A uma hora de São Paulo, seis produtores artesanais abrem porteiras com sabores premiados, paisagem de fazenda e boas histórias.
A Rota do Queijo, programa do Governo de São Paulo, virou vitrine do queijo artesanal paulista. Em poucas horas de viagem, dá para provar rótulos premiados, fazer piquenique sob as árvores e entender por que o produtor local ganhou espaço no mapa gastronômico. Nas estradas da região de Jundiaí, Itu, Cabreúva, Tatuí, Boituva e Campinas, o passeio cabe em um bate e volta e rende uma mesa cheia.
Como funciona a rota
As visitas variam de degustações simples a experiências completas com cestas, harmonizações e, em um caso, hospedagem rural. Algumas propriedades pedem agendamento. Outras operam com loja na fazenda. Em comum, a valorização do leite de origem, a sazonalidade e o cuidado com a maturação.
Em até duas horas de carro, o paulistano encontra queijos de vaca, cabra e búfala, além de receitas autorais premiadas.
O programa estadual reúne mais de uma centena de propriedades distribuídas em rotas temáticas, conectando pequenos produtores e consumidores. Nesta seleção, o recorte é a rota conhecida como Bandeirantes, ideal para quem quer sair cedo, provar com calma e voltar antes do anoitecer.
Seis paradas certeiras para o seu bate e volta
Cabanha Campestre 53 (Campinas)
Na área rural de Campinas, a Cabanha Campestre trabalha exclusivamente com leite de cabra. A casa organiza cestas de café da manhã caprichadas, com queijos, sucos e doces autorais. O visitante escolhe um gramado, estende a toalha e faz o próprio piquenique. As visitas são combinadas previamente.
- Leite: cabra
- Para provar: frescos de cabra e doces lácteos
- Experiência: piquenique autoguiado em área verde
- Onde fica: SP-081, km 15, Campinas
Queijaria Vale dos Anjos (Itu)
Instalada no Portal do Éden desde 2019, a queijaria usa leite de vacas Jersey. O portfólio tem criações próprias com identidade: o Querubim (massa semicozida, inspiração Gruyère) e o Angélique (massa mole, casca florida, inspiração Camembert) já levaram prêmios nacionais e internacionais. A loja oferece degustações e prateleiras repletas de itens de mercearia para complementar a tábua.
- Leite: vaca (Jersey)
- Para provar: Querubim e Angélique
- Experiência: degustação simples e compras
- Onde fica: Rua Cel. Fiori Marcelo Amantea, 12, Itu
Queijaria Pé do Morro (Cabreúva)
Na Serra do Japi, a Pé do Morro integra produtores vizinhos para harmonizações com pães, brioches, geleias, antepastos, vinhos e itens sazonais. São seis queijos autorais, todos premiados. Dá para escolher a degustação completa, participar das harmonizações e, para quem quiser esticar, há opção de hospedagem no local.
- Leite: vaca
- Para provar: seleção de queijos autorais com harmonização
- Experiência: degustação dirigida e possibilidade de pernoite
- Onde fica: Estrada Pé do Morro, s/n, Cabreúva
Capril Carioles (Jundiaí)
O Capril Carioles produz queijos de vaca e de cabra, do frescal ao meia cura, além de receitas autorais. Entre os destaques, o Boursin em azeite com pimenta-rosa e o Requinte de Leite de Cabra, ambos premiados. A agenda inclui visitas simples e guiadas com degustação.
- Leite: vaca e cabra
- Para provar: Boursin em azeite e Requinte de Leite de Cabra
- Experiência: visita guiada com degustação
- Onde fica: Av. Antônio Pincinatto, 5001, Jundiaí
De Buffala’s (Tatuí)
Especializada em leite de búfala, a casa trabalha sem aditivos. A vitrine vai do frescal, ricota e iogurtes à coalhada seca com ou sem tempero. Há variações de muçarela, como nozinho, barra, rolo caprese, manta, trança, bolas no soro, além do curado e da burrata, estrela local. A visita é simples e centrada na degustação.
- Leite: búfala
- Para provar: burrata, nozinho e coalhada seca
- Experiência: degustação e compras
- Onde fica: Estrada Vicinal Monsenhor Silvestri Murari, km 9,5, Tatuí
Campo em Casa (Boituva)
Produtores de leite, eles mantêm queijos frescos e parmesão na loja de fazenda, mas o orgulho está nos iogurtes de baixa fermentação, que maturam por 12 horas antes de receber frutas frescas. Não há visita guiada, porém é possível circular pela fazenda, provar e levar para casa.
- Leite: vaca
- Para provar: queijo fresco, parmesão e iogurtes de maturação lenta
- Experiência: visita livre à loja da fazenda
- Onde fica: Av. do Trabalhador, 963, Boituva
Quer harmonização completa? Combine Cabreúva e Jundiaí no mesmo dia: estradas curtas, degustações guiadas e rótulos premiados.
Qual é a melhor combinação para o seu dia
Para um bate e volta sem correria, escolha duas paradas próximas. Três só funcionam se o foco for compras rápidas. Montagens possíveis:
- Manhã na Serra do Japi (Pé do Morro, Cabreúva) + tarde em Jundiaí (Capril Carioles).
- Manhã em Itu (Vale dos Anjos) + fim de tarde em Cabreúva ou Jundiaí.
- Manhã em Boituva (Campo em Casa) + almoço tardio em Tatuí (De Buffala’s).
- Café da manhã em Campinas (Cabanha Campestre 53) + visita a Itu na sequência.
Guia rápido do que cada parada oferece
| Produtor | Cidade | Leite | Ponto forte | Agendamento |
|---|---|---|---|---|
| Cabanha Campestre 53 | Campinas | Cabra | Cesta de piquenique na fazenda | Sim |
| Vale dos Anjos | Itu | Vaca (Jersey) | Queijos autorais premiados | Recomendado |
| Pé do Morro | Cabreúva | Vaca | Degustação com harmonização; opção de hospedagem | Recomendado |
| Capril Carioles | Jundiaí | Vaca e cabra | Boursin e rótulos autorais | Visita guiada |
| De Buffala’s | Tatuí | Búfala | Burrata e muçarelas variadas | Visita simples |
| Campo em Casa | Boituva | Vaca | Iogurtes de baixa fermentação | Loja na fazenda |
Dicas práticas para aproveitar sem perrengue
- Agende com antecedência quando houver degustação guiada ou piquenique.
- Leve um cooler com gelo reutilizável para transportar os queijos até chegar em casa.
- Prefira calçados confortáveis e protetor solar; algumas áreas são gramadas e ensolaradas.
- Considere dividir uma tábua entre o grupo para provar mais estilos.
- Chegue cedo para evitar filas e garantir mesas externas nas propriedades mais concorridas.
- Se for dirigir, deixe a taça de vinho para quem não pega o volante.
Quanto tempo dedicar e quando ir
Para cada parada, calcule ao menos 60 a 90 minutos. Degustações com harmonização costumam levar mais. Dias úteis tendem a ser mais tranquilos; aos sábados, chegue na abertura. Em períodos de calor, queijos moles pedem transporte refrigerado e consumo rápido. Em dias frios, prolongue a maturação dos semiduros em casa para ganhar complexidade de sabor.
Mais que turismo: por que isso importa para quem vive na cidade
Queijo artesanal não é só passeio instagramável. O consumo direto na fazenda melhora a renda do produtor, reduz perdas e mantém a diversidade de estilos. O público urbano ganha rastreabilidade, conversa com quem faz e leva um produto vivo, que muda com o tempo. Para quem gosta de cozinhar, visitar duas ou três casas já compõe uma tábua plural, com contrastes de textura, acidez e salinidade.
Quer dar um passo além? Monte uma experiência em casa. Separe três estilos diferentes — um fresco de búfala, um de cabra de massa mole e um semiduro de vaca. Sirva com pão de fermentação natural, uma geleia cítrica e frutas secas. Prove primeiro do mais leve ao mais intenso. Anote sensações, deficiência de sal, acidez ou notas lácteas, e compare com a próxima visita. Essa “degustação guiada por você” ajuda a treinar o paladar e valoriza cada bate e volta.


