Entre neons verdes e riffs de guitarra, dois endereços discretos de Samambaia passaram a ditar a noite de quem procura novidade.
A cena antes guiada por sertanejo e pagode ganhou dois polos inesperados. Um deles mira o imaginário espacial. O outro celebra o rock com carinho de casa de família. Ambos atraem quem quer se sentir parte da festa sem abrir mão de identidade.
Um refúgio de “outro planeta” na QN 508
Aberto em 2021, o Refúgio nasceu do desejo do empresário Robynson Veríssimo de oferecer um espaço acolhedor para o público alternativo. No endereço da QN 508, a decoração alienígena, a luz baixa e os detalhes de ficção científica criam um cenário incomum para beber, cantar e socializar.
O bar ganhou fama pelos drinks autorais. O “Vai Tomar no Coalho” combina um pedaço de queijo coalho com caramelo salgado, provocando o paladar com doçura e salinidade. Já o shot “Kryptonita” virou ritual: verde neon, mistura destemida de shots da casa, ele chama atenção de quem busca foto e dose rápida.
Karaokê, telão para jogos e filmes e uma trilha alternativa transformaram o Refúgio em ponto de encontro de quem quer ser como é.
O clima descontraído vale tanto para casais quanto para grupos de amigos. Quem entra encontra um staff bem-humorado, brincadeiras nos copos e mesas que estimulam conversa. Nada de ostentação: a proposta é simplicidade com boas ideias.
A força das pequenas ousadias
Por três anos, uma promoção virou assunto de bairro: a caipirinha de R$ 1, paga exclusivamente em moedas. A ação mobilizou gente e jingles improvisados. Em noites de pico, o bar reunia mais de 300 pessoas e juntava algo próximo de R$ 600 apenas em moedas. A jogada funcionou como marketing e também como experiência coletiva.
Caipirinha a R$ 1, só em moedas: um detalhe que gerou filas, riso fácil e lembrança duradoura.
Hoje, o Refúgio mantém o espírito criativo com novas cartas e ambientações temáticas. A lógica segue a mesma: lançar ideias que provoquem conversa, incentivem a volta do cliente e circulem nas redes.
- QN 508, Samambaia: ambiente temático com referências alienígenas e luz neon
- Drinks autorais: “Vai Tomar no Coalho” e shot “Kryptonita”
- Programação: karaokê, jogos no telão e sessões de filmes
- Público: perfil alternativo, diverso e acolhedor
Toinha Rock Pub, 16 anos de rock com coração de família
Em outra ponta de Samambaia, o Toinha Rock Pub consolidou-se como reduto do rock graças à persistência de Antônia Francisca. Depois de uma demissão, ela transformou a paixão pelo gênero em negócio, administrado com os dois filhos. O resultado é um espaço decorado do chão ao teto, dedicado a quem cresceu ouvindo clássicos e a quem está chegando agora.
O primeiro quadro na parede foi de Elvis Presley, um afeto pessoal que virou assinatura. Com o tempo, o cardápio passou a homenagear astros do rock, somando coquetéis e porções batizadas com referências da cultura musical. Um símbolo ganhou vida própria: a kombi na fachada, tributo ao pai de Antônia, virou marca registrada e ponto de foto de quem passa.
Casa de rock com espírito de família: segurança, respeito, comida boa e acolhimento a todas as idades.
O Toinha não se limitou às bandas consagradas. A casa programa shows de grupos covers e abre espaço a artistas iniciantes, ajudando a formar público e repertório. Essa curadoria expandiu o alcance do pub, que passou a ser reconhecido para além do Distrito Federal.
Palco para quem está começando
Selecionar bandas em ascensão rende noites cheias e renova a cena local. A apresentação num palco dedicado ao rock, com som e luz calibrados, ajuda a profissionalizar trajetórias que ainda engatinham. O público, por sua vez, ganha novidade constante e repertório menos previsível.
Antônia gosta de repetir que o rock não precisa rimar com confusão. A casa investe em protocolos de segurança e promove um ambiente amigável a famílias. O resultado aparece no boca a boca: gente que volta e recomenda porque se sentiu respeitada, tanto na pista quanto no atendimento.
| Casa | Tema | Localidade | Destaques | Público |
|---|---|---|---|---|
| Refúgio | Espacial/alienígena | QN 508, Samambaia | Drinks autorais, karaokê, telão de jogos e filmes | Alternativo, diverso, descomplicado |
| Toinha Rock Pub | Rock clássico e contemporâneo | Samambaia | Shows, cardápio temático, kombi-símbolo, quadros do chão ao teto | Fãs de rock e famílias |
Por que isso mexe com a rotina de quem mora na região
Dois negócios de nicho ajudam a quebrar a hegemonia de estilos que dominavam a noite local. A novidade atrai público de quadras vizinhas, faz rodar o caixa de fornecedores e estimula emprego em atendimento, som, luz e cozinha. Com programação variada, a região ganha circulação noturna mais distribuída e novas rotas de lazer, o que também pode reduzir deslocamentos longos para o Plano Piloto.
Para quem busca um lugar para ir, há ganhos práticos: mais opções de preços, estilos, cardápios e propostas estéticas. Para quem empreende, a mensagem é clara: identidade bem definida e experiência coerente fidelizam mais do que estruturas caras.
Dicas rápidas para a sua visita
- Chegue cedo nas noites de karaokê e de show para evitar filas e garantir mesa.
- Consumo consciente: peça água entre as rodadas de bebida para aproveitar mais e melhor.
- Promoções mudam ao longo do tempo; confirme no dia se a oferta desejada está ativa.
- Respeite as regras da casa e a vizinhança; isso mantém o clima leve para todos.
O que esses cases ensinam a outros bares temáticos
Os dois endereços mostram que conteúdo e narrativa importam. No Refúgio, o storytelling dos drinks e a estética alien criam memórias compartilháveis. No Toinha, a curadoria de bandas, as homenagens afetivas e o cuidado com a segurança constroem pertencimento. O público compra a história quando ela bate com o que vê no salão, no copo e no palco.
Há riscos: modismos cansam, filas mal geridas desgastam e o som alto pode gerar conflito com a vizinhança. A gestão precisa equilibrar volume, conforto e giro de mesa. Em contrapartida, os ganhos de um nicho bem atendido são notórios: clientela fiel, boca a boca forte e calendário recheado. Parcerias com bandas, coletivos culturais e cervejarias artesanais ampliam o alcance sem inflar custos.
Identidade clara, experiência consistente e acolhimento real transformam um bar em ponto de encontro — e em cartão-postal do bairro.


