Uma conversa num reality acendeu um debate sensível: até onde vai a “brincadeira” quando envolve uma criança em rede nacional?
A fala de uma participante de A Fazenda 17 gerou reação imediata nas redes e trouxe à tona memórias dolorosas, pedidos de responsabilização e questionamentos sobre limites. O caso ganhou contornos públicos quando a mãe de Isabella Nardoni se posicionou com firmeza e cobrou providências.
O caso e a reação imediata
Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni e vereadora em São Paulo, pediu a expulsão de Carol Lekker do reality A Fazenda 17. O apelo veio após a exibição de uma conversa em que Carol, rindo, narrou ter ameaçado cortar o órgão genital do enteado de 4 anos, simulando o gesto com os dedos, como se fossem uma tesoura.
“Lamento que ela ainda esteja nesse lugar e que os órgãos responsáveis não tenham tomado providências para que fosse expulsa e responsabilizada”, afirmou Ana Carolina nas redes.
O conteúdo foi associado pelo público a um padrão que normaliza violência psicológica contra crianças. A discussão cresceu porque aconteceu diante de milhões de espectadores e num ambiente de entretenimento, onde fronteiras entre jogo e vida real frequentemente se confundem.
O que foi dito no programa
Em conversa exibida no reality, Carol relatou, entre risos, a “brincadeira” com o enteado. Segundo sua própria descrição, ela teria simulado uma tesoura com os dedos e ameaçado a criança. A fala viralizou em compilados do programa e provocou indignação.
O episódio envolve uma criança de 4 anos e foi relatado pela própria participante como “brincadeira”, sem indicação de risco físico imediato.
Pais e familiares se manifestam
A ex-mulher do marido de Carol confirmou, em publicação, que o menino foi assustado com uma tesoura. Ela registrou queixa e informou que a criança receberá acompanhamento psicológico. O marido de Carol, Maik Riksen, defendeu a esposa, dizendo que tudo ocorreu em tom de brincadeira e que o enteado não esteve em risco.
Até a última atualização, a Record TV e a equipe de Carol não haviam se manifestado publicamente.
Até agora, não houve posicionamento oficial da Record TV sobre expulsão, advertência ou medidas internas.
Quem é Ana Carolina Oliveira
Hoje vereadora, Ana Carolina direciona sua atuação à prevenção da violência infantil. Em 2008, sua filha, Isabella Nardoni, de 5 anos, morreu após ser arremessada do sexto andar de um edifício em São Paulo. Em 2010, o pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, foram condenados por homicídio triplamente qualificado. O caso marcou o país e se tornou símbolo de como sinais de violência precisam de resposta rápida.
O histórico pessoal de Ana Carolina explica a contundência do seu posicionamento: a defesa de crianças em contextos familiares, inclusive quando a violência é minimizada sob o rótulo de “brincadeira”.
O que sabemos até agora
- A fala aconteceu dentro de A Fazenda 17 e envolveu o enteado de 4 anos de Carol.
- Ana Carolina Oliveira pediu a expulsão da participante e responsabilização pelas autoridades.
- A ex-mulher do marido de Carol formalizou queixa e informou apoio psicológico ao menino.
- Maik Riksen disse que tudo foi em tom de brincadeira e negou risco à criança.
- Record TV e equipe de Carol ainda não se pronunciaram publicamente sobre o caso.
Possíveis caminhos institucionais
Em episódios que envolvem crianças, diferentes órgãos podem agir conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Abaixo, um panorama didático de caminhos possíveis de apuração e proteção:
| Ação | Quem pode tomar |
|---|---|
| Avaliar risco e oferecer proteção imediata | Conselho Tutelar do território da criança |
| Apurar eventual crime e instaurar inquérito | Delegacia/Polícia Civil, com atuação do Ministério Público |
| Encaminhar a serviços de saúde e psicologia | Rede municipal de Saúde e Assistência Social |
| Fiscalizar emissoras e conteúdos | Órgãos reguladores e a própria emissora por normas internas |
Canais de denúncia como Disque 100 e o Conselho Tutelar local podem ser acionados por qualquer cidadão, inclusive de forma anônima, quando houver suspeita de violência física, psicológica ou negligência.
Realities e o limite do entretenimento
Realities costumam potencializar falas e comportamentos porque criam situações de conflito e competição. A presença de crianças nesses relatos exige cuidado redobrado. Psicólogos lembram que ameaças, mesmo ditas “em tom de brincadeira”, podem configurar violência psicológica e afetar a sensação de segurança da criança.
Para o público, a linha entre avaliação moral e responsabilização legal nem sempre está clara. A lei considera o contexto, a intenção, a repetição e o impacto do ato. Já emissoras tendem a agir por meio de advertência, cortes de imagem, afastamentos e expulsões, guiadas por regras internas e pela repercussão social.
Como o público pode agir com responsabilidade
- Evite expor a imagem da criança; concentre a crítica no ato relatado.
- Se presenciar ou souber de casos semelhantes, acione o Conselho Tutelar ou o Disque 100.
- Exija transparência das emissoras sobre protocolos envolvendo menções a menores.
- Apoie redes de acolhimento que oferecem terapia e acompanhamento familiar.
Onde assistir A Fazenda 17
O programa vai ao ar na Record TV durante a semana à noite e aos domingos depois do Domingo Espetacular. Para quem prefere acompanhar tudo em tempo real, há transmissão 24 horas no streaming oficial da emissora, com múltiplas câmeras para diferentes ambientes e dinâmicas.
Além da TV aberta e do streaming, vídeos com momentos marcantes, como provas e discussões, costumam aparecer em canais oficiais nas redes, com cortes que ajudam a entender a cronologia dos fatos.
Informações complementares úteis
Quando um adulto usa ameaças para “educar” ou “brincar” com uma criança, pode ocorrer reforço de medo e confusão sobre limites, o que impacta desenvolvimento emocional. Técnicas de disciplina positiva sugerem estabelecer combinados claros e consequências proporcionais, sem intimidação ou humilhação.
Se você convive com crianças, vale adotar práticas simples: nomear emoções, explicar por que certas condutas não são aceitas, e buscar apoio profissional quando surgirem sinais de ansiedade ou regressão comportamental. Em ambientes públicos ou de grande audiência, redobre a cautela: a mensagem transmitida também educa quem assiste.


