Chuva ou sol, o lixo precisa sair de casa. Quando isso não acontece, a cidade para, e a ansiedade cresce nas calçadas.
Moradores de Lages começaram a semana com sacos acumulados e caminhões incertos. A promessa de normalização existe, mas o relógio da rotina não espera.
O que está acontecendo nas ruas
Desde a segunda (3) e a terça-feira (4), a coleta de resíduos domiciliares voltou a falhar em Lages. Bairros como Santa Catarina e Sagrado Coração de Jesus ficaram sem atendimento em parte ou totalmente. A Secretaria Municipal de Águas e Saneamento (Semasa) estima que pelo menos cinco bairros foram atingidos, com trechos que receberam apenas passagem parcial.
Falhas se repetem em dois dias seguidos e deixam ao menos cinco bairros com coleta ausente ou incompleta.
O serviço é executado pela empresa terceirizada CTA Empreendimentos Eireli, que já enfrentou paralisações recentes por questões de segurança nos caminhões e falta de frota. Funcionários relataram quebra de acordos e insuficiência de veículos, enquanto cresce a possibilidade de uma nova greve a partir desta quarta-feira.
A resposta do poder público
Plano de contingência em campo
A Semasa acionou uma força-tarefa emergencial. Equipes próprias, com apoio das Secretarias de Serviços Públicos e de Obras, colocaram caçambas e caminhões para cobrir áreas negligenciadas e reduzir o acúmulo visível nas calçadas.
Monitoramento on-line apontou paradas de caminhões; o plano de contingência foi ativado para evitar que o lixo se acumulasse por mais dias.
Segundo a direção da autarquia, o controle de rota em tempo real permitiu acionar rapidamente a operação paralela quando os veículos da contratada passaram a interromper as coletas.
O que diz a CTA
A empresa atribuiu atrasos à ausência de parte dos colaboradores e afirmou ter contratado oito novos funcionários para recompor as equipes. Garantiu que os caminhões estão passando “em todos os bairros”, mas relatos de moradores e o monitoramento municipal apontam falhas pontuais e percursos incompletos.
Contrato perto do fim e nova licitação
A prefeita Carmen Zanotto já havia anunciado: o contrato com a CTA não será renovado por descumprimento de cláusulas. A Semasa confirma que a vigência atual vai até 11 de dezembro, com um processo licitatório em andamento para substituição da prestadora.
Data-limite: 11 de dezembro. A cidade corre contra o tempo para contratar uma nova empresa e evitar novos apagões na coleta.
O que o morador pode fazer agora
Relato rápido ajuda a calibrar as rotas
Quando o caminhão não passa no dia previsto, o registro do endereço acelera a resposta da equipe de contingência. A Semasa abriu canais diretos; a CTA também mantém um telefone de atendimento.
- Semasa: (49) 3019-7426
- Semasa WhatsApp: (49) 99836-1691
- CTA: (49) 3380-1521
Ao informar o endereço, cite rua, número, ponto de referência e quando foi a última coleta concluída.
Como armazenar o lixo com segurança
- Feche bem os sacos e use dois sacos para resíduos orgânicos úmidos.
- Mantenha os volumes na sombra, dentro do quintal ou condomínio, longe de ralos.
- Seque restos de alimentos com papel antes de descartar para reduzir odor e chorume.
- Separação ajuda: recicláveis limpos podem esperar mais tempo sem gerar mau cheiro.
- Evite colocar sacos diretamente na rua durante a noite para não espalhar resíduos.
Risco sanitário e impacto na cidade
Interrupções na coleta criam ambiente propício para vetores urbanos, como moscas e roedores. Em dias mais quentes, a decomposição acelera e aumenta o volume de chorume, que pode escoar para bocas de lobo e atrair animais. Condomínios e comércios que geram grande volume de resíduos orgânicos sentem o efeito primeiro, com reclamações de odor e acúmulo nas áreas comuns.
Para o trânsito, sacos espalhados podem obstruir calçadas e forçar pedestres a caminhar na rua. Ruas com morros e valetas também acumulam resíduos após chuva, o que exige recolhimento emergencial com caçambas — custo adicional para o município.
Linha do tempo e próximos passos
| Data | Ocorrência | Ação do poder público |
|---|---|---|
| Segunda (3) | Falhas de coleta em vários bairros | Semasa identifica paradas e prepara contingência |
| Terça (4) | Persistência dos atrasos e trechos sem atendimento | Força-tarefa com caçambas e equipes próprias |
| Quarta (5) | Risco de nova greve relatado por funcionários | Monitoramento reforçado e rotas alternativas |
| 11 de dezembro | Término do contrato com a CTA | Nova licitação em curso para substituir a prestadora |
Quem perde quando a coleta falha
O impacto recai diretamente sobre o morador, que precisa retomar a rotina com o mínimo de previsibilidade. Comerciantes de alimentos ajustam a frequência de descarte e podem ter custos extras com armazenamento temporário. Já o município arca com horas adicionais de equipes e deslocamento de máquinas fora do cronograma, o que pressiona o orçamento.
A descontinuidade também corrói a confiança na logística do serviço. Em contratos de limpeza urbana, cláusulas de desempenho costumam prever indicadores de cobertura, pontualidade e disponibilidade de frota. Quando não são cumpridas, surgem sanções, glosas e, em último caso, a substituição da empresa — movimento que Lages já prepara.
Como se proteger enquanto a transição não chega
Pequenas mudanças que reduzem o transtorno
- Adote dias fixos para separar recicláveis secos e mantenha-os em caixas bem ventiladas.
- Congele restos orgânicos em pequenos potes até a coleta voltar ao ritmo normal.
- Junte-se aos vizinhos para organizar um ponto interno de armazenamento, fora da via pública.
- Registre cada falha com foto e horário; isso ajuda a comprovar recorrência e priorizar sua rua.
O que observar na nova contratação
Ao acompanhar a troca de prestadora, vale ficar atento a três pontos: transparência do cronograma, metas de desempenho publicadas e canais de atendimento responsivos. Municípios que adotam rastreamento aberto de rotas e janelas de coleta mais curtas reduzem reclamações e melhoram a previsibilidade para o morador.
Quando a rota e a janela de horário são claras, o morador organiza o descarte e a rua permanece limpa por mais tempo.
Outra frente é a educação para o descarte: campanhas simples sobre segregação e horários podem diminuir o volume de orgânicos expostos e reduzir o risco de animais rasgarem sacos. Essa estratégia custa menos do que horas extras de recolhimento emergencial e melhora a limpeza das vias, mesmo em dias críticos.


