Você compraria isso para sua família? bolor em alimento vira caso na justiça e rende só R$ 14,99

Você compraria isso para sua família? bolor em alimento vira caso na justiça e rende só R$ 14,99

Uma compra corriqueira virou alerta doméstico para muita gente. Quando a etiqueta promete qualidade, o que fazer se algo falha?

Em Limeira (SP), uma consumidora encontrou bolor em um alimento ainda dentro da validade e recorreu ao Judiciário. O resultado trouxe alívio e frustração: houve reembolso do valor pago, mas sem danos morais.

O caso em Limeira e o valor que chamou atenção

Uma rede de supermercados e uma fabricante de alimentos foram condenadas a devolver R$ 14,99 a uma cliente. O valor corresponde ao preço do produto com bolor, sem qualquer abatimento. O juiz Guilherme Salvatto Whitaker, da 1ª Vara Cível do município, assinou a sentença.

A consumidora percebeu o problema no dia seguinte à compra. Ela afirmou ter armazenado o item de forma adequada. As empresas tentaram atribuir o defeito à conservação após a venda e dividir a responsabilidade. O argumento não prosperou.

Ficou caracterizada falha na cadeia de fornecimento. Fabricante e varejista respondem juntas quando há vício no produto, conforme o Código de Defesa do Consumidor.

Sem prova concreta de ausência de defeito, o juiz determinou o reembolso, com correção e juros. A cliente também pediu reparação por dano moral. O pedido foi negado, porque não houve ingestão do alimento nem risco real à saúde, segundo a decisão. A sentença citou decisões anteriores do Tribunal de Justiça de São Paulo com entendimento semelhante.

Responsabilidade solidária e o que o Código de Defesa do Consumidor diz

O CDC permite que o consumidor cobre de qualquer empresa da cadeia de fornecimento — fabricante, distribuidora ou comércio. A lei também admite a inversão do ônus da prova quando a versão do consumidor parece verossímil. Isso significa que cabe ao fornecedor demonstrar que não houve defeito.

Inversão do ônus da prova: quando a narrativa do consumidor é crível, o fornecedor precisa provar que o produto não apresentou vício.

Na prática, essa proteção evita que a pessoa lesada fique sem resposta por falta de documentos técnicos. A decisão de Limeira reforça esse entendimento nos casos de alimento com alteração perceptível, como bolor, odor estranho ou textura imprópria.

Por que o valor baixo não impede a reparação

A quantia de R$ 14,99 parece pequena, mas o direito existe mesmo em compras de baixo valor. A Justiça aceita ações para reembolso e, quando cabível, para danos morais. O caminho costuma passar pelo Juizado Especial Cível em casos simples.

Tipo de dano O que é Exemplos práticos Quando costuma ser reconhecido
Material Reembolso do prejuízo financeiro direto Devolução do preço, troca, abatimento Vício comprovado no produto adquirido
Moral Violação da dignidade ou abalo relevante Intoxicação, exposição a risco efetivo Quando há ingestão, dano à saúde ou humilhação
Coletivo Afeta grupo de consumidores Lotes contaminados, recall Falha ampla com impacto social

Danos morais negados e o que pesou

O juiz entendeu que o caso configurou mero aborrecimento. Sem ingestão do alimento, não se constatou risco concreto à saúde. A jurisprudência do TJSP caminha nessa direção quando o problema fica limitado ao desconforto e ao tempo gasto para resolver a questão.

Dano moral tende a surgir quando o vício ultrapassa a frustração do consumo e alcança a saúde, a honra ou a segurança.

O consumidor não saiu de mãos abanando. O reembolso veio com correção e juros. Ainda assim, a decisão mostra que a linha entre aborrecimento e dano moral depende das circunstâncias, como ingestão, sintomas e necessidade de atendimento médico.

Custas, juros e correção: quanto sai do bolso

Como ambas as partes ganharam e perderam pontos, o juiz fixou sucumbência recíproca. Cada lado arca com metade das custas e dos honorários, definidos em R$ 500. A autora recebeu justiça gratuita e evitou pagar um montante superior ao valor obtido na condenação.

No reembolso, a regra judicial combinou correção monetária e juros. Tribunais normalmente aplicam correção desde o desembolso e juros a partir da citação. O cálculo final muda conforme a data do processo e os índices adotados.

Justiça gratuita remove o peso das custas para quem comprova insuficiência de recursos e pode viabilizar causas de baixo valor.

Como agir quando você encontra bolor em um produto

Documentar o problema e agir rápido cria um rastro de provas. Seguem passos práticos que costumam funcionar:

  • Guarde a nota fiscal, a embalagem e o produto, de preferência lacrado.
  • Faça fotos nítidas do bolor, do lote e da data de validade.
  • Comunique o supermercado e o fabricante por canais oficiais e registre protocolos.
  • Peça troca ou reembolso imediato no balcão ou no atendimento ao cliente.
  • Se não houver solução, registre queixa no Procon e avalie o Juizado Especial Cível.
  • Anote sintomas e busque atendimento médico se houver ingestão e mal-estar.
  • Evite descartar o produto até a solução, pois ele é a prova material do vício.

Vício x defeito: palavras que mudam a rota do caso

Vício é a falha que torna o produto impróprio ou inadequado, como bolor em alimento. Defeito envolve risco à segurança, com potencial de causar dano à saúde. Em vício, as saídas comuns são troca, reembolso ou abatimento. Em defeito com dano, abre-se a porta para indenização mais ampla.

O que esta decisão sinaliza para quem compra e para quem vende

Para o consumidor, a mensagem é clara: vale acionar seus direitos mesmo em compras baratas. A prova simples, como foto e nota fiscal, costuma sustentar pedidos de reembolso. Para o fornecedor, o recado passa pela necessidade de controles rígidos, rastreabilidade de lotes e resposta ágil.

Pontos de venda e fabricantes podem reduzir litígios com triagem de validade, armazenamento adequado e treinamento de equipes. Procedimentos de troca rápida e registro de ocorrências também cortam custos e fortalecem confiança.

Um exercício prático de bolso

Imagine um gasto de R$ 14,99 com correção anual de 4% e juros de 1% ao mês por seis meses após a citação. Em um cenário didático, o valor pode passar de R$ 16,00. O total varia conforme índices oficiais e prazos do processo. Ainda assim, a atualização evita perda do poder de compra.

Quando buscar ajuda especializada

Casos com ingestão do alimento, sintomas ou suspeita de contaminação em lote exigem atenção imediata. Atendimento médico e laudos se tornam fundamentais. Nessas situações, a discussão jurídica pode envolver danos morais e materiais ampliados. Guardar o produto, registrar protocolos e procurar orientação jurídica ajuda a calibrar a estratégia.

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