Nuvens pesadas, vento cortante e motoristas apreensivos mudaram a rotina de quem cruzava a serra entre São Paulo e Minas.
Em poucos minutos, a tempestade que se formou na região de Divinolândia, na tarde de quarta-feira (5), virou assunto entre moradores e viajantes. Imagens gravadas do acostamento mostram rajadas fortes e, na sequência, a cobertura de um posto às margens da estrada cedendo sob o impacto da ventania e da água.
Temporal atinge a divisa entre estados
O episódio ocorreu no distrito de Campestrinho, em Divinolândia (SP), já próximo a Poços de Caldas (MG). O cenário resume uma pancada típica de fim de tarde em área de serra: chuva intensa, vento em rajadas e baixa visibilidade. No posto Alto da Serra, a estrutura metálica da cobertura não resistiu e desabou. Ninguém se feriu.
Imagens de moradores registram a força do vento e a queda da cobertura do posto Alto da Serra durante a chuva. Não houve feridos.
Onde aconteceu
- Local: distrito de Campestrinho, Divinolândia (SP), na divisa com Poços de Caldas (MG)
- Via: Estrada Municipal DVL 040
- Data e período: tarde de quarta-feira (5)
- Ocorrência: queda da cobertura de um posto de combustíveis durante rajadas fortes
Estrada tem deslizamento após a chuva
Enquanto a cobertura do posto vinha abaixo, outro ponto da DVL 040 enfrentava um deslizamento de talude, com terra e galhos avançando sobre a pista. A Defesa Civil do município concentrou equipes na desobstrução da estrada para restabelecer a passagem de veículos. O órgão não precisou atuar no posto onde ocorreu o desabamento, mas manteve monitoramento do entorno por risco de novas quedas de barreira.
A DVL 040 registrou deslizamento de terra durante o temporal, exigindo desobstrução e atenção redobrada de quem transitava pela serra.
O que o vídeo revela
O vídeo que circula entre moradores ajuda a entender a sequência dos fatos: primeiro se ouvem rajadas e vê-se poeira e spray de água levantados pelo vento. Em segundos, a cobertura oscila, pontos de fixação cedem e a estrutura desaba em bloco. É um padrão compatível com rajadas convectivas intensas, comuns em células de tempestade que se formam rapidamente em áreas de relevo.
Sem medição oficial de vento no local, não dá para estimar velocidades. Ainda assim, condições como solo encharcado, parafusos de ancoragem fatigados e direcionamento do vento pelo relevo podem combinar-se para sobrecarregar estruturas metálicas com grande área de exposição.
Como temporais afetam estruturas de postos
Postos de combustíveis utilizam coberturas com vão livre, pensadas para proteger bombas e usuários. Em tempo seco, funcionam sem problemas. Em tempestades, o vento incide por baixo e por cima ao mesmo tempo, gerando sucção e pressão que exigem ancoragem robusta, drenos desobstruídos e manutenção frequente nas ligações.
| Risco comum | Sinais de alerta | Ação imediata |
|---|---|---|
| Vento em rajadas | Estrutura vibrando, estalos, oscilação da cobertura | Interditar bombas, afastar pessoas e veículos da área |
| Acúmulo de água | Calhas transbordando, goteiras novas, poças no teto | Desligar energia da área, escoar água com segurança |
| Fixações fatigadas | Parafusos frouxos, corrosão, perfis com deformação | Chamar engenheiro, isolar a estrutura até laudo |
Orientações para quem está na estrada
Quem trafega pela DVL 040 ou por vias similares em dias de temporal precisa ajustar a condução e revisar rotas. Abaixo, medidas práticas que reduzem riscos:
- Reduza a velocidade e aumente a distância de segurança; aquaplanagem pode ocorrer em lâminas finas de água.
- Evite parar sob coberturas metálicas, árvores ou outdoors durante rajadas; procure áreas abertas e seguras.
- Se houver deslizamento à frente, não tente atravessar; aguarde equipe e orientação oficial.
- Mantenha faróis acesos e use pisca-alerta apenas com o veículo parado.
- Após a chuva, cuidado com lama e pedras na pista, principalmente em curvas de serra.
Situação dos serviços e próximos passos
Após o desabamento, o atendimento no posto afetado tende a permanecer suspenso até avaliação estrutural e liberação técnica. A administração do estabelecimento ainda não informou prazos de reparo. A Prefeitura e a Defesa Civil acompanham as condições da estrada por conta do deslizamento, com possibilidade de novas interdições pontuais se a chuva voltar.
O que deve acontecer agora
- Vistoria estrutural independente para apontar causas e medidas corretivas.
- Isolamento da área e retirada segura do material colapsado.
- Revisão de drenagem, ancoragens, calhas e parafusos de fixação.
- Checagem de bombas e rede elétrica antes de qualquer reabertura.
Por que essas tempestades surpreendem tanto
Em áreas de transição entre planalto e serra, células de tempestade se formam e se deslocam com rapidez. O relevo canaliza o vento, que ganha força em vales e cortes de estrada. O resultado são rajadas irregulares e chuva volumosa em curto espaço de tempo. Mesmo quem segue a previsão diária pode ser pego de surpresa por eventos localizados.
Informações úteis para o leitor
Microexplosões (ou microbursts) são colunas de ar frio que descem das nuvens e se espalham ao tocar o solo. Elas geram rajadas divergentes, capazes de derrubar árvores e danificar estruturas leves. Nem todo temporal produz esse fenômeno, e só uma análise técnica com dados de radar e vestígios no terreno confirma a ocorrência.
Para gestores de postos, vale simular cenários de vento com engenheiro responsável e manter plano de contingência: desligamento rápido, cones para isolamento e treino de equipe para evacuar a área. Para motoristas, um checklist simples ajuda nos meses chuvosos: palhetas e pneus em bom estado, app de alertas meteorológicos do próprio estado e rotas alternativas mapeadas para evitar trechos de serra quando a chuva aperta.


