Campinas encara um passo ousado no futebol. O Majestoso ganha projeto que promete mudar a rotina de jogos e shows.
Apresentado ao Conselho Deliberativo, o plano prevê reconstrução do Estádio Moisés Lucarelli em padrão de arena multiuso, com investimento privado e novas capacidades para partidas e eventos.
O que está na mesa
A Ponte Preta, atual campeã da Série C, iniciou o movimento para transformar sua casa histórica em uma arena moderna. As imagens do projeto, divulgadas pela gestora Quadra Capital, mostram um “novo Majestoso” com operações atualizadas, áreas comerciais e configuração flexível para receber futebol e entretenimento ao vivo.
O investimento estimado é de R$ 400 milhões, com foco em modernização, segurança, acessibilidade e viabilidade financeira de longo prazo.
O estádio, hoje autorizado para cerca de 19,2 mil lugares, deve alcançar 21 mil em jogos. Para shows e eventos, a capacidade poderá subir para 38 mil pessoas, graças a adaptações de gramado e áreas temporárias. A proposta foi mostrada aos conselheiros e caminha para detalhamentos técnicos, jurídicos e financeiros.
Capacidade e uso do espaço
Os números já apresentados definem um salto na possibilidade de receita por evento. A configuração variável permite operar em dois formatos, sem descaracterizar o campo em partidas.
| Configuração | Capacidade estimada |
|---|---|
| Hoje | 19,2 mil pessoas |
| Jogos após a reconstrução | 21 mil pessoas |
| Shows e eventos | Até 38 mil pessoas |
A versatilidade da arena abre agenda para mais datas no calendário anual, com impactos diretos em receitas e ocupação urbana.
Quem banca e como
A Quadra Capital, parceira da Ponte Preta, atua na gestão de recursos via fundos de investimento. Em projetos do tipo, o mercado costuma adotar estruturas com Sociedade de Propósito Específico, emissão de cotas ou debêntures incentivadas e receitas futuras como garantia.
O clube e a gestora não detalharam o modelo de negócio. A tendência do setor aponta para um mix de fontes de caixa, combinado com concessões comerciais de médio e longo prazo.
- Naming rights do estádio e dos setores premium;
- Camarotes, cadeiras cativas e hospitalidade corporativa;
- Lojas, alimentação, tours e experiências em dias sem jogo;
- Calendário de shows e eventos corporativos;
- Exploração de estacionamentos e ativos digitais.
Cronograma e próximos passos
Com a apresentação interna concluída, o projeto entra na fase de definições práticas. Há uma sequência típica antes do início de obra, que envolve licenças, contratos e planejamento operacional.
- Detalhamento do projeto executivo e estudos de impacto;
- Licenciamento urbanístico e ambiental junto à prefeitura;
- Contratação do consórcio de engenharia e construção;
- Estruturação financeira e garantias de performance;
- Plano de transição do calendário do time e dos eventos.
Preservação da memória
A entidade do estádio será mantida, com proteção a elementos arquitetônicos e culturais. O Majestoso carrega valor afetivo, e a proposta sinaliza que o novo desenho respeitará símbolos e referências históricas do Moisés Lucarelli.
Impacto para o torcedor e para a cidade
Uma arena atualizada muda a experiência de quem frequenta jogos e shows. A tendência é oferecer melhor visibilidade, fluxos mais eficientes, acessos acessíveis, venda digital integrada e serviços que reduzam filas. A operação também costuma ampliar a presença de famílias, com áreas setorizadas e controle de público.
Campinas ganha um polo de eventos capaz de atrair grandes turnês e congressos. Esse movimento aciona cadeias de hotelaria, alimentação, transporte por aplicativo e comércio local. Em contrapartida, surgem preocupações com trânsito, som e uso do solo, geralmente tratadas em planos de mobilidade e de vizinhança.
- Empregos diretos na obra e na operação;
- Captação de eventos de grande porte e turismo regional;
- Arrecadação tributária incremental para o município;
- Risco de congestionamento em dias de pico e necessidade de rotas;
- Mitigação de ruído e horários com regras claras para shows.
Como o projeto conversa com o bairro
O entorno do Moisés Lucarelli precisa de um plano de fluxo que envolva transporte público especial, bolsões de estacionamento terceirizados e sinalização inteligente em dias de evento. Programas de compras com comércios do bairro e política de ingressos sociais ajudam a distribuir ganhos e reduzir tensões.
O que o torcedor pode esperar
Arena moderna inclui operações digitais, setores temáticos e pontos de venda diversificados. A comodidade sobe, mas a gestão precisa equilibrar o preço médio do ingresso com a ocupação do estádio. O novo Majestoso tende a aprofundar a relação com programas de sócio-torcedor, oferecendo camadas de benefícios alinhadas à nova infraestrutura.
Outra frente envolve o conteúdo em dias sem jogo. Visitas guiadas, museu do clube, experiências no gramado e eventos corporativos ocupam a agenda e diluem custos fixos. Essa estratégia dá estabilidade financeira e conserva o estádio como espaço vivo da cidade.
Questões a acompanhar
A comunidade deve observar pontos-chave da modelagem: prazo de obras, garantias de entrega, preservação de patrimônio, política de preços e regras para uso de áreas públicas no entorno. Transparência nesses itens ajuda a alinhar expectativas e reduz conflitos ao longo da construção.
Para dimensionar a viabilidade, o caminho é olhar a equação receita–custo por tipo de evento. Em geral, clubes e parceiros cruzam ocupação média, ticket médio, serviços embarcados, aluguel para shows e a sazonalidade do calendário. A arena com 38 mil pessoas em formato de espetáculo amplia o potencial, mas exige logística robusta, seguros e acordos de convivência com o bairro.
Por que a preservação pesa na conta
Manter elementos históricos fortalece o pertencimento e o apelo comercial. Produtos oficiais, experiências temáticas e ativações com ex-jogadores ganham valor quando o torcedor reconhece sua história nas novas estruturas. A proposta de resguardar a essência do Majestoso mira esse equilíbrio entre memória e receita.
O “novo” Majestoso busca unir tradição e caixa. A ideia é competir com arenas atuais sem apagar a identidade pontepretana.
Quem planeja a visita deve esperar mudanças nos acessos, orientação de assentos e serviços. Vale acompanhar comunicados do clube para entender realocações temporárias durante a obra e eventuais programas de compensação para sócios afetados. A fase de transição costuma oferecer alternativas como jogos em outras praças, redução de capacidade em determinadas etapas ou liberação setorial organizada.
No médio prazo, a arena tende a fortalecer a presença da Ponte Preta na cidade e no mercado de eventos. O desenho multiuso dá resiliência de receitas, reduz a dependência do calendário esportivo e amplia a relevância de Campinas no circuito nacional de espetáculos.


