Quem cruza a serra percebe mudanças diárias: máquinas, desvios e novas estruturas já alteram a rotina de quem dirige.
Na Via Dutra, entre Rio e São Paulo, a Serra das Araras passa por um redesenho raro em rodovias brasileiras. O canteiro ganhou ritmo, a sinalização ficou mais intensa e as frentes de obra avançam em vários pontos do trecho.
O que muda no traçado
A concessionária RioSP redesenha o segmento mais sensível da Dutra com novas pistas de subida e descida, cada uma com 8 km, separadas fisicamente e com geometrias mais favoráveis. O projeto prevê quatro faixas por sentido para organizar o fluxo e reduzir conflitos entre carros, ônibus e caminhões. O limite de velocidade previsto no novo traçado será de 80 km/h, com foco em previsibilidade e redução de tempos de viagem.
Subida sentido São Paulo terá metade pronta no começo do próximo ano, abrindo espaço para intervenções na via atual.
O pacote inclui 24 viadutos no total, três passarelas para pedestres e duas rampas de escape na descida, voltadas a caminhões que enfrentam superaquecimento de freios. A previsão de conclusão das duas pistas segue apontando para 2027, caso o cronograma mantenha o atual ritmo.
Viadutos entram antes e aliviam o gargalo
Oito viadutos entram em operação no início de 2026 no sentido São Paulo. Eles já absorvem parte do fluxo de subida e liberam frentes para mexer na pista existente, reduzindo retenções no pico da tarde e da noite.
Oito viadutos novos começam a operar no início de 2026 para aliviar a subida da Serra das Araras rumo a SP.
Andamento e força-tarefa
As obras começaram em abril de 2024 e atingiram 50% de execução em outubro de 2025. O terreno complexo exige coordenação fina e uso de estruturas pré-moldadas para dar velocidade à implantação.
- 34 frentes de trabalho ativas atuam em terraplenagem, drenagem, contenções e estruturas.
- 2.500 colaboradores se revezam em turnos diurno e noturno para manter o cronograma.
- 210 vigas de viadutos já foram produzidas; 102 delas estão lançadas sobre os pilares.
- Uma fábrica de vigas dentro do canteiro, em Paracambi, reduz transporte e acelera a montagem.
Fábrica de vigas em Paracambi
A instalação industrial no próprio canteiro encurta prazos, diminui riscos logísticos e otimiza o uso de guindastes na hora do lançamento. O modelo também facilita a padronização das peças e o controle de qualidade, item crítico em viadutos com vãos longos e cargas pesadas.
Produção e montagem no canteiro, em Paracambi, encurtam prazos e reduzem movimentos pesados na Dutra.
Interdições e como circular
Para escavar e estabilizar taludes, equipes realizam desmontes de rocha com técnica de “fogo cuidadoso”. O método controla vibração e ruído, protegendo estruturas próximas e reduzindo incômodo para moradores e motoristas.
- Dias e horários: segunda a quinta, das 13h às 15h.
- Trecho: fechamento temporário da pista de subida, na altura do km 225 (Paracambi).
- Coordenação: operação alinhada com PRF, prefeituras lindeiras e órgãos técnicos.
- Fluxo mantido: a pista de descida, sentido RJ, permanece liberada nessas janelas.
Fechamento da subida no km 225 ocorre de segunda a quinta, das 13h às 15h; descida segue operando.
Serviço ao motorista
- Planeje a viagem evitando a janela de 13h–15h (seg–qui) na subida.
- Acompanhe a sinalização de obra e painéis de mensagens com rotas alternativas e estimativas de fechamento.
- Use aplicativos de navegação; os sistemas recalculam trajetos durante as intervenções.
Linha do tempo e entregas
| Marco | O que acontece |
|---|---|
| Abril de 2024 | Início das obras do novo traçado na Serra das Araras |
| Maio de 2025 | Primeiro viaduto liberado |
| Início de 2026 | Entrada em operação de mais 8 viadutos na subida (sentido SP) |
| 2027 | Previsão de entrega das duas pistas concluídas |
Por que isso afeta você
A Serra das Araras é o gargalo mais sensível do eixo Rio–São Paulo, que concentra grande parte do transporte de passageiros e cargas no país. Quando a capacidade aumenta e a geometria melhora, ônibus e caminhões ganham regularidade, e a logística fica menos sujeita a filas por causa de ultrapassagens lentas ou frenagens em curvas acentuadas. Rampas de escape na descida adicionam uma camada importante de proteção aos caminhoneiros que perdem o freio em trechos longos.
Com limite de 80 km/h e fluxo distribuído por quatro faixas, a tendência é reduzir tempos de travessia. Em condições ideais, um trecho de 8 km leva cerca de 6 minutos a 80 km/h. Quem hoje roda a 40 km/h na serra gasta o dobro. Essa diferença, multiplicada por milhares de viagens, repercute no custo do frete e no preço final de mercadorias.
Meta operacional: organizar o fluxo, reduzir o tempo de viagem e elevar a segurança de quem depende da Dutra todos os dias.
Detalhes técnicos que fazem diferença
Rampa de escape
As duas rampas de escape na descida funcionam como faixas cheias de material granular. O piso cria resistência e pára o caminhão com segurança quando os freios perdem eficiência. Equipes mantêm essas áreas sempre desobstruídas e sinalizadas para uso imediato.
Geometria e velocidade
Curvas mais abertas, greides ajustados e barreiras rígidas aumentam a margem de segurança. O limite de 80 km/h busca um equilíbrio entre fluidez e reação do motorista em cenários de tráfego pesado ou chuva frequente na serra.
Blasting controlado
O “fogo cuidadoso” usa cargas menores, iniciações fracionadas e monitoramento de vibração em tempo real. A prática diminui riscos a encostas, reduz impacto sonoro e permite reabrir a via no menor tempo possível.
O que esperar nos próximos meses
Mais lançamentos de vigas e concretagens de tabuleiros devem marcar o calendário até o primeiro trimestre de 2026. Com a ativação dos oito viadutos na subida, a RioSP ganha janela para intervir na pista antiga, refazendo pavimento, drenagem e contenções. A cada etapa liberada, o trânsito tende a se distribuir melhor, inclusive nos fins de semana.
Para caminhoneiros, a orientação é reforçar checagens de freio antes da descida, respeitar a sinalização de velocidade e ficar atento às mensagens dos painéis. Motoristas de carros e ônibus devem manter distância segura, usar marchas apropriadas nas rampas e observar acessos temporários aos canteiros. Em caso de chuva intensa, o trecho pode operar com redução de ritmo, mesmo com os viadutos novos em uso.


