Para quem depende do ônibus, a próxima semana reserva mudanças silenciosas nas paradas, nos trajetos e no conforto diário.
A Prefeitura de São Paulo apresentou, nesta segunda-feira (3), um novo lote de veículos elétricos para as linhas gerenciadas pela SPTrans. A cerimônia ocorreu na Praça Charles Miller, em frente ao Pacaembu, e reuniu fabricantes, operadores e gestores do transporte.
O que foi apresentado
São 60 ônibus elétricos que entram na frota municipal a partir de novembro de 2025. O evento também celebrou um marco simbólico: a chegada do milésimo ônibus elétrico ao sistema paulistano. A cidade amplia, assim, seu plano de transição energética no transporte coletivo, com metas públicas e cronograma em andamento.
A cidade soma 1.009 ônibus elétricos em operação. O objetivo oficial é alcançar 2.200 veículos até 2028.
Como ficou a divisão entre as empresas
Os novos veículos serão operados por cinco companhias que atendem diferentes regiões da capital. A distribuição ficou assim:
| Operadora | Quantidade | Participação |
|---|---|---|
| A2 Transportes | 27 | 45% |
| Sambaíba | 20 | 33,3% |
| Express Transportes | 6 | 10% |
| Transpass | 5 | 8,3% |
| Auto Bless | 2 | 3,3% |
Com essa entrega, a A2 Transportes assume a maior parte do novo lote, o que deve acelerar a presença de elétricos nas linhas atendidas pela empresa. As demais operadoras também reforçam suas garagens e programações diárias com modelos de zero emissão.
O que você vai sentir no dia a dia
Os coletivos vêm equipados com ar-condicionado, entradas USB e Wi‑Fi. O ruído mecânico é menor, o que melhora o conforto acústico dentro e fora do veículo. A aceleração mais linear facilita a condução e reduz trancos, algo que o passageiro percebe em arrancadas e frenagens.
- Mais conectividade: portas USB para carregar o celular durante a viagem.
- Climatização constante: ar-condicionado dimensionado para dias quentes.
- Viagem mais silenciosa: menos vibração e ruído no salão.
- Operação mais estável: torque imediato e condução suave.
Com a eletrificação, o custo de manutenção tende a ser até cinco vezes menor em comparação a um ônibus a diesel.
Tecnologia de recarga: o que é o BESS
A cidade está implantando o BESS (Battery Energy Storage System) nas garagens. Esse sistema armazena energia em baterias estacionárias e injeta potência na hora da recarga, reduzindo o tempo em que o veículo fica parado e equilibrando o consumo no pico.
Por que isso importa para o passageiro
Com o BESS, a recarga tende a ser mais rápida e previsível. Esse ganho de previsibilidade permite manter a programação de saídas nos horários de pico, evitando atrasos originados por longas janelas de recarga. O resultado esperado é mais regularidade de partidas e menos quebra de intervalos.
O que muda para a rede elétrica
O BESS ajuda a “alisar” a demanda de energia da garagem. Em vez de puxar toda a potência da rede em instantes críticos, o sistema libera energia previamente armazenada. Isso reduz picos, facilita a negociação tarifária e limita a necessidade de reforços imediatos de infraestrutura.
Frota, metas e segurança
Após a apresentação, São Paulo passa a operar 1.009 ônibus elétricos, incluindo trólebus. A administração municipal atualiza seu inventário e considera, oficialmente, 189 trólebus na rede, abaixo do número anteriormente divulgado de 201. A meta de 2.200 veículos até 2028 se mantém.
Uma parte dos elétricos já circula com câmeras integradas ao programa Smart Sampa. Quinze unidades enviam imagens em tempo real para a central da Guarda Civil Metropolitana, o que auxilia ações de segurança pública e fiscalização operacional.
Fabricantes e arquitetura dos veículos
Os modelos apresentados reúnem diferentes fornecedores de carroceria e de tração elétrica. Há unidades com carrocerias da Caio e da Marcopolo, além de composições que envolvem Eletra, Scania e Mercedes‑Benz na engenharia de chassi e sistemas. Essa diversidade atende a requisitos variados de capacidade, autonomia e manutenção nas garagens.
Operação e manutenção
Os operadores reportam custos menores ao longo do ciclo de vida, principalmente por causa da menor quantidade de itens de desgaste e da frenagem regenerativa. O planejamento de estoque muda, com foco em componentes eletrônicos, sistemas de alta tensão e telemetria. Equipes passam por treinamento específico para diagnóstico e segurança elétrica.
Como essas mudanças chegam até você
As linhas atendidas pelas empresas listadas vão, gradualmente, receber os novos carros. Você deve perceber mais unidades elétricas nas próximas semanas, especialmente nos horários de maior demanda. O ingresso de 60 veículos não significa troca imediata de frota em todas as linhas, mas aumenta a chance de pegar um elétrico em rotas já priorizadas pelas operadoras.
O que observar nas próximas viagens
- Intervalos: monitore se os tempos entre ônibus ficam mais estáveis nos picos.
- Conforto térmico: verifique a eficiência do ar-condicionado em dias acima de 30 °C.
- Conectividade: teste o Wi‑Fi e as portas USB, principalmente em viagens longas.
- Ruído: compare a experiência dentro do veículo com a de um ônibus a diesel.
Perguntas que costumam surgir
Autonomia e recarga
A autonomia varia segundo relevo, lotação e ar-condicionado. As garagens definem janelas de recarga por turno e, com o BESS, buscam encurtar paradas sem comprometer a vida útil das baterias. A rotação entre carros em operação e em recarga se torna parte do planejamento diário.
Impacto ambiental e de saúde
Veículos elétricos eliminam emissões locais de NOx e material particulado, poluentes associados a doenças respiratórias. Em corredores com grande concentração de ônibus, a sensação de ar mais limpo deve crescer progressivamente conforme mais linhas migram para a tecnologia elétrica.
Riscos e desafios
Os principais desafios estão na disponibilidade de peças, na gestão do fim de vida das baterias e no escalonamento da infraestrutura de recarga. Programas de segunda vida e reciclagem de baterias precisam avançar na mesma velocidade da expansão da frota. A padronização de conectores e protocolos de telemetria também ajuda a reduzir custos no longo prazo.
Informações úteis para quem planeja o trajeto
Se você depende de linhas operadas por A2 Transportes, Sambaíba, Express Transportes, Transpass ou Auto Bless, há chance crescente de encontrar um elétrico no seu caminho. Fique atento a comunicados nos pontos de ônibus e dentro dos veículos. A expansão tende a priorizar linhas com alta demanda, onde o ganho operacional compensa de imediato.
Para quem gosta de números, acompanhe a evolução: 60 novos veículos apresentados em 3 de novembro, 1.009 elétricos em circulação considerando trólebus, meta de 2.200 até 2028 e, no curto prazo, redução de tempo de recarga com o BESS. Esse conjunto pode melhorar regularidade, conforto e previsibilidade da sua viagem, especialmente nos horários críticos.


