Você comprou este café? Anvisa barra Vibe Coffee no ES : 6 falhas graves e retirada de lotes

Você comprou este café? Anvisa barra Vibe Coffee no ES : 6 falhas graves e retirada de lotes

Uma inspeção recente em uma torrefação capixaba acendeu sinais vermelhos e colocou o café artesanal sob os holofotes.

Após uma visita técnica, o órgão regulador apontou falhas de processo e exigiu correções imediatas. A medida atinge uma marca específica e reabre a discussão sobre segurança alimentar, transparência e boas práticas na produção de cafés especiais no país.

O que está em jogo

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária determinou a suspensão da comercialização, distribuição, fabricação, propaganda e uso de todos os cafés da Vibe Coffee, marca do Espírito Santo. A decisão saiu após inspeção feita na segunda-feira (3) e tem efeito imediato sobre a cadeia, do produtor ao varejo.

A suspensão engloba venda, entrega e uso do produto, e implica a retirada imediata dos lotes dos pontos de venda até que a empresa se adeque.

Segundo a agência, a marca não possui licença sanitária vigente nem regularização dos produtos na forma exigida. Técnicos também relataram falhas graves de boas práticas de fabricação, como ausência de rastreabilidade, inexistência de procedimentos operacionais padrão e condições de higienização consideradas inadequadas.

Quem é a empresa afetada

A Vibe Coffee atua no Espírito Santo, declara perfil familiar e produção mensal inferior a 200 kg, com posicionamento no nicho de café artesanal. A empresa afirma ter solicitado, de forma voluntária, a inspeção da Vigilância Sanitária local para orientar a emissão do alvará. Após a visita, diz ter suspendido as atividades para realizar obras e ajustes, com expectativa de concluir as adequações até sexta-feira (7) e pedir nova avaliação.

A Vibe Coffee afirma que interrompeu as operações por iniciativa própria para adequar estrutura, POPs e rotinas de limpeza antes de retomar a produção.

As irregularidades apontadas pela fiscalização

  • Ausência de licença sanitária válida.
  • Produtos sem regularização perante a autoridade sanitária competente.
  • Boas práticas de fabricação deficitárias.
  • Rastreabilidade inexistente ou incompleta dos lotes.
  • Falta de procedimentos operacionais padrão (POPs) documentados.
  • Higienização de instalações e equipamentos abaixo do padrão exigido.
Irregularidade Risco para o consumidor Ajuste necessário
Sem licença sanitária Produção sem controle oficial e sem verificação das condições higiênico-sanitárias Obter alvará junto à vigilância sanitária municipal/estadual
Falta de rastreabilidade Dificuldade para localizar lotes e agir em caso de problema Implantar registro de lotes, datas, insumos e destino
Sem POPs Rotinas inconsistentes e maior chance de contaminação Documentar procedimentos de torra, moagem, envase e limpeza
Higienização inadequada Risco microbiológico e físico por equipamentos mal limpos Cronograma de limpeza, validação e registros diários

O que você deve fazer agora

Quem comprou produtos da marca deve interromper o consumo e acompanhar os próximos comunicados da vigilância sanitária local. Guarde nota fiscal, embalagem e lote para eventual devolução. Comerciantes precisam retirar o produto das prateleiras e separar os lotes até orientações formais de recolhimento.

  • Consumo: pare de usar o produto até nova liberação oficial.
  • Guarde a embalagem: anote lote, validade e CNPJ para contato.
  • Atendimento: procure o SAC do estabelecimento onde comprou para orientações de troca ou reembolso.
  • Denúncia: se observar venda ativa, comunique a vigilância sanitária do seu município.
  • Armazenamento: mantenha o produto fechado e fora do alcance de crianças e animais enquanto aguarda orientações.

Por que licença, POPs e rastreabilidade importam

A licença sanitária atesta que a estrutura física, os fluxos e os controles atendem normas de higiene e segurança. Procedimentos operacionais padrão transformam tarefas críticas em rotinas reproduzíveis, reduzindo variações na torra, moagem, envase e limpeza. Já a rastreabilidade conecta cada pacote a um histórico verificável: origem do grão, data de processamento, operadores envolvidos e destino da venda. Sem esses elementos, qualquer incidente vira um escuro: ninguém encontra o lote, nem consegue agir com precisão.

Como conferir a regularidade do seu café

  • Rótulo completo: busque CNPJ, endereço do fabricante, lote e validade.
  • Contato do fabricante: canais de atendimento ajudam a checar se há suspensão ou recall em curso.
  • Licença local: fabricantes costumam exibir número de alvará em documentos comerciais; a consulta pode ser feita junto à prefeitura ou à vigilância sanitária regional.
  • Transparência: marcas sérias publicam POPs essenciais, certificações e laudos de água e ambiente quando solicitados.

O que a empresa promete corrigir

A Vibe Coffee informou que fará ajustes estruturais, criará e formalizará POPs, reforçará a higienização, documentará a rastreabilidade e apresentará evidências à vigilância estadual para reavaliação. O plano prevê retomada somente após a validação dos técnicos. A marca reforça seu caráter de pequeno porte e produção artesanal.

Como funciona um recolhimento de alimentos

Quando a autoridade determina retirada do mercado, o fabricante deve avisar distribuidores, varejistas e consumidores, definindo lotes, prazos e canais de atendimento. A empresa precisa demonstrar que localizou os produtos, que interrompeu a circulação e que possui plano para destinar ou reprocessar o que foi recolhido. O órgão sanitário acompanha a execução, cobra relatórios de eficácia e pode aplicar sanções se houver descumprimento.

Boas práticas que reduzem riscos para cafeterias e microtorrefações

  • Mapa de fluxo: desenhe o caminho do grão cru ao pacote final e identifique pontos críticos.
  • POP de limpeza: descreva produtos químicos, diluições, tempo de contato e frequência por equipamento.
  • Rastreabilidade simples: lote diário com planilha ou sistema, vinculando pacote, data e destino.
  • Controle de pragas: barreiras físicas, monitoramento com armadilhas e registros periódicos.
  • Treinamento: capacite operadores para higienização, uso de EPI e controle de temperatura da torra.

Para o leitor: riscos, sinais de alerta e alternativas

Café especial é alimento de risco baixo quando fabricado sob boas práticas, mas falhas de higiene podem introduzir perigos físicos (fragmentos) e microbiológicos, especialmente em ambientes úmidos. Embalagens sem data clara de produção, ausência de lote e rótulos com dados incompletos são sinais de alerta. Ao comprar, prefira marcas com rastreabilidade transparente e comunicação ativa com consumidores. Se você depende de cafés artesanais locais, pergunte sobre laudos de água e sobre o plano de limpeza dos equipamentos. Essa conversa ajuda o produtor a se organizar e protege sua saúde.

Para pequenos negócios, boas práticas não exigem tecnologia cara. POPs cabem em uma pasta, planilhas gratuitas resolvem rastreabilidade e um cronograma bem executado de limpeza já reduz a maior parte do risco. Com essas medidas, a chance de suspensão ou recolhimento cai, a confiança do cliente aumenta e a operação ganha fôlego para crescer de forma sustentável.

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