Seu café da manhã em risco: agência Anvisa suspende Vibe Coffee por 7 falhas sanitárias no ES

Seu café da manhã em risco: agência Anvisa suspende Vibe Coffee por 7 falhas sanitárias no ES

Consumidores que valorizam cafés especiais podem enfrentar uma reviravolta no hábito diário, com dúvidas sobre origem e segurança.

A suspensão de um rótulo popular do nicho acendeu um sinal amarelo em cafeterias, e-commerces e prateleiras, com foco em licenças, rastreabilidade e higiene.

O que motivou a decisão

A Anvisa determinou a suspensão da comercialização, distribuição, fabricação, propaganda e uso dos produtos da marca de café especial Vibe Coffee. A medida ocorreu após inspeção que apontou falhas sanitárias e ausência de regularizações obrigatórias para operação do negócio.

A agência interrompeu todas as etapas do negócio — do fabrico à propaganda — até que a empresa comprove adequações e a regularidade exigida.

Segundo o relatório de fiscalização, o quadro envolveu tanto questões de documentação quanto de práticas rotineiras de produção. Essas lacunas afetam a confiança do consumidor e comprometem o controle de qualidade do lote do grão até a embalagem final.

Irregularidades identificadas

  • Ausência de licença sanitária vigente para a atividade;
  • Falta de regularização dos produtos perante a vigilância sanitária competente;
  • Inexistência de rastreabilidade dos lotes;
  • Ausência de Procedimentos Operacionais Padrão (POPs);
  • Condições inadequadas de higienização e de rotina de limpeza;
  • Não conformidade com boas práticas de fabricação (BPF);
  • Controles internos insuficientes para garantir segurança e integridade do produto.

Como a fiscalização aconteceu

As irregularidades foram verificadas pelo Núcleo Especial de Vigilância Sanitária (NEVS), vinculado à Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo. O núcleo realizou inspeção in loco e apontou falhas estruturais e de processo, incluindo a ausência de documentos e rotinas indispensáveis para a produção de alimentos.

O NEVS/SESA-ES constatou problemas de rastreabilidade e POPs, pilares básicos para prevenir contaminações e recalls silenciosos.

O que diz a Vibe Coffee

A empresa afirma que não foi notificada sobre a proibição e que não possui autos de infração, notificações ou processos administrativos em curso na Anvisa. De acordo com a marca, ela própria solicitou uma inspeção da Vigilância Sanitária Estadual para receber orientações técnicas com vistas à emissão do alvará sanitário.

Segundo comunicado da Vibe Coffee, a inspeção detectou falhas estruturais e a ausência de alguns POPs. A empresa diz ter iniciado obras e ajustes e prevê concluir as adequações até a próxima sexta-feira (7).

A Vibe Coffee informa que está executando adequações e busca o alvará sanitário, com prazo interno para finalizar obras até o dia 7.

O que muda para quem já comprou

Quem possui produtos da Vibe Coffee em casa deve priorizar a segurança e a guarda de informações de compra. Em medidas como essa, o caminho mais prudente inclui registrar dados, acompanhar comunicados oficiais e acionar o ponto de venda para orientações.

  • Guarde a nota fiscal, a embalagem e o número do lote;
  • Verifique prazo de validade e condições de armazenamento;
  • Procure o atendimento do varejista para orientações sobre troca ou reembolso;
  • Acompanhe atualizações da vigilância sanitária do seu estado e da Anvisa;
  • Registre reclamação nos canais oficiais de defesa do consumidor se necessário.

Como verificar a regularidade do seu café

Alguns sinais no rótulo ajudam a avaliar a conformidade do produto e a origem da torrefação. A ausência desses itens aumenta o risco de problemas na cadeia.

  • CNPJ do fabricante ou da torrefação e endereço completo;
  • Identificação do lote e data de fabricação e validade;
  • Canal de atendimento (SAC) e informações de contato;
  • Indicação clara do peso líquido e da composição (grãos, moído, adição de aromatizantes);
  • Informações sobre origem e perfil do grão quando declarados (ex.: arábica, microlote).

Impactos para cafeterias e microtorrefações

Medidas de interdição atingem não só o fabricante, mas também quem revende. Cafeterias e e-commerces que oferecem o rótulo precisam suspender a venda, separar estoques e aguardar orientações. O episódio reforça a necessidade de due diligence no relacionamento com fornecedores, inclusive visitas técnicas e checagem de licenças.

Para microtorrefações, o caso mostra que processos formais e registros consistentes são tão decisivos quanto a seleção de grãos. Investimentos em BPF, limpeza, calibração de equipamentos, controle de lote e treinamento de equipe reduzem riscos operacionais e preservam a marca diante de auditorias.

Linha do tempo e órgãos envolvidos

Fato Data/Órgão
Inspeção com identificação de irregularidades NEVS/SESA-ES (Espírito Santo)
Suspensão de fabricação, venda, distribuição, propaganda e uso Anvisa, segunda-feira (3)
Previsão de conclusão de adequações informada pela empresa Sexta-feira (7), segundo Vibe Coffee

Entenda: boas práticas, rastreabilidade e POPs

Boas Práticas de Fabricação estruturam a rotina da torrefação: limpeza programada, controle de pragas, qualidade da água, manutenção de maquinário e higiene de colaboradores. Sem essas rotinas, o risco de contaminação física, química e microbiológica aumenta.

A rastreabilidade liga cada embalagem a um lote específico, indicando origem, data de torra e caminho logístico. Esse elo permite recolher produtos rapidamente caso surja um desvio, protegendo consumidores e estabelecimentos comerciais.

Os Procedimentos Operacionais Padrão detalham passo a passo tarefas críticas, como higienização de moinhos, envase, armazenamento e fluxo de material. POPs reduzem variações, criam previsibilidade e facilitam treinar equipes e auditar o processo.

Riscos e cuidados que o consumidor pode adotar

Irregularidades de processo nem sempre resultam em dano imediato, mas elevam a incerteza sobre cada lote. Café apresenta baixa atividade de água depois de torrado, o que dificulta crescimento de microrganismos. Mesmo assim, falhas de limpeza e armazenamento podem favorecer impurezas, odores estranhos e perda acelerada de qualidade sensorial.

Para reduzir riscos, armazene o café em local fresco, seco e ao abrigo da luz, com a embalagem bem vedada. Prefira embalagens com válvula unidirecional em cafés recém-torrados. Desconfie de rótulos sem dados completos e de preços muito abaixo da faixa praticada para cafés especiais.

O que acompanhar daqui para frente

Consumidores e lojistas devem observar comunicados da Anvisa e da vigilância estadual sobre eventuais recolhimentos formais. A empresa reportou que realiza obras e ajustes, e a documentação de regularização pode redefinir o status do produto. Até lá, a suspensão vale para todas as etapas da cadeia.

Para quem atua no mercado, este caso funciona como check-list real: licenças atualizadas, POPs assinados e treinados, registros de limpeza, rastreabilidade de lote e monitoramento de fornecedores. Esses itens formam a linha de defesa que evita interrupções, perdas financeiras e desgaste de reputação.

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *