Prazos apertados, votações virtuais e uma proposta que mexe direto na mesa do servidor público mobilizam a base.
Filiados do Sindsep-PE decidiram pela aceitação de um reajuste no auxílio-alimentação proposto pelo Governo Federal. A posição acompanha a maioria das entidades ligadas à Condsef/Fenadsef e mantém a pressão por outras pautas salariais e de benefícios.
Como a decisão se formou
A assembleia virtual desta terça-feira (04) reuniu trabalhadoras e trabalhadores federais em Pernambuco. A maioria votou por acatar o reajuste de 17,5% no auxílio-alimentação. A deliberação segue a tendência nacional nas bases da Condsef/Fenadsef.
O novo valor ainda depende da resposta das demais entidades com assento na Mesa Nacional de Negociação. O prazo para retorno termina nesta quarta-feira (05). O governo aguarda o consolidado para dar sequência aos trâmites.
Se a proposta avançar, o auxílio-alimentação passa para R$ 1.175, com início de pagamento em dezembro.
O sindicato reforçou que a negociação não se encerra com o vale. A agenda inclui pontos antigos da categoria e medidas de proteção no trabalho.
O que muda no seu bolso
O auxílio-alimentação pode chegar a R$ 1.175 por mês. O valor alivia despesas diárias com refeição, sobretudo em capitais onde a alimentação encareceu. Desde 2023, o benefício saiu de R$ 458 para o patamar proposto, o que soma 156,55% de alta acumulada no atual governo.
O ciclo de recomposição do benefício reverte seis anos de congelamento herdados até o começo de 2023.
Valores e prazos em uma visão rápida
| Benefício | Situação anterior | Ajuste anunciado | Valor atual/projetado | Quando entra |
|---|---|---|---|---|
| Auxílio-alimentação | R$ 458,00 (maio/2023); congelado por 6 anos antes | +17,5% (nova rodada) | R$ 1.175,00 (se aprovado) | Dezembro/2024 |
| Auxílio pré-escolar | Teto de R$ 321,00 | +51% em 2024 | Teto de R$ 484,90 | 2024 |
| Assistência à saúde suplementar | Média de R$ 144,00 | Variação de 5% a 100% (média superior a 50%) | Média de R$ 215,00 | 2024 |
Exemplos práticos para planejar o mês
- Rotina de 22 dias úteis com gasto de R$ 35 por dia soma R$ 770. Com R$ 1.175, sobra margem para lanches e ajustes de preço.
- Em locais com refeição a R$ 45, a conta mensal vai a R$ 990. O novo valor cobre o essencial e reduz o aperto no fim do mês.
- Quem recebe adicional de jornada ou trabalha em campo pode combinar o vale com políticas internas de diárias, quando cabíveis.
O auxílio tem natureza indenizatória e não compõe o vencimento básico. Ele não se incorpora à aposentadoria. Cada órgão define regras de concessão e eventuais integrações com programas de alimentação locais.
Outros pontos que seguem na pauta
A direção do Sindsep-PE informou que continuará a pressionar por medidas complementares. A extensão do chamado “auxílio nutrição” a aposentados entrou como prioridade na agenda. A qualidade e o financiamento dos planos de saúde coletivos também estão na mira, com foco na redução de coparticipações e ampliação de rede.
A pauta mira reduzir custos de saúde da categoria e ampliar a cobertura para quem já se aposentou.
Convenção 151 e regras de greve voltam ao centro
Segue em elaboração a proposta para regulamentar a Convenção 151 da OIT. O texto estrutura um processo permanente de negociação entre governo e entidades representativas no serviço público. O projeto também define parâmetros para o exercício do direito de greve previsto na Constituição de 1988.
Um grupo de trabalho interministerial, com bancadas sindical e governista, discutiu a minuta. O Executivo avalia o melhor momento para enviar o PL ao Congresso. A correlação de forças no Legislativo exige mobilização coordenada das categorias.
Regulamentar a 151 dá previsibilidade às mesas, cria prazos e reduz a necessidade de conflitos prolongados.
O que já mudou desde 2023
Com a retomada da Mesa Nacional de Negociação Permanente e das mesas setoriais, as categorias do funcionalismo federal conquistaram um reajuste linear de 9% em 2023. A medida rompeu um período longo de congelamento na maior parte das carreiras.
Depois, 53 termos de acordo estabeleceram novas faixas de aumento entre 2025 e 2026. O objetivo foi assegurar ganho real frente à inflação projetada para 2023-2026. Em paralelo, o governo elevou o teto do auxílio pré-escolar e reestruturou a assistência à saúde suplementar, que hoje beneficia cerca de 876 mil pessoas entre ativos, aposentados, dependentes e pensionistas.
A administração federal também abriu mais de 15 mil vagas por concurso em mais de 70 órgãos. A recomposição do quadro atende demandas reprimidas por pessoal e melhora a entrega de serviços ao público.
Calendário e próximos passos
As entidades têm até esta quarta (05) para validar ou rejeitar a proposta de 17,5% no auxílio-alimentação. Se houver consenso, a implementação ocorre em dezembro. A orientação é acompanhar comunicados oficiais do órgão de lotação e do sindicato para conferir cronograma e detalhamento no contracheque.
Como tirar melhor proveito do novo valor
Planejar a alimentação por semana ajuda a evitar desperdício. Vale priorizar restaurantes com preço fixo, usar o benefício em horários com menor movimento e negociar convênios internos quando o órgão tiver cantina ou refeitório. Em cidades com refeição mais cara, montar marmitas em parte da semana reduz a média diária.
Quem tem despesas com filhos pode combinar o novo vale com o teto atualizado do auxílio pré-escolar. Já no caso da assistência à saúde, vale simular faixas etárias e redes credenciadas para saber se a média de R$ 215 cobre o plano ofertado. A variação por perfil é ampla e nem sempre a opção mais barata oferece atendimento próximo.
O que observar no debate legislativo
O envio da regulamentação da Convenção 151 tende a afetar o calendário de negociações nos próximos anos. Prazos formais e previsibilidade de dados orçamentários dão mais segurança para fechar acordos plurianuais, como os previstos para 2025 e 2026. A disputa política no Congresso pode atrasar a tramitação, o que exige presença constante das entidades nas comissões temáticas.
Para o servidor, acompanhar essas etapas evita surpresas no fim do ano. Mudanças em benefícios costumam exigir portarias, normativos de gestão de pessoas e ajustes nos sistemas de folha. Conferir esses atos administrativos garante que o valor aprovado chegue sem erro ao pagamento mensal.


