Em Ubatuba, um pedaço de areia cercado por rochas virou assunto entre viajantes, pesquisadores e guias que navegam a região.
Pequena, fotogênica e protegida por normas ambientais, a Ilha da Selinha ganhou um plano ambicioso: buscar um selo internacional.
Onde fica e por que chama atenção
A Ilha da Selinha fica no litoral norte de São Paulo, a poucos quilômetros da costa de Ubatuba. O lugar se divide em dois blocos rochosos unidos por uma faixa de areia. Esse desenho rendeu o apelido de Ilha Rachada entre barqueiros e moradores.
A paisagem mostra água clara, costões e vegetação típica da Mata Atlântica. O cenário permanece conservado porque não existem construções e o desembarque não é permitido. A observação acontece a partir de embarcações credenciadas.
Dimensões em números
Medições recentes apontam cerca de 40 metros de comprimento por 5 metros de largura. A maré altera esses números ao longo do dia. A área total gira em torno de 200 m², o que cabe inteiro no enquadramento de uma câmera quando o mar está calmo.
A faixa de areia mede aproximadamente 40 m x 5 m e o desembarque é proibido por norma ambiental.
A corrida pelo Guinness
A Prefeitura de Ubatuba prepara a candidatura da ilha ao Guinness World Records. O objetivo é registrar oficialmente a praia como a menor em atividade aberta ao mar. O processo pede medições oficiais, imagens aéreas e descrições ambientais.
O envio do dossiê inclui dados georreferenciados e registros em diferentes períodos do ano. A equipe municipal também reúne informações de maré e estabilidade da faixa de areia.
O que conta para o recorde
O Guinness considera critérios técnicos. Os principais são extensão mensurável, permanência da areia ao longo do ano e acesso direto ao mar. A frequência das medições e a metodologia também pesam na decisão.
Para valer como recorde, a praia precisa manter faixa de areia estável, mensurável e ligada ao oceano durante o ano.
O rival estrangeiro
O caso mais citado em comparações é Gulpiyuri, nas Astúrias, Espanha, com registros de 40 a 50 metros. Ela funciona como praia interior. A água do mar chega por túneis subterrâneos. Essa característica pode gerar debate técnico sobre comparabilidade com praias abertas, como a Selinha.
| Praia | Comprimento | Largura | Tipo | Acesso ao mar | Status |
|---|---|---|---|---|---|
| Ilha da Selinha (Ubatuba, SP) | ~40 m | ~5 m | Praia insular | Direto, mar aberto | Candidatura em preparação |
| Gulpiyuri (Astúrias, Espanha) | 40–50 m | Variável | Praia interior | Conexão por túneis | Reconhecida como atração singular |
Visitação responsável
O desembarque na Ilha da Selinha não é permitido. A norma busca evitar pisoteio, erosão e impactos sobre aves e organismos costeiros. Mesmo assim, a ilha integra passeios embarcados com regras de aproximação definidas pela Capitania dos Portos e pelo município.
Como ver sem pisar na areia
Guias locais recomendam navegar em dias de mar mais calmo. A visibilidade melhora e a faixa aparece com nitidez. As operadoras costumam orientar sobre conduta ambiental e distâncias seguras. A seguir, pontos práticos para quem pretende incluir a ilha no roteiro:
- Prefira embarcações autorizadas e com coletes em número suficiente para todos.
- Respeite o limite de aproximação indicado pelo guia e pela sinalização náutica.
- Evite música alta e arremesso de âncoras sobre áreas rasas e rochosas.
- Leve sacola para resíduos e traga tudo de volta à marina.
- Fotografe a distância. O pouso em rochas e areia não é permitido.
- Cheque a tábua de marés. A maré baixa alonga a faixa visível e facilita a leitura do cenário.
Ciência em microescala
Pesquisadores usam a ilha como laboratório a céu aberto. O local ajuda a observar como ondas e ventos remodelam uma faixa de areia estreita. Esse acompanhamento esclarece processos de erosão e deposição em ambientes pequenos. As informações servem para orientar gestão costeira e planejar ações preventivas em praias urbanas.
O monitoramento associado à candidatura pode gerar uma série histórica valiosa. Medições repetidas, com método padronizado, revelam ciclos sazonais e efeitos de frentes frias sobre a morfologia da praia.
Turismo e conservação no mesmo barco
Operadores e autoridades defendem promoção com foco em boas práticas. A prefeitura trabalha com educação ambiental e sinalização náutica. O objetivo é dar visibilidade sem estimular pressão indevida. O controle de fluxo e a fiscalização continuam no radar das equipes locais.
O que muda se o título vier
Um recorde internacional tende a ampliar a procura pelos passeios. A gestão municipal avalia regras de capacidade de carga e janelas de visita. A estratégia pretende evitar concentração excessiva de barcos. A ilha pode virar vitrine de turismo de baixa intervenção se mantiver a proteção atual.
Perguntas que você pode ter agora
Quando ver a faixa com melhor definição? Em dias de swell mais fraco e vento menor, a lâmina d’água recua e a areia aparece mais nítida. O período da manhã costuma ter menos tráfego de embarcações, o que ajuda na experiência fotográfica.
Qual é o tamanho real dessa praia? As medições giram em 40 m x 5 m, com área aproximada de 200 m². A maré cheia diminui a largura útil e pode encobrir parte da faixa. Em maré baixa, a leitura das bordas e das transições de sedimentos fica mais clara.
Dicas úteis para planejar a ida
- Verifique previsão de vento e altura de onda. Condições amenas favorecem aproximação segura.
- Converse antes com o operador sobre as regras de observação. Combine rotas que passem por ilhas próximas e costões em sequência.
- Leve proteção solar, água e capa para câmera. O spray de maresia atinge equipamentos com facilidade.
- Se viajar com crianças, explique as razões do não desembarque. Isso reforça educação ambiental desde cedo.
Panorama mais amplo do litoral de Ubatuba
Ubatuba reúne dezenas de praias, ilhas e costões com diferentes perfis de uso. Áreas sensíveis, como a Selinha, funcionam como referência para manejo de outras enseadas pequenas. Boas práticas em um ponto tendem a se replicar em rotas próximas e em marinas.
Para amantes de geografia costeira, a visita oferece um exercício interessante. A variação do nível do mar ao longo do dia cria cenários distintos sobre o mesmo traço de areia. O contraste ajuda a entender como linhas de praia nascem, desaparecem e retornam em microescala.


