Uma promessa antiga ganha contornos práticos e mexe com a rotina de quem cruza diariamente São Paulo e o interior.
O Trem Intercidades entre a capital e Campinas saiu do discurso e entrou no calendário. A concessionária confirmou quando as frentes de obra começam e como será a primeira etapa, com foco no trecho que liga Jundiaí a Campinas. As definições mexem com quem depende da Anhanguera, do Bandeirantes e da Linha 7-Rubi, e acendem o radar para 2026 e 2027.
O que já está definido
Em entrevista recente, o CEO da TIC Trens, Pedro Moro, detalhou o gatilho de início das intervenções e a estratégia por trechos. O planejamento prioriza começar onde a construção poderá avançar sem dividir trilhos com trens metropolitanos.
Obras começam em maio de 2026 no trecho Jundiaí–Campinas. O pedido de licença ambiental será protocolado, e a versão prévia já recebeu aval da Cetesb.
Serviço prometido para o usuário
- Tempo de viagem: 64 minutos entre São Paulo e Campinas
- Velocidade máxima: até 140 km/h
- Capacidade: 860 passageiros por viagem
Cronograma e fases da implantação
O avanço virá em dois movimentos. Primeiro, a TIC Trens monta canteiros entre Jundiaí e Campinas, com infraestrutura nova. Depois, o foco migra para o trecho Jundiaí–São Paulo, que exige convivência com a operação diária da Linha 7-Rubi.
Em abril de 2027, as intervenções entre Jundiaí e a capital tendem a ser as mais sensíveis, porque impactam a Linha 7-Rubi durante a construção.
Jundiaí–Campinas: obra do zero para ganhar ritmo
Nessa faixa, o traçado será implantado praticamente do zero. Isso permite organizar frentes simultâneas, instalar sistemas de energia e sinalização sem janelas operacionais apertadas e acelerar terraplenagem e obras civis. A estratégia reduz interferências e dá previsibilidade ao cronograma inicial.
Jundiaí–São Paulo: convivência com a Linha 7-Rubi
Entre Jundiaí e a capital, o desafio é manter a fluidez dos trens metropolitanos enquanto se moderniza a via e se preparam acessos, sistemas e estações para o trem de média distância. A tendência é concentrar trabalhos em horários de menor movimento, organizar bloqueios programados e adotar planos de contingência para mitigar atrasos ao passageiro diário.
Licenciamento, projetos e desapropriações
O estágio atual é de licenciamento ambiental. A empresa informou que protocolará o pedido formal para o trecho Jundiaí–Campinas, com base em versão prévia já chancelada pela Cetesb. Em paralelo, avançam as etapas técnicas e jurídicas que viabilizam obras e contratações.
- Elaboração dos projetos executivos de obras civis, estações, sistemas e energia
- Obtenção das licenças ambientais junto à Cetesb
- Desapropriações necessárias ao traçado e às áreas operacionais
No Brasil, o licenciamento costuma passar por fases como licença prévia, de instalação e de operação. Cada etapa abre caminho para atividades específicas, da abertura de canteiros à circulação em testes, sempre com condicionantes ambientais a cumprir.
Mapa de riscos e próximos passos por trecho
| Trecho | Situação atual | Próximos passos | Pontos de atenção |
|---|---|---|---|
| Jundiaí–Campinas | Licenciamento em andamento; versão prévia aprovada pela Cetesb | Protocolar licença; iniciar canteiros e obras civis em maio de 2026 | Gestão de frentes simultâneas e logística de materiais |
| Jundiaí–São Paulo | Planejamento de engenharia e operação integrada | Obras a partir de abril de 2027 com janelas operacionais | Impactos na Linha 7-Rubi e comunicação com usuários |
| Integrações e sistemas | Projetos executivos em elaboração | Instalação de energia, sinalização e testes | Comissionamento e confiabilidade para a viagem de 64 minutos |
O que muda para você que se desloca entre SP e Campinas
Para quem depende diariamente da Anhanguera e do Bandeirantes, a perspectiva de uma viagem previsível em 64 minutos reduz estresse e incertezas de trânsito. A frequência e os horários comerciais definirão o real ganho de tempo no dia a dia, principalmente para quem combina deslocamentos locais até as estações.
Para usuários da Linha 7-Rubi, 2027 pede atenção redobrada. Obras em faixa de domínio costumam gerar restrições temporárias, como redução de velocidade, intervalos maiores em certos períodos e bloqueios programados. Informes com antecedência e rotas alternativas por ônibus ou integração com outras linhas podem reduzir atrasos.
Por que 64 minutos e até 140 km/h fazem diferença
O tempo porta a porta depende de acesso às estações, baldeações e last mile. Ainda assim, um eixo dedicado com velocidade máxima de 140 km/h tende a manter velocidade média alta, mesmo com paradas programadas. A lotação de 860 passageiros por viagem indica composições dimensionadas para pico, o que dá robustez à operação e mais conforto em horários cheios.
Integração urbana e efeito econômico
Corredores ferroviários modernos costumam induzir investimentos no entorno das estações, organizar adensamento e estimular negócios de serviço e tecnologia. Empresas ganham previsibilidade logística para reuniões e deslocamentos entre polos industriais e de inovação do eixo SP–Campinas. Municípios no trajeto podem planejar terminais alimentadores, ciclovias e políticas de uso do solo para aproveitar a nova demanda.
Dicas práticas para se preparar
- Acompanhe comunicados da concessionária e da CPTM sobre intervenções na Linha 7-Rubi em 2027.
- Simule trajetos combinando trem regional e modais locais para estimar o tempo porta a porta.
- Se sua rotina permite, concentre deslocamentos mais longos fora dos horários de maior movimento durante as obras.
- Planeje alternativas: linhas de ônibus intermunicipais, caronas corporativas e trabalho híbrido podem reduzir impacto.
Informações complementares que ajudam a entender o projeto
Licenças ambientais organizam as condicionantes para proteger cursos d’água, fauna, ruído e vibração. Cumprir medidas de controle permite que as frentes avancem sem paralisar a obra. Projetos executivos detalhados reduzem aditivos e retrabalho, pois definem geometricamente cada elemento da via, drenagem, energia e sinalização antes de contratar serviços.
Para o usuário, o que decide a qualidade da experiência será a combinação de três fatores: confiabilidade do horário, integração eficiente nas pontas e informação transparente sobre a operação. A partir de 2026, esses elementos começam a sair do papel, primeiro entre Jundiaí e Campinas e, depois, conectando todo o corredor até São Paulo.


