Você comeria churrasco sem boi? 7 pratos da casa vegana de Campinas que enganam até carnívoros

Você comeria churrasco sem boi? 7 pratos da casa vegana de Campinas que enganam até carnívoros

Na esquina mais movimentada do bairro, uma grelha acesa reúne famílias e amigos. Há fumaça, risadas e nenhum bife.

Em Campinas, um rodízio vegano recria o ritual do espeto, do salão ao serviço, com cortes feitos de proteína vegetal. O cardápio imita clássicos do churrasco e da cozinha brasileira, mas com jaca, ervilha e trigo no lugar de bois e porcos.

De ervilha no espeto a coxinha de jaca

Na “Chama Verde”, a promessa é clara: manter o clima de churrascaria, trocar a carne por bases vegetais e servir no sistema de rodízio. Os espetos levam proteína de ervilha moldada como picanha ou linguiça de trigo, o bufê exibe feijoada sem tocinho e as frituras ganham recheios de jaca verde e couve-flor.

  • Espeto de proteína de ervilha com tempero de alho, ervas e toque defumado.
  • Coxinha de jaca verde desfiada, cremosa por dentro e crocante por fora.
  • Feijoada com “linguiça” de trigo, acompanhada de couve refogada e farofa.
  • Cogumelos empanados com crosta fina, servidos ainda chiando.
  • Lasanha de berinjela com molho de tomate rústico e castanhas.
  • Coxinha de couve-flor, massa leve e recheio aromático.

Espetos de proteína vegetal marinados e passados na brasa entregam o sabor de defumado que muita gente associa ao churrasco.

Como ficam os espetos

O preparo segue uma lógica familiar a qualquer churrasqueira. A “carne” vegetal recebe marinada por alguns minutos para ganhar suculência e liga, entra na grelha quente e roda no salão exatamente como no rodízio tradicional.

  • Marinada base: alho amassado, ervas frescas, sal, pimenta e óleo vegetal.
  • Finalização: páprica defumada no fim para realçar o sabor de brasa.
  • Ponto: selar rápido para dourar, sem ressecar o interior.

Quem está por trás do projeto

A casa nasceu da inquietação de Priscila Nunes, empresária que sentia falta de opções veganas na cidade. A ideia foi reproduzir a experiência completa de churrascaria — o salão amplo, o atendimento constante, o bufê variado — sem proteína animal. O movimento cresceu com o boca a boca, muito por conta de curiosos que entram sem saber da proposta e ficam para provar.

Preservar o encontro à mesa e a memória afetiva do churrasco, mas sem abate, é a bandeira repetida pela equipe.

Clientes que chegam por acaso

O efeito surpresa ajuda. Pessoas que consomem carne entram achando que é uma churrascaria comum, descobrem o conceito e decidem experimentar. Para parte do público vegetariano, a nomenclatura “churrasco vegano” causa debate: há quem questione a necessidade de “imitar” a carne. Outros veem nisso uma ponte para ampliar o acesso.

Usar nomes conhecidos facilita a aproximação: a curiosidade abre a porta e o paladar faz o restante.

Da brasa ao bufê

Com o chef Manolo de Souza à frente da cozinha, o cardápio muda com frequência. O bufê traz opções quentes, saladas e doces sem ingredientes de origem animal. O giro de pratos evita monotonia e estimula combinações equilibradas entre proteína, fibra e gordura boa.

Prato Base vegetal Técnica de preparo Para quem gosta de
Espeto “picanha” Proteína de ervilha Marinada e brasa alta Defumado e crosta dourada
Feijoada Trigo (glúten) e feijão preto Caldo espesso e refogados Textura densa e caldo encorpado
Coxinha de jaca Jaca verde desfiada Panagem fina e fritura rápida Recheio úmido e sabor temperado
Lasanha de berinjela Legumes e castanhas Camadas assadas Molho rico e conforto

Nutrição e sustentabilidade

Proteína de ervilha oferece bom aporte proteico e costuma ter digestão mais leve que leguminosas inteiras, desde que combinada com fibras e água. Produtos à base de trigo (seitan, “linguiça” de glúten) entregam textura elástica, próxima à de embutidos, mas não servem para pessoas com doença celíaca ou sensibilidade ao glúten.

Alimentos processados veganos podem conter mais sódio do que cortes in natura. Ler rótulos, alternar com grãos e legumes e priorizar preparos de casa melhora o equilíbrio. Na conta ambiental, a troca por proteínas vegetais reduz a pegada hídrica e de carbono do prato, especialmente quando ingredientes locais entram no receituário.

Para quem migra do churrasco tradicional, o segredo é variedade no prato: fonte vegetal de proteína, salada fresca e um carboidrato simples.

Como fazer em casa

Quem tem churrasqueira pode replicar a técnica sem perder o defumado. O mesmo vale para forno e frigideira de ferro, com toques de fumaça líquida culinária quando desejado.

  • Base proteica: blocos de proteína de ervilha ou glúten moldável.
  • Marinada rápida (20 a 40 min): 2 colheres de sopa de azeite, 1 dente de alho, ervas, sal, pimenta e páprica defumada.
  • Preparo: grelha quente, viradas constantes, pincelar marinada ao final.
  • Acompanhamentos: vinagrete sem mel, farofa com banana, couve no alho.

Dicas para um rodízio vegano sem erro

  • Monte o prato com proporção 1-1-1: proteína, salada e carboidrato.
  • Varie as bases: ervilha, grão-de-bico, soja não transgênica, cogumelos.
  • Tempere bem: acidez do limão ou do vinagre realça o sabor e limpa o paladar.

O debate sobre “imitar” carne

Para alguns consumidores, chamar de “picanha” ou “linguiça” confunde. Para outros, facilita a escolha e reduz a barreira de entrada. Em cenários de transição alimentar, nomes familiares funcionam como atalho mental e tornam a primeira experiência menos arriscada. A tendência global já consolidou salsichas, hambúrgueres e tiras vegetais como categoria à parte, com identidade própria.

Informações que ajudam

Se você é celíaco, pergunte se os pratos levam glúten antes de se servir. Para quem cuida do sódio, priorize espetos frescos e saladas e deixe molhos prontos de lado. Crianças costumam aceitar bem coxinhas de jaca ou couve-flor; pais podem aproveitar para introduzir legumes no prato de forma lúdica.

Quer treinar o preparo? Uma simulação simples: asse cogumelos porto-bello com azeite, sal e páprica por 15 minutos e finalize na frigideira bem quente por 2 minutos de cada lado. O método replica a crosta e a suculência esperada no espeto e ajuda a ajustar ponto antes de encarar a churrasqueira.

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