mil e exposição nas redes: você postaria um pintado na piracema no Tocantins em Talismã?

R$ 3 mil e exposição nas redes: você postaria um pintado na piracema no Tocantins em Talismã?

Publicar troféus de pesca pode sair caro. Em plena piracema, um morador do sul do Tocantins sentiu o impacto offline.

Com os rios em defeso até 28 de fevereiro de 2026, postagens públicas viraram pista para fiscalizações ambientais no Tocantins. Em Talismã, uma sequência de fotos virou caso de polícia, multa e investigação de crime ambiental.

Flagra digital em Talismã

Um homem de 38 anos foi autuado por pesca predatória em Talismã, no sul do Tocantins, depois de publicar nas redes sociais imagens com vários peixes da espécie pintado. A equipe do Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) registrou a ocorrência na segunda-feira (3) e localizou o suspeito na área urbana. Ele admitiu ter feito as postagens e disse não ter pescado sozinho, mas não apontou o outro participante.

Multa de R$ 3 mil, prints de redes sociais e envio do caso ao Naturatins e ao Ministério Público marcaram a ocorrência.

Segundo a Polícia Militar, as imagens mostravam exemplares de pintado, espécie bastante procurada pelos pescadores pela força e pelo porte. O período, porém, é de piracema, quando a pesca em rios e lagos está suspensa justamente para proteger a reprodução e a reposição natural dos estoques.

Como as redes sociais entraram na mira

Publicações abertas aceleram o trabalho de fiscalização. Os agentes monitoram perfis, recebem denúncias e cruzam informações de local e data. Quando há indício de captura em período proibido, as equipes apuram e, se confirmam a infração, lavram o auto de infração ambiental e encaminham o caso aos órgãos competentes.

Posts públicos com peixes capturados no defeso podem sustentar autuações administrativas e responsabilização criminal prevista na Lei 9.605/1998.

Nesse registro, a PMA relatou que as fotos e legendas indicavam a captura recente. Após identificar o autor das postagens, os policiais colheram a confissão e oficializaram a multa. Equipamentos e demais circunstâncias podem ser analisados pelo Naturatins para medidas adicionais.

O que vale durante a piracema no Tocantins

O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) restringe a pesca para proteger a desova e a migração reprodutiva dos peixes. A regra em vigor é clara: rios e lagos do estado ficam fechados até 28 de fevereiro de 2026.

  • Proibida a pesca para fins comerciais em rios e lagos.
  • Permitida a pesca amadora esportiva exclusivamente na modalidade pesque e solte.
  • Permitida a pesca de subsistência por ribeirinhos, sem caráter comercial.
  • Transporte e comercialização de pescado nativo capturado no período ficam vedados.
  • Fiscalizações ocorrem em água e em terra, com checagem em veículos, embarcações e pontos de venda.
Período de defeso Até 28/02/2026
Áreas Rios e lagos do Tocantins
Permitido Pesque e solte; pesca de subsistência ribeirinha sem fins comerciais
Proibido Pesca para venda; captura e transporte de peixes nativos reprodutores
Consequências Multa administrativa, apreensões e possível responsabilização criminal

O pintado na piracema

O pintado é um grande bagre nativo, voraz e migrador. Na piracema, ele sobe os rios em busca de locais adequados para desovar. Sem descanso reprodutivo, a espécie perde fôlego, e toda a cadeia ecológica sofre. A suspensão temporária da pesca reduz a mortalidade em série, garante sobrevivência dos alevinos e melhora a reposição dos estoques para as temporadas seguintes.

Respeitar o defeso cria temporadas futuras mais produtivas, com peixes maiores e melhor renda para comunidades.

Como evitar multas e ajudar a conservar

Quem gosta de pescar pode continuar na ativa, mas com ajuste de rota. O caminho passa por informação, planejamento e escolhas responsáveis.

  • Verifique o calendário oficial do defeso antes de programar qualquer pescaria.
  • Prefira a modalidade pesque e solte em estruturas autorizadas, com anzóis sem farpa e manejo rápido.
  • Evite postar fotos de capturas em ambientes naturais durante a piracema; a publicação pode virar prova.
  • Se praticar subsistência, mantenha quantidades mínimas e não comercialize.
  • Guarde notas fiscais e licenças quando usar serviços de pesca esportiva regularizados.
  • Denuncie práticas predatórias em canais oficiais de atendimento ambiental do estado.

O que acontece após a autuação

Depois de lavrado o auto, o BPMA remete o processo ao Naturatins, que conduz o procedimento administrativo e pode aplicar sanções complementares. O Ministério Público avalia a esfera penal. A depender do caso, há apreensão de equipamentos, análise das circunstâncias e prazos para defesa. O valor da multa varia conforme espécie, quantidade e gravidade da conduta, além de agravantes como uso de apetrechos proibidos.

Na esfera criminal, a legislação de crimes ambientais prevê pena para pesca em período proibido. Em geral, o infrator responde e pode firmar acordos quando previstos em lei, desde que cumpra medidas compensatórias. No campo administrativo, o pagamento da multa não afasta outras obrigações, como devolver pescado e materiais ou participar de ações educativas.

Orientações práticas para o período de defeso

Se a vontade de pescar bater, há alternativas legais. Clubes e pesqueiros licenciados operam com regras de manejo e soltagem. O turismo de natureza oferece rotas de observação de fauna e trilhas às margens de rios, sem pressão sobre os cardumes. Para quem vive da pesca, programas de apoio ao defeso e capacitações ajudam a atravessar a temporada com renda diversificada.

Vale reforçar cuidados básicos. Tenha licença de pesca em dia quando exigida, guarde documentos que comprovem a origem do pescado comprado e desconfie de ofertas de peixes nativos frescos em período de piracema. Se vir anúncios em redes sociais com captura proibida, evite compartilhar e envie a denúncia aos órgãos ambientais. A resposta rápida reduz o dano e desestimula novas infrações.

Redes sociais não são vitrine sem consequência: cada curtida em captura ilegal incentiva a depredação do recurso que todos compartilham.

Para quem está começando, aprender técnicas corretas de soltura faz diferença. Use alicate de bico para retirar anzóis, mantenha o peixe na água o máximo possível, evite tocar nas brânquias e não esprema o abdômen. Em muitos pesqueiros, monitores ajudam nesse manejo. Quanto mais cuidadoso o procedimento, maior a taxa de sobrevivência após a liberação.

O caso de Talismã serve de alerta a qualquer usuário de rede social: exibicionismo digital pode virar prova de infração. Com o defeso em vigor, o respeito às regras protege o ciclo reprodutivo, reduz conflitos e preserva a experiência de pesca para as próximas temporadas. Quem segue a lei e adota boas práticas mantém o lazer, apoia a biodiversidade e evita prejuízos no bolso.

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