Chapo — Uma decisão assinada em São Paulo mexe com quem vive perto da mata e depende dos mananciais que correm dali.
O governo do Estado transformou a Reserva Florestal do Morro Grande em Parque Estadual de Proteção Integral, medida anunciada na capital durante o Summit Agenda SP+Verde, com a presença do governador Tarcísio de Freitas e do prefeito de Cotia, Welington Formiga. A mudança redefine o uso do território, fortalece a proteção da água que abastece bairros da metrópole e prepara a área para visitação controlada a partir de 2026.
O que muda com a criação do parque
A categoria de Proteção Integral coloca o Morro Grande no patamar mais rígido de conservação previsto em lei. A gestão caberá à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, por meio da Fundação Florestal. O decreto inaugura uma fase de planejamento, com elaboração de plano de manejo, zoneamento e regras de uso público.
São cerca de 3.000 hectares no Cinturão Verde de São Paulo, com 260 espécies de árvores, 198 de aves e dezenas de mamíferos.
Regras de uso e proteção
Proteção integral não significa isolamento total, mas sim ordenamento rígido. Atividades passam por autorização técnica e ocorrem em áreas e horários definidos.
- Permitido: visitação guiada, pesquisa científica autorizada e educação ambiental.
- Proibido: caça, pesca, coleta, corte de vegetação nativa, fogueiras, ocupações e obras irregulares.
- Fiscalização: equipes da Fundação Florestal e apoio municipal, com foco em trilhas, acessos e entorno.
- Plano de manejo: definirá trilhas, capacidade de carga, sinalização e protocolos de segurança.
Por que isso importa para você
O Morro Grande protege nascentes e mananciais que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo. A floresta reduz calor extremo, segura o solo, segura enxurradas e abriga espécies-chave que controlam pragas urbanas. Para quem vive em Cotia, o parque estabiliza o uso do território e reduz pressões imobiliárias no entorno imediato da mata.
A proteção das nascentes beneficia mais de 400 mil pessoas, com ganhos diretos na segurança hídrica da região oeste da metrópole.
Impactos no cotidiano de Cotia e vizinhanças
A Prefeitura já havia sinalizado defesa do patrimônio local ao tombar provisoriamente a Vila Operária do DAE, vizinha à mata, para barrar demolições e ocupações irregulares. A partir do decreto, o município se alinha à gestão estadual para conter loteamentos clandestinos, ordenar acessos e organizar o futuro uso público.
- Turismo de base comunitária pode gerar trabalho em guias, alimentação e transporte local.
- Valorização de serviços ambientais reduz custos com enchentes e saúde pública.
- Educação ambiental aproxima escolas da biodiversidade do Cinturão Verde.
Quando e como visitar
A abertura ao público está prevista para 2026. Antes disso, a equipe técnica estrutura trilhas, define rotas de visita e instala sinalização. A visita deverá ocorrer de forma agendada, com capacidade limitada por dia e guias credenciados.
A previsão oficial aponta ecoturismo controlado, projetos de sustentabilidade, pesquisa científica e atividades de educação ambiental a partir de 2026.
Boas práticas para planejar a ida
- Leve água e volte com todo o lixo.
- Use calçado fechado e roupas de manga comprida.
- Fique nas trilhas sinalizadas e respeite a capacidade de carga do parque.
- Não alimente animais, não colete plantas e evite ruídos altos.
- Em dias secos, redobre o cuidado com qualquer fonte de ignição.
Números do Morro Grande
| Localização | Município de Cotia, inserido no Cinturão Verde de São Paulo |
| Área aproximada | 3.000 hectares |
| Flora | 260 espécies de árvores registradas |
| Fauna | 198 espécies de aves e dezenas de mamíferos |
| Gestão | Fundação Florestal, vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística |
| Visitação | Previsão de abertura ao público em 2026, com regras e agendamento |
Contexto jurídico e próximos passos
O SNUC, sistema que organiza as unidades de conservação no país, define parques como categoria de Proteção Integral. A prioridade recai sobre conservação, pesquisa e educação. Atividades econômicas só ocorrem se compatíveis com a preservação. O plano de manejo, a ser elaborado com participação social, delimitará zonas de uso, áreas de preservação total e uma zona de amortecimento para organizar o entorno.
Se houver áreas privadas inseridas nos limites do parque, a legislação prevê regularização fundiária, que pode incluir desapropriação com indenização. O decreto também favorece convênios com universidades, institutos de pesquisa e organizações da sociedade civil para monitoramento de fauna, restauração de áreas degradadas e manejo de espécies exóticas.
O que esperar no território
O evento de assinatura ocorreu em 4/11/2025, em São Paulo, e envolveu governo estadual e prefeitura de Cotia. O discurso oficial aponta o Morro Grande como referência de sustentabilidade metropolitana e reforça a conexão entre patrimônio histórico, como a Vila Operária do DAE, e a proteção da mata. A implantação deve incluir centro de visitantes, mirantes, trilhas curtas e longas, banheiros, pórticos e treinamento de brigadas de incêndio.
Riscos que exigem vigilância
- Incêndios florestais durante a estiagem, agravados por acessos clandestinos.
- Pressão por loteamentos irregulares e supressão de vegetação no entorno.
- Introdução de espécies exóticas invasoras que competem com a fauna nativa.
- Poluição difusa que contamina nascentes e cursos d’água.
Como a população pode participar
Moradores e entidades locais podem contribuir em consultas públicas, no conselho consultivo do parque e em programas de voluntariado. Denúncias de invasões, queimadas e caça aceleram a resposta da fiscalização. Escolas e coletivos de bairro podem propor roteiros de educação ambiental, mutirões de restauração e campanhas de prevenção a incêndios.
Informações úteis para o morador
- Regularize trilhas usadas para lazer com a gestão do parque para evitar conflitos e riscos.
- Se você vive no entorno, informe-se sobre a zona de amortecimento e as regras de ocupação do solo.
- Produtores vizinhos podem se beneficiar de práticas como saneamento rural, terraceamento e restauração de mata ciliar.
A criação do Parque Estadual do Morro Grande tende a gerar ganhos ambientais e sociais mensuráveis. Quem mora perto sentirá alívio térmico, redução de poeira e mais estabilidade do solo. A cidade ganha um corredor verde estratégico, com potencial para trilhas interpretativas, cicloturismo em vias externas sinalizadas e circuitos escolares. Para pesquisadores, o parque abrirá oportunidades de inventários, monitoramento de água e estudos sobre conectividade com outras áreas do Cinturão Verde.
Para ampliar os benefícios, a gestão pode combinar visitação sustentável com um programa de restauração ativa nas bordas, reduzindo efeitos de borda e conectando fragmentos. Uma simulação simples mostra o impacto: a cada hectare restaurado nas margens de nascentes, aumenta a infiltração de água e cai a carga de sedimentos, o que melhora a qualidade dos mananciais e reduz custos de tratamento. Isso volta para o seu bolso na forma de serviços públicos mais eficientes.


