Mudanças recentes no Judiciário catarinense reacendem comparações de carreira e benefícios entre esferas. Servidores fazem contas e projetam futuro.
Após avanços no PJSC, técnicos e analistas colocaram no papel salário, benefícios e perspectivas. Alguns recusaram nomeações na Justiça Federal. A decisão acendeu um debate que alcança quem pensa em concurso e quem já está no serviço público.
O que mudou na tabela de 2025
A aprovação da nova tabela salarial em junho de 2025 reordenou referências e aumentou vencimentos no PJSC. O movimento veio de uma mesa de negociação permanente e de uma pauta que também incluiu URV e benefícios. O pacote fortaleceu a valorização interna e reduziu a intenção de saída.
Nova tabela, URV e benefícios criaram um cenário de retenção: mais renda fixa e horizonte de novas conquistas.
Com a nova estrutura, servidores de nível médio enxergaram ganho nominal e perspectiva de crescimento real. Para quem está há mais tempo na casa, a percepção foi direta: a carreira estadual ficou, no curto prazo, mais atrativa do que o cargo técnico federal de nível médio.
Benefícios que pesaram na balança
Auxílio-saúde e coparticipação
No PJSC, o auxílio-saúde combina reembolso com coparticipação e um apoio a despesas particulares. Esse modelo, citado por servidores, não aparece da mesma forma na Justiça Federal. Para famílias, o desenho do benefício altera muito o custo mensal.
Vale-alimentação e diferenças reais
O valor do auxílio-alimentação foi um ponto sensível na comparação. Servidores relataram que a Justiça Federal paga cerca de R$ 1.300, enquanto no PJSC o benefício é mais robusto.
Auxílio-alimentação na esfera federal perto de R$ 1.300; no PJSC, o servidor recebe quase o dobro, segundo relatos.
- Auxílio-saúde com reembolso e coparticipação, incluindo despesas particulares.
- Auxílio-alimentação maior no PJSC frente ao federal informado por servidores.
- URV incorporada como recomposição histórica.
- Estrutura de progressão com impacto de triênios e licença-prêmio no Estado.
Progressão e aposentadoria
Questões previdenciárias pesaram na decisão. Servidores do PJSC citaram vínculo ao regime próprio estadual, com regras antigas de integralidade para quem preserva esse direito. Ao avaliar migração, surge a incerteza sobre enquadramento no sistema federal e no regime complementar.
No tópico de carreira, o relato foi que a Justiça Federal não assegura triênios nem licença-prêmio, além de não prever reajuste anual automático. Isso afeta projeções de longo prazo e reduz a previsibilidade do crescimento remuneratório.
Sem triênio, licença-prêmio e reajuste anual previsível, a conta de longo prazo na esfera federal fica mais apertada.
Por que a negociação local faz diferença
A proximidade com o sindicato e a administração estadual foi citada como fator concreto. No PJSC, a dinâmica é presencial, com diálogo frequente e resposta ágil. Na esfera federal, a negociação passa por Brasília e pelo Congresso, o que alonga prazos e pulveriza demandas.
Negociação perto da base tende a avançar mais rápido; quando tudo depende de Brasília, a pauta perde tração.
Para quem vive o dia a dia do fórum, ser ouvido e ver pauta andar tem peso simbólico e efeito financeiro. A percepção de que o SINJUSC atua de forma direta e acessível também entrou na equação de permanência.
Quem são os servidores que decidiram ficar
Marcos Rafael Gomes, TSI com 15 anos no Judiciário catarinense, comparou a trajetória com um colega da Justiça Federal. Com a nova tabela do PJSC, avaliou que não compensa assumir cargo técnico federal de nível médio.
Bárbara Figueiredo, há 14 anos no PJSC, destacou três pontos: desenho do auxílio-saúde, valor do vale-alimentação e dúvidas sobre regime previdenciário na União. Com integralidade preservada, a troca deixaria incertezas que não valem o risco.
Antônio Andrade Lopes fez caminho inverso ao deixar cargo de nível médio no TRF2 para assumir vaga de nível superior no TJSC. Ao chegar, a nova tabela ainda não estava aprovada; mesmo assim, o balanço de benefícios e a proximidade sindical pesaram positivamente para a migração.
Comparativo direto de pontos citados
| Aspecto | PJSC | Justiça Federal |
|---|---|---|
| Vencimento de nível médio | Reestruturado em 2025, referência mais atraente segundo servidores | Menor atratividade frente ao novo desenho estadual |
| Auxílio-alimentação | Valor superior, citado como quase o dobro do federal | Aproximadamente R$ 1.300, conforme relatos |
| Auxílio-saúde | Reembolso, coparticipação e apoio a despesas particulares | Sem desenho equivalente, segundo depoimentos |
| Triênios e licença-prêmio | Presentes na carreira estadual | Ausentes, conforme relatos |
| Reajuste | Avanços por negociação com administração e ALESC | Sem reajuste anual automático; pauta depende do Congresso |
| Atuação sindical | Proximidade e acesso ao SINJUSC | Base nacional difusa, canais mais distantes |
URV sem mistério
A URV, lembrada pelos servidores, refere-se à recomposição de perdas na transição para o Real nos anos 1990. Essa correção tem sido objeto de debates e decisões judiciais pelo país. Quando incorporada, melhora o patamar remuneratório e corrige distorções históricas. No contexto catarinense, a pauta foi tratada em conjunto com a nova tabela e benefícios.
URV é correção histórica: quando reconhecida, altera base de cálculo e amplia ganhos ao longo da carreira.
Faça as contas: um exercício rápido
Antes de decidir entre federal e estadual, vale uma conta completa. O ganho real não está só no vencimento básico.
- Some vencimento, auxílio-alimentação e auxílio-saúde elegível no seu caso.
- Desconte previdência, imposto de renda e coparticipações médias em saúde.
- Projete triênios e licença-prêmio ao longo de 5 e 10 anos.
- Considere progressões na tabela e eventuais gratificações por função.
- Simule cenários de mudança de cidade e custo de vida.
Uma forma prática é calcular quanto cada benefício representa por mês e anualizar o total. Compare a trajetória projetada, não apenas o contracheque imediato. Vale conversar com servidores das duas esferas para validar números e regras vigentes.
O que observar antes de mudar de carreira
Três eixos ajudam a reduzir arrependimentos: previsibilidade, estrutura de benefícios e capacidade de negociação. No federal, a pauta depende do Congresso e de políticas nacionais. No Estado, a negociação ocorre com a administração local e tem tração diferente. Para quem valoriza proximidade sindical e resposta rápida, isso pesa.
- Regras de previdência e possibilidade de manter integralidade, se aplicável.
- Desenho do plano de saúde: reembolso, rede, coparticipação e teto de gastos.
- Potencial de ganhos por triênios, licença-prêmio e funções gratificadas.
- Mobilidade de carreira e impactos da mudança de cidade.
- Histórico recente de reajustes e de mesas de negociação.
Para quem está estudando para concurso, o recado é claro: compare carreira, não só a prova. Para quem já é servidor, acrescente tempo de casa, benefícios já consolidados e riscos de transição previdenciária. O contexto de 2025 mostrou que, com tabela reajustada e benefícios fortalecidos, muitos preferem ficar onde a valorização se tornou palpável.


