Ventos de 100 km/h e 100 mm de chuva em SC e RS: você e sua família estão prontos para sexta-feira?

Ventos de 100 km/h e 100 mm de chuva em SC e RS: você e sua família estão prontos para sexta-feira?

O tempo virou de uma hora para outra no sul. Céu pesado, mar mexido e preocupação crescente entre moradores e viajantes.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu aviso de perigo para Santa Catarina e Rio Grande do Sul a partir das 22h desta quinta-feira (6). Um ciclone extratropical avança pela região na sexta (7), com ventos que podem alcançar 100 km/h e chuva volumosa. O potencial de danos inclui falta de energia, alagamentos, queda de árvores e granizo.

O que muda entre a noite de quinta e o sábado

A formação do sistema ocorre no território gaúcho e se desloca por Santa Catarina ao longo de sexta. A frente fria associada também organiza áreas de instabilidade sobre o Uruguai, Paraná, leste da Argentina e sul do Paraguai. Em Santa Catarina, Epagri/Ciram projeta maiores acumulados entre a Grande Florianópolis, a serra e o litoral sul.

Período Fenômenos predominantes Rajadas previstas Chuva Áreas mais afetadas
Quinta (6), à noite Instabilidade crescente, raios, pancadas isoladas 50 a 70 km/h Moderada Metade sul do RS e litoral sul de SC
Sexta (7), madrugada e manhã Temporal, granizo local, rajadas fortes 70 a 100 km/h Forte, até 100 mm/dia Campanha, região metropolitana de Porto Alegre, serra gaúcha, Grande Florianópolis e serra catarinense
Sexta (7), tarde e noite Chuva persistente, mar agitado, ressaca 60 a 90 km/h Moderada a forte Litoral norte do RS, litoral centro-sul e sul catarinense
Sábado (8) Nuvens densas, chuva a qualquer hora Podem superar 80 km/h Fraca a moderada Faixa litorânea e planalto de SC e RS

Rajadas podem chegar a 100 km/h na sexta (7), com volumes de até 100 mm em 24 horas e chance de granizo.

Por que um ciclone extratropical preocupa

Ciclones extratropicais nascem em contraste entre massas de ar. A frente fria organiza nuvens profundas e cria um corredor de vento. Quando o centro se aproxima da costa, o mar reage com ressaca e ondas altas. Quando o núcleo cruza o continente, a turbulência ganha força, com pancadas intensas, raios e granizo.

O jato de baixos níveis acelera a umidade da Argentina e do Paraguai para o sul do Brasil, alimentando as tempestades. O relevo da serra favorece volumes maiores na encosta, o que aumenta o risco de escorregamentos. Em áreas urbanas, a impermeabilização acelera alagamentos.

Regiões de maior risco em Santa Catarina

Grande Florianópolis, serra e litoral sul concentram maior potencial de chuva. Encostas e bairros com drenagem deficiente pedem atenção. A maré combinada com o vento pode represar a água em estuários, o que dificulta o escoamento e favorece pontos de alagamento prolongado.

Efeitos esperados no rio grande do sul

O sistema nasce em solo gaúcho e organiza temporais desde a campanha até a região metropolitana de Porto Alegre. A serra gaúcha pode registrar rajadas fortes, enquanto o litoral norte sente a ressaca com mais intensidade no fim da sexta.

Impactos esperados no dia a dia

  • Energia: redes aéreas ficam vulneráveis a queda de galhos e objetos soltos.
  • Trânsito: pistas escorregadias e baixa visibilidade aumentam o risco de colisões e interdições.
  • Portos e pesca: mar grosso e ressaca podem suspender saídas e operações.
  • Aeroportos: rajadas fortes exigem alternâncias de procedimentos e ajustes de malha.
  • Agro: ventos e granizo trazem perdas em hortaliças, frutas e estruturas de estufa.
  • Faixa costeira: erosão pontual de praia e avanço de maré em áreas baixas.

Em caso de emergência, acione 199 (Defesa Civil) ou 193 (Corpo de Bombeiros). Mantenha-se em local seguro e siga orientações oficiais.

Como agir agora

  • Recolha objetos soltos em varandas e quintais. Feche bem janelas e portas.
  • Revise calhas, ralos e pontos de escoamento para evitar refluxo.
  • Carregue celular e lanternas. Tenha pilhas e água potável à mão.
  • Evite usar aparelhos eletrônicos ligados à tomada durante raios.
  • Não estacione perto de árvores, torres de transmissão e placas de propaganda.
  • Durante rajadas, não se abrigue sob árvores. O risco de queda e descargas elétricas aumenta.
  • Motoristas: reduza a velocidade e não atravesse áreas alagadas. Pequenas lâminas de água já tiram a aderência.
  • Moradores de encosta: observe trincas, portas emperradas e água barrenta. Ao primeiro sinal de deslizamento, saia do local.
  • Barcos e esportes náuticos: adie a saída. Mar agitado e ressaca elevam o perigo.

O que esperar do sábado e do pós-frontal

O centro do ciclone se afasta, mas o campo de vento ainda canaliza rajadas e nuvens densas sobre o litoral. A temperatura cai, o que mantém a sensação de frio com vento sul e sudeste. O mar continua mexido, e a ressaca pode persistir por algumas marés, até que o vento perca força.

Áreas com solo encharcado seguem suscetíveis a deslizamentos retardados. Estradas secundárias em vales e serras merecem cautela por queda de barreiras. Equipes de limpeza urbana priorizam desobstruções de bueiros e retirada de galhos; moradores podem colaborar não descartando resíduos em vias e calçadas.

Como funcionam os avisos e o que significa perigo laranja

O Inmet usa três níveis: amarelo (perigo potencial), laranja (perigo) e vermelho (grande perigo). No nível laranja, a probabilidade de danos cresce e o evento pode causar transtornos amplos, com risco para serviços essenciais e deslocamentos. O cenário atual junta vento forte, chuva volumosa e granizo, combinação típica de ciclone extratropical atuando com frente fria ativa.

Ciclone extratropical não é furacão, mas exige respeito

Ao contrário de um ciclone tropical, que tira energia do oceano quente e tem olho bem definido, o extratropical nasce de contrastes de temperatura e se apoia em frentes e jatos de altitude. Mesmo sem “olho”, pode produzir vento intenso, linhas de instabilidade com raios e queda brusca de pressão. Em costa recortada como a do sul do Brasil, a canalização do relevo intensifica rajadas em vales e serras.

Informações adicionais para quem mora em áreas sensíveis

Uma sequência de 60 mm nas últimas 24 horas somada a mais 40 mm em curto período aumenta a chance de escorregamentos em encostas saturadas. Famílias em morros e beiras de rio devem definir pontos de encontro, separar documentos em capa plástica e mapear rotas seguras até abrigo oficial. Condomínios podem desenergizar áreas comuns externas durante tempestades com raios e manter geradores com combustível para eventual falta de luz.

Produtores rurais podem proteger telados e estufas com amarrações extras e conferir o escoamento de açudes. No litoral, quiosques móveis e guarda-sóis devem sair da faixa de areia. Quem planeja viagem pela serra deve considerar alternar horários para escapar das janelas de vento mais forte e acompanhar boletins de trânsito. Manter-se atualizado com comunicados da Defesa Civil e de órgãos meteorológicos reduz o risco e ajuda a tomar decisões rápidas.

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