Moradores de Ceilândia e Samambaia aguardam mudanças no dia a dia. O canteiro aparece, mas a espera persiste nas plataformas.
Com R$ 72,1 milhões já reservados para a expansão da Linha 1, o Distrito Federal convive com avanço discreto. Uma parte do plano está parada, outra engatinha. Enquanto isso, quem pega o metrô todos os dias contabiliza atrasos, vagões cheios e promessas que não viram viagem.
Cronograma travado, pressa do usuário
A expansão da Linha 1, que liga o Plano Piloto a Samambaia e Ceilândia, mira ampliar a oferta onde a demanda aperta. O governo anunciou frentes em dois trechos. Mas o que se vê é um cenário dividido: Samambaia iniciou os trabalhos; Ceilândia aguarda uma liberação do Tribunal de Contas do DF (TCDF) para retomar a licitação.
R$ 72,1 milhões já destinados e pouca transformação visível no trajeto de quem usa a Linha 1 diariamente.
O que está parado em Ceilândia
Em Ceilândia, o projeto prevê 2,3 quilômetros de novos trilhos e duas estações. A licitação foi interrompida pelo TCDF em abril de 2024, antes mesmo de o edital ser lançado, segundo o G1. O GDF destinou R$ 5 milhões ao trecho neste ano, mas não abriu frente de obra.
O governador Ibaneis Rocha indicou que a retomada depende do aval do tribunal. A equipe técnica trabalha em ajustes para atender às determinações e reabrir o processo sem novos impasses. Enquanto isso, o cotidiano do passageiro não muda.
Ceilândia: 2,3 km e duas novas estações previstos; licitação suspensa desde abril de 2024, sem obra iniciada.
O que começou em Samambaia
Em Samambaia, a expansão saiu do papel em fevereiro de 2025. O contrato, assinado em março com o Consórcio CG JFJ, inclui duas novas estações e três subestações de energia. O prazo é de 50 meses, com conclusão prevista para maio de 2028.
Até agora, a movimentação se concentra em instalação de canteiro e etapas iniciais de terraplanagem. Não há previsão de acelerar o cronograma. Ou seja, por enquanto, o ganho para o usuário segue no horizonte, não na plataforma.
Samambaia: canteiro montado e terraplanagem em curso; prazo contratual vai até maio de 2028.
O que já foi gasto e o que o usuário pode esperar
O aporte de R$ 72,1 milhões sinaliza prioridade orçamentária, mas execução lenta. Segundo a apuração publicada pelo G1, a expansão é considerada estratégica para aliviar a superlotação e ampliar a cobertura da rede. A diferença, para quem utiliza a Linha 1, virá com a abertura de novas estações e a maior robustez elétrica, que permite operar mais trens no pico.
- R$ 72,1 milhões destinados ao projeto de expansão da Linha 1.
- Ceilândia: R$ 5 milhões previstos em 2025, sem obra no chão.
- Samambaia: contrato vigente, duas estações e três subestações de energia.
- Prazo de 50 meses, com meta de conclusão em maio de 2028.
- Motivo do atraso em Ceilândia: licitação suspensa pelo TCDF antes do edital.
Onde cada trecho está e qual a perspectiva
| Trecho | Extensão | Estações previstas | Status | Prazo contratual |
|---|---|---|---|---|
| Ceilândia | 2,3 km | 2 | Licitação suspensa pelo TCDF desde abril de 2024 | Sem previsão |
| Samambaia | Não informado | 2 (com 3 subestações de energia) | Canteiro instalado e terraplanagem inicial | 50 meses, até maio de 2028 |
Por que o TCDF entrou no circuito
Tribunais de contas avaliam editais, planilhas e critérios de contratação. O objetivo é evitar falhas que possam gerar aditivos caros, litígios e atrasos futuros. No caso de Ceilândia, o TCDF segurou a licitação antes mesmo do edital chegar à praça. A liberação depende do atendimento a exigências técnicas e jurídicas. Esse rito costuma exigir revisões de orçamento, escopo e prazos.
O risco, para o calendário do usuário, é o efeito dominó. Quanto mais tempo o processo ficar parado, maior a chance de encarecimento por atualização de preços e readequações de projeto.
Impactos para quem pega a Linha 1
Ceilândia e Samambaia respondem por grande parte da demanda do metrô. Novas estações encurtam deslocamentos até pontos de embarque e desafogam plataformas. Subestações fortalecem o sistema elétrico, condição básica para mais trens circulando nos horários críticos. Sem isso, os intervalos continuam maiores e a lotação permanece alta.
O passageiro sente nos detalhes: fila mais longa no embarque, vagões cheios e perda de tempo em integrações longas com ônibus. A expansão, quando entregue, tende a reduzir baldeações, ampliar a oferta e melhorar a confiabilidade do serviço.
O que precisa acontecer agora
Para Samambaia, a chave é transformar mobilização em obra estrutural: fundações, túneis ou via permanente, sistemas e estações. Para Ceilândia, o passo é administrativo: cumprir as determinações do TCDF, republicar a licitação e garantir concorrência com segurança jurídica. Em ambos os trechos, a transparência ajuda a sociedade a acompanhar custos e prazos.
Sem liberação do TCDF em Ceilândia e sem avanço físico mais intenso em Samambaia, o alívio para o passageiro não chega.
Sinais a observar nos próximos meses
- Publicação de novo edital para Ceilândia e cronograma de fases.
- Início de obras civis pesadas em Samambaia, além da terraplanagem.
- Atualizações sobre liberação orçamentária e execução física mensal.
- Compra de insumos críticos: trilhos, sistemas de sinalização e energia.
Riscos e oportunidades no caminho
Projetos ferroviários longos exigem gestão firme de risco. Atrasos em licenças e desapropriações empurram prazos. Falhas de projeto geram mudanças em obra, com impacto no caixa. Por outro lado, uma licitação bem estruturada estimula concorrência e pode reduzir custos. Planejamento de fases abre margem para entregar benefícios parciais, como uma estação antes do conjunto completo, se a engenharia permitir.
Outra frente é a operação futura. Novas estações pedem reforço em manutenção, pessoal e integração com ônibus. Sem esse arranjo, parte do ganho se perde em gargalos no entorno, como terminais improvisados e semáforos mal sincronizados.
Entenda termos e etapas citadas
Terraplanagem prepara o solo para fundações e via permanente. Subestação de energia alimenta o sistema, reduz quedas de tensão e dá fôlego para intervalos menores. O canteiro concentra estrutura de apoio, como almoxarifado e oficina. Depois vêm as fases de obra civil, assentamento de trilhos, sistemas (sinalização, telecom, energia), testes e operação assistida.
Para o usuário, os marcos práticos são: início da obra visível, instalação de pilares ou muros de contenção, chegada de equipamentos, e, por fim, testes dinâmicos com trens. Sem esses sinais, a percepção é de obra parada, mesmo com orçamento em execução.
Quando o cronograma sai do papel, a rua mostra: máquinas trabalhando, sistemas chegando e prazos divulgados mês a mês.


