Entulho de obras costuma virar dor de cabeça nas cidades. Em Tatuí, uma novidade promete transformar esse problema em solução.
A prefeitura instalou, no Ecoponto Sul, um equipamento que tritura resíduos da construção e os converte em brita. O material reforça a manutenção de estradas rurais e ajuda a fechar o ciclo dos resíduos gerados por reformas e demolições.
Projeto que fecha o ciclo da obra
A usina de reciclagem de resíduos da construção civil começou a operar em Tatuí (SP) com foco em reaproveitamento local. O equipamento processa os restos de obras e devolve o resultado em forma de brita, aplicada como base e recomposição de trechos críticos nas vias de terra do município.
O projeto reúne a prefeitura e o Consórcio de Estudos, Recuperações e Desenvolvimento da Bacia do Rio Sorocaba e Médio Tietê (Ceriso). A parceria busca dar destino correto ao entulho, cortar gastos com transporte para aterros e melhorar as condições de tráfego na zona rural.
Capacidade declarada: até 80 toneladas por hora. Parte dessa brita retorna ao município como insumo para manutenção de estradas de terra.
A usina funciona como piloto por 12 meses. O desempenho em Tatuí vai orientar a expansão do modelo para outras cidades do consórcio.
Como funciona o descarte para os moradores
O ponto de entrega fica no Ecoponto Sul, no Jardim Rosa Garcia II. O atendimento segue um limite diário por pessoa e exige triagem simples antes do descarte.
Cada morador pode levar até três viagens de um metro cúbico por dia. O entulho precisa chegar limpo, sem madeira nem resíduos orgânicos.
| Onde | Ecoponto Sul (Jardim Rosa Garcia II) |
|---|---|
| Horário | Segunda a sexta, 7h30–17h30; sábado, 8h–16h; domingo, 8h–12h |
| Limite por morador | Até 3 viagens/dia, cada uma com 1 m³ |
| Regra de aceitação | Somente entulho limpo, sem madeira ou resíduos orgânicos |
| Duração do piloto | 12 meses |
O que separar antes de levar
- Pode levar: restos limpos de concreto, argamassa, tijolo, telha cerâmica, blocos e materiais pétreos sem contaminação.
- Não pode: madeira, raízes, terra com matéria orgânica, alimentos, podas e lixo comum.
- Dica prática: separe sacos, plásticos, metais e papelão para reciclagem convencional; leve apenas os inertes ao ecoponto.
Por que a brita reciclada vai para as estradas rurais
Estradas de terra sofrem com buracos e erosões em períodos de chuva. A brita reciclada aumenta a resistência do leito e melhora a drenagem. O município reforça trechos críticos e reduz a necessidade de novas viagens para reposição constante de material virgem.
O uso local corta deslocamentos de caminhões, o que diminui poeira, emissões e desgaste viário. A manutenção fica mais ágil e afeta diretamente quem depende do transporte escolar, do escoamento da safra e do acesso a serviços de saúde.
A prefeitura estima reduzir gastos mensais hoje na casa de R$ 75 mil com transporte e destinação de cerca de 300 m³ de entulho.
Impacto ambiental e regras que amparam o modelo
O reaproveitamento de resíduos da construção atende diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos e a classificação da Resolução Conama 307. Ao priorizar materiais inertes, o projeto diminui o envio de entulho a aterros e combate o descarte irregular em áreas verdes e margens de cursos d’água.
Triagem e rastreabilidade evitam contaminações. A brita reciclada pode servir para base de pavimento, reforço de estradas vicinais, acostamentos temporários e recomposição de áreas de serviço. A qualidade depende da limpeza do material de origem, por isso a regra de não aceitar madeira nem resíduos orgânicos faz diferença no resultado.
Efeitos econômicos para a cidade
Ao transformar entulho em insumo, o município economiza com caçambas, combustíveis e taxas de destinação. A disponibilidade de brita reciclada também alivia a pressão sobre jazidas, uma frente de custo crescente. O movimento cria demanda por operadores, triagem e apoio logístico local, gerando trabalho na própria cidade.
Dicas rápidas para quem está reformando
- Planeje volumes: meça cômodos e estime demolições para evitar excesso de sobra de obra.
- Separe o que é inerte do que é reciclável convencional (papel, plástico, metal, vidro) e do orgânico.
- Evite misturar solo úmido, restos de comida ou poda com o entulho; isso inviabiliza a reciclagem.
- Comprima volumes: empilhe blocos e quebre peças grandes para otimizar o espaço da viagem de 1 m³.
- Leve documentos da obra quando necessário (ex.: número do alvará) para agilizar o atendimento.
Como estimar um metro cúbico sem erro
Um metro cúbico equivale a um volume de 1 m x 1 m x 1 m. Uma referência útil: um tambor de 200 litros corresponde a 0,2 m³; cinco tambores cheios se aproximam de 1 m³. Em picapes pequenas, a caçamba costuma comportar perto de 1 m³ quando o material está bem acomodado, sem ultrapassar a altura da cabine.
Compactar de forma segura e evitar peças muito volumosas ajuda a cumprir o limite por viagem. Materiais pontiagudos precisam de amarração e cobertura para evitar quedas durante o transporte.
O que muda para a vizinhança
Com menos caminhões indo e voltando de aterros distantes, bairros próximos tendem a ter tráfego mais fluido e menos poeira. Pontos crônicos de descarte irregular perdem estímulo quando a cidade oferece um destino simples e controlado. Os moradores ganham rotina clara para descartar com segurança o que sai de pequenas obras e reformas.
Próximos passos e o que observar
Como projeto piloto, a operação passará por ajustes ao longo do ano. A comunidade pode contribuir apontando gargalos, como tempos de espera no ecoponto ou dúvidas sobre materiais aceitos. A cada trimestre, indicadores de volume recebido, qualidade da brita e trechos reparados nas estradas ajudam a verificar ganhos reais para a cidade.
Se o fluxo mantiver qualidade no material entregue, a brita reciclada tende a ganhar novas aplicações em bases de calçadas e obras leves.
Informações complementares úteis
Classificação do resíduo da construção: a categoria A reúne materiais inertes que podem virar agregados, como concreto, argamassa e cerâmica. Já embalagens, plásticos e metais seguem para reciclagem convencional. Resíduos perigosos exigem manejo especializado e não entram no ecoponto.
Risco de contaminação: presença de orgânicos, tintas derramadas ou óleo compromete o lote e pode gerar rejeito. A triagem doméstica reduz perdas e acelera o processamento na usina.
Exemplo prático: uma reforma que gera 2 m³ pode ser dividida em duas viagens no mesmo dia. Se o volume total passar de 3 m³, vale programar visitas em dias diferentes para respeitar o limite diário por morador.


