Ideias nascidas em uma maratona tecnológica prometem mexer com praças, turismo e empregos no litoral sul paulista, já neste verão.
Em dois dias de desafio intenso, estudantes da Etec Adolpho Berezin mostraram soluções de baixo custo e impacto rápido para problemas urbanos que afetam quem vive e trabalha entre Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe.
Hackathon no litoral: 24 horas para resolver problemas reais
Nos dias 31 de outubro e 1º de novembro, o Centro Cultural Raul Cortez virou base de uma imersão de 24 horas. O encontro reuniu times universitários e, entre eles, a única escola técnica da disputa: a Etec de Mongaguá, do Centro Paula Souza. O desafio seguiu o mote “Construindo o Amanhã”, com foco em inovação, sustentabilidade, acessibilidade e conexões pensadas para o litoral paulista.
Etec de Mongaguá foi a única escola técnica a encarar universidades e saiu com dois lugares no pódio.
Como funcionou a maratona
As equipes trabalharam ininterruptamente, com orientação de mentores especializados em negócios, tecnologia e políticas públicas. O formato exigiu pesquisa rápida, validação com usuários e apresentação final com viabilidade financeira, governança e impacto socioambiental.
Por que a Etec fez diferença
Os grupos da Etec reuniram alunos do Ensino Médio com Habilitação Técnica em Edificações, Desenvolvimento de Sistemas e Administração. A combinação de competências colocou no mesmo time quem entende de obras, de software e de gestão. As professoras Graciete Henriques dos Santos, Natiely Santana de Jesus e Michelle Santana do Nascimento acompanharam cada etapa e ajudaram a transformar ideias em propostas com potencial de execução.
Imersão, mentoria e validação em campo: a receita que aproximou os protótipos da realidade das cidades costeiras.
Eco-Urbs: adoção de espaços públicos com retorno para todos
O projeto Eco-Urbs, vice-campeão, propõe uma plataforma que facilita a adoção e a revitalização de praças, canteiros, quadras, mirantes e calçadões. A lógica é conectar empresas, moradores e pequenos empreendedores e criar incentivos claros para cada perfil de participante.
Modelo de operação e financiamento
Empresas que adotam áreas públicas ganham abatimentos tributários definidos por lei municipal e visibilidade de marca no local. Moradores e empreendedores acumulam pontos ao registrar cuidados com os espaços e participar de mutirões, e podem trocar esses pontos por itens essenciais, como alimentos e materiais de manutenção.
Parte do valor gerado pelos incentivos fiscais retorna à própria plataforma para garantir manutenção e operação contínuas.
O que muda para empresas e moradores
Para o comércio local, a adoção de um trecho urbano pode unir reputação e fluxo de clientes. Para a vizinhança, o sistema dá instrumentos para monitorar o espaço, denunciar vandalismo, organizar tarefas e conferir transparência nos gastos. A prefeitura ganha um canal automático de priorização, baseado em dados de uso e de conservação.
| Projeto | Objetivo | Principais benefícios | Cidades-alvo |
|---|---|---|---|
| Eco-Urbs | Conectar adoção e revitalização de espaços públicos | Descontos fiscais, pontos para cidadãos, manutenção contínua | Mongaguá e região |
| Turistando | Integrar turistas, agências e motoristas locais | Rotas personalizadas, menor custo, menor impacto ambiental | Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe |
Turistando: rotas acessíveis e econômicas conectando três cidades
O terceiro lugar ficou com o Turistando, uma plataforma que centraliza o cadastro de roteiros de agências e conecta turistas a motoristas independentes verificados. A proposta busca equilibrar sazonalidade, preço e mobilidade, sem sobrecarregar a infraestrutura das cidades.
Integração com motoristas locais e agências
As agências registram seus pacotes e disponibilizam guias. O turista monta a experiência, combinando transporte, roteiro cultural e visitas a pontos de interesse pouco explorados. Motoristas com veículos menores e econômicos reduzem custos e tornam viáveis trajetos mais curtos e frequentes, inclusive em dias de baixa demanda.
Impactos esperados no trânsito e no meio ambiente
A priorização de veículos leves tende a diminuir congestionamentos em acessos estreitos, comuns nas áreas de orla. A plataforma incentiva a formação de pequenos grupos, o que dilui emissões e barateia o passeio. O foco em rotas integradas também distribui o fluxo turístico, diminuindo a pressão sobre praias mais conhecidas e levando receita a bairros fora do circuito tradicional.
Rotas sob medida, veículos econômicos e guias locais: turismo escalonado que cabe no bolso e respeita a cidade.
Quem está por trás das ideias
O Eco-Urbs reuniu Maria Eduarda Rodrigues Sampaio, Kauã dos Santos Alcântara Pereira, Nicolas Alves Menezes, Miguel Perassoli de Souza, Cristóvão da Silveira Macedo dos Santos, Kauã Nunes de Araújo e Pedro Henrique Bertojna Santiago. Já o Turistando foi assinado por Rhyan Guilherme de Souza Caires, Felipe da Cruz Soares Sanches, Eduardo Soares e Araújo, Henrique Bueno Carvalho da Silva, Pedro Rodrigues Almeida, Gabrielli Fernanda Bueno Batista e Kaue dos Santos Lira Araújo. Os dois grupos traduzem a mistura de perfis da Etec: tecnologia, edificações e administração trabalhando de forma integrada.
O que você, morador, pode ganhar com isso
As duas propostas dialogam com demandas cotidianas de quem vive na região. Praças limpas e ativas reduzem sensação de insegurança e valorizam o bairro. Turismo descentralizado gera renda para guias, motoristas e pequenos negócios sem sufocar áreas sensíveis.
- Mais pontos de lazer e esporte, cuidados por quem usa e vive o bairro.
- Transparência sobre quem adota e mantém cada espaço público.
- Passeios mais baratos e com mais opções fora da alta temporada.
- Novas oportunidades para motoristas e guias credenciados.
E agora: próximos passos e oportunidades para a região
Os projetos já nascem com caminhos de implementação. O Eco-Urbs pode se apoiar em legislações municipais de adoção de áreas públicas e criar indicadores de desempenho por praça, como taxa de vandalismo, uso e custo de manutenção. O Turistando pode iniciar piloto com poucos roteiros e motoristas cadastrados, validando preço, qualidade e segurança antes de ampliar a rede.
Riscos e como mitigá-los
Programas de adoção precisam evitar exclusões de uso e propaganda excessiva. Regras claras sobre identidade visual, acessibilidade e horários preservam o caráter público. No turismo, a plataforma deve checar documentos, seguro e manutenção de veículos, além de políticas de cancelamento e avaliação para coibir práticas abusivas.
Ganhos de escala e integração
Ambas as soluções podem dialogar com dados abertos municipais e estaduais. Mapas de fluxo de pessoas, índices de conservação e calendários de eventos ajudam a priorizar bairros e trechos turísticos. A interoperabilidade com meios de pagamento digitais e carteiras sociais facilita os pontos do Eco-Urbs e o checkout dos pacotes no Turistando.
Para escolas e universidades, o resultado mostra que maratonas bem desenhadas geram protótipos executáveis, com governança e sustentabilidade financeira no centro da concepção. Para gestores públicos, surge uma janela para testar políticas em ciclos curtos, medir impacto e corrigir rota com base em evidências. Para você, morador ou visitante, o recado é direto: soluções simples, apoiadas por tecnologia e participação comunitária, conseguem transformar a rotina urbana sem projetos gigantescos.


