Na orla de Caraguatatuba, uma manhã de lazer virou correria. O vento mudou sem aviso, e a maré cobrou caro a pressa.
Entre Martim de Sá e Prainha, a mar batia forte na costeira quando uma praticante de parapente perdeu o controle. Um pescador, decidido a ajudar, escorregou nas pedras e também caiu na água. O salvamento reuniu guarda-vidas e testemunhas em poucos minutos.
Como o acidente começou
O caso ocorreu na manhã de sábado, 1º de novembro, em um trecho de mar entre as praias Martim de Sá e Prainha, zona conhecida por pedras escorregadias e correnteza lateral. A mulher, de 44 anos, pilotava um parapente quando rajadas irregulares alteraram o fluxo do ar junto à encosta.
Sem sustentação, a vela desceu rápido e tocou a água. As linhas do equipamento se enrolaram no corpo da piloto e dificultaram a flutuação. O mar seguia mexido, com ondas batendo na costeira, o que ampliou o risco de choque contra as rochas.
Queda na costeira entre Martim de Sá e Prainha, vento instável e mar agitado. As linhas prenderam a atleta, mas ninguém se feriu.
O papel do pescador
Um pescador que estava sobre as pedras lançou uma corda para alcançar a vítima. O piso molhado traiu a tentativa. Ele escorregou e também caiu no mar. A cena gerou apreensão de quem estava na faixa de areia, já que as ondas arremessavam água contra a encosta e reduziam a margem de manobra.
- Data e hora: manhã de sábado, 1º de novembro.
- Local: costeira entre Martim de Sá e Prainha, em Caraguatatuba.
- Condição: vento irregular e ondas fortes.
- Equipamento: parapente com linhas que prenderam a praticante.
- Intervenção: guarda-vidas marítimos acionados rapidamente.
- Resultado: resgate na faixa de areia, sem feridos e sem encaminhamento hospitalar.
A resposta dos guarda-vidas
Equipes do Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMar) chegaram logo após o chamado. Os profissionais acessaram a área pela costa e retiraram primeiro a atleta, que estava enroscada nas linhas, e na sequência o pescador. Ambos foram levados para a faixa de areia e passaram por avaliação no local. Não havia sinais de trauma ou hipotermia relevante.
Testemunhas relataram dificuldade no procedimento por causa das ondas e do empuxo do equipamento molhado. Em situações assim, cada minuto reduz o cansaço da vítima e evita que uma linha tensionada vire ponto de estrangulamento.
Antes de praticar voo livre perto do mar: checar boletim de vento, usar equipamentos de segurança e seguir as orientações dos guarda-vidas reduz acidentes e preserva vidas.
Por que o vento derruba
O voo de parapente depende de ar laminar. Na costeira, a brisa pode formar rotor, cisalhamento e rajadas. Quando a rajada perde força súbita, a vela colapsa parcial ou totalmente. Perto da água, não há margem de planeio para recuperar altura. A descida termina no mar ou nas pedras.
No Litoral Norte, manhãs com aquecimento irregular do solo e brisa de encosta criam microclimas. A leitura visual engana. Bandeiras tremendo, areia levantando e nuvens baixas acelerando pela serra indicam vento de rajada. São sinais para recuar a decolagem, mudar o ponto ou cancelar o voo.
Trechos críticos na região
Entre Martim de Sá e Prainha, a costa estreita, as pedras molhadas e o mar encapelado formam um corredor de turbulência. A arrebentação puxa para a lateral e pode arrastar piloto e vela contra a rocha. Bóias de pesca e apetrechos na costeira acrescentam risco de enrosco.
| Fator | Risco principal | Sinal de alerta |
|---|---|---|
| Vento de rajada | Perda de sustentação | Bandeiras chicoteando e variação brusca |
| Ondas fortes | Arrasto e impacto | Espuma contínua na arrebentação |
| Costeira rochosa | Queda e contusão | Pedras escorregadias e molhadas |
| Linhas do parapente | Embaraço e afogamento | Fios ao redor de braços e tronco |
| Resgate improvisado | Segunda vítima | Entrada em rochas sem ancoragem |
Como praticar com mais segurança
Pilotos relatam que voos próximos à água exigem leitura meticulosa de vento e plano de pouso alternativo. A comunidade recomenda observar a direção do vento por pelo menos 20 minutos, confirmar a constância das rajadas e evitar decolagens com rotor projetado sobre a costeira.
- Checar previsão de vento, rajadas e maré do dia, além de observar as condições reais no local.
- Não voar sozinho em áreas costeiras. Ter apoio em terra com comunicação por rádio.
- Usar capacete, colete de flutuação e faca corta-linhas de fácil acesso.
- Definir janela de decolagem conservadora e rota que permita pouso seguro em areia.
- Se tocar na água, priorizar flutuação, evitar lutar contra a vela e sinalizar por ajuda.
- Em caso de emergência, acionar 193 e seguir as orientações dos guarda-vidas.
Se você presenciar um acidente
Acionar ajuda especializada faz diferença. A boa intenção sem preparo cria outra vítima, como quase ocorreu nas pedras de Caraguatatuba. Veja condutas que protegem você e quem está em perigo.
- Ligue 193 e descreva pontos de referência, como Martim de Sá, Prainha e a costeira.
- Mantenha distância de pedras molhadas. Elas enganam e não oferecem tração.
- Lance flutuadores, pranchas ou boias, sem entrar no canal de ondas.
- Sinalize para guarda-vidas a posição exata da vítima e do equipamento.
- Se usar corda, ancore o corpo e trabalhe com mais de uma pessoa.
O desfecho sem feridos resultou da ação rápida dos guarda-vidas e da cooperação de quem estava na praia.
O que este caso ensina aos praticantes
Voo sobre água reduz margem de erro e exige disciplina de decisão. Cancelar ao primeiro sinal de instabilidade preserva equipamento, tempo e integridade física. Em trechos como Martim de Sá e Prainha, a combinação de vento de encosta, pedras e ondulação pede atitude conservadora.
Para quem está iniciando, vale buscar instrução com escolas credenciadas, treinar manobras de descida controlada e simular procedimentos de água em ambiente supervisionado. Em regiões costeiras, colete de flutuação e faca corta-linhas deixam o kit mais robusto sem acrescentar complexidade. Esses hábitos encurtam o caminho entre um susto e um bom relato para compartilhar com segurança.


