Em Belém, a conversa fora das salas de negociação ganhou um novo protagonista: a conta da alimentação. Delegados e visitantes fazem contas.
A poucos passos dos painéis da COP30, a Blue Zone concentra cafés, lanches e pratos quentes com valores que surpreendem quem paga em real. O contraste com os preços da cidade alimenta debates sobre acesso, logística e a própria experiência do público brasileiro no maior encontro climático do ano.
Preços na Blue Zone chamam a atenção
Uma garrafa de água de 350 ml sai por R$ 25. O mesmo preço vale para refrigerantes. Sucos naturais de sabores regionais — como goiaba, acerola, maracujá e cupuaçu — custam R$ 30. Nos pratos, o filé ao molho madeira aparece a R$ 70, enquanto lasanha de abobrinha e frango xadrez ficam em R$ 60. Quem prefere algo mais leve encontra sanduíches naturais (frango, misto ou queijo) a R$ 35. Na sobremesa, o tradicional brigadeiro custa R$ 20, e o brownie, R$ 30.
Água a R$ 25 e brigadeiro a R$ 20 simbolizam uma cesta com pratos a até R$ 70 na Blue Zone da COP30.
Todos os valores são cobrados em reais. Para visitantes que recebem em dólar ou euro, o impacto relativo tende a ser menor. Para brasileiros, a diferença pesa no bolso ao longo de um dia inteiro de evento. A organização disponibiliza bebedouros com copos descartáveis, o que ajuda a reduzir o gasto com hidratação.
Cardápio e comparação de preços
| Item | Preço na Blue Zone | Faixa em Belém (fora do evento) | Diferença aproximada |
|---|---|---|---|
| Água 350 ml | R$ 25 | R$ 4 a R$ 6 | 4x a 6x |
| Refrigerante lata | R$ 25 | R$ 6 a R$ 8 | 3x a 4x |
| Suco natural | R$ 30 | R$ 10 a R$ 15 | 2x a 3x |
| Filé ao molho madeira | R$ 70 | R$ 45 a R$ 60 | 1,2x a 1,6x |
| Lasanha de abobrinha | R$ 60 | R$ 35 a R$ 50 | 1,2x a 1,7x |
| Frango xadrez | R$ 60 | R$ 40 a R$ 55 | 1,1x a 1,5x |
| Sanduíche natural | R$ 35 | R$ 12 a R$ 18 | 2x a 3x |
| Brigadeiro | R$ 20 | R$ 3 a R$ 6 | 3x a 6x |
| Brownie | R$ 30 | R$ 8 a R$ 12 | 2,5x a 3,7x |
As faixas de referência consideram cardápios típicos de padarias, lanchonetes e aplicativos de entrega na capital paraense, podendo variar por bairro e horário.
Por que a comida custa mais nas áreas credenciadas
A Blue Zone é uma área com controle de acesso, operada sob regras da Organização das Nações Unidas. Fornecedores precisam cumprir exigências de segurança, certificações e horários rígidos. Isso encarece logística, equipe e insumos.
Os estandes pagam aluguel, energia e taxas de operação. A refrigeração constante em clima quente e úmido pesa na conta de energia. O abastecimento diário exige transporte com janela limitada e credenciamento, o que reduz alternativas e margens de negociação.
Como o fluxo é sazonal e concentrado em poucos dias, os operadores buscam recuperar investimento em curto prazo. A política de cardápio padronizado e comissões contratuais também tende a empurrar preços para cima.
Área controlada, logística restrita e custos de operação concentrados ajudam a explicar a diferença nos valores.
Impacto no bolso: quem sente mais
Para quem recebe em real, a diferença se acumula rápido. Em um dia típico, comprar uma água (R$ 25), um suco (R$ 30), um prato quente (R$ 60 a R$ 70) e uma sobremesa (R$ 20 a R$ 30) leva o gasto a algo entre R$ 135 e R$ 155. Em três dias, a conta passa de R$ 400.
Para estrangeiros pagos em moeda forte, a conversão reduz o choque. Ainda assim, o patamar supera o de restaurantes de rua na mesma cidade, o que reforça a percepção de “preço de evento”.
Quanto custa passar um dia na Blue Zone
- Básico: 2 águas + 1 sanduíche natural + 1 brigadeiro = R$ 105
- Completo: 1 água + 1 suco + 1 prato quente + 1 sobremesa = R$ 145
- Reuniões longas: 2 águas + 1 suco + 1 prato quente + 1 lanche = R$ 180
Comparações com Belém e com megaeventos
Fora da Blue Zone, a variedade é maior e os preços caem. Em áreas centrais de Belém, é possível almoçar por R$ 25 a R$ 40 em restaurantes por quilo ou pedir um prato executivo na faixa de R$ 30 a R$ 50. Lanches rápidos custam menos que na área do evento, e sucos naturais costumam vir em copos maiores.
Relatos de COPs anteriores e de festivais ou feiras internacionais indicam a mesma tendência: alimentação mais cara em zonas credenciadas. O modelo de concessão, com foco em segurança e logística, encarece o serviço e limita competição. Ainda assim, transparência sobre composição de preços e porções ajuda o público a decidir melhor.
O que há de alternativa e o que observar
A organização disponibiliza bebedouros com copos descartáveis, medida que reduz o gasto com hidratação. Em um ambiente de calor e umidade elevados, isso faz diferença. Verifique as regras de segurança para saber se garrafas reutilizáveis são permitidas, e de que tipo.
Vale checar também horários de pico. Longas filas junto com agenda apertada empurram o público para as opções mais próximas — e mais caras. Planejar intervalos fora do rush pode abrir espaço para sair da área e comer em restaurantes no entorno.
Bebedouros ajudam a segurar a despesa. Se possível, leve garrafa reutilizável compatível com as regras de acesso.
Dicas práticas para gastar menos
- Hidrate-se nos bebedouros e evite compras repetidas de água.
- Monte um “kit emergência” com barrinhas e castanhas, se o controle de acesso permitir.
- Programe as refeições fora do horário de pico e pesquise opções próximas aos portões.
- Divida porções maiores entre colegas para reduzir o ticket individual.
- Prefira sucos e pratos com melhor relação custo-porção.
Pontos adicionais para o visitante
Porções e volume importam. Uma água de 350 ml a R$ 25 pode sair mais cara que um suco de 500 ml por R$ 30, dependendo da necessidade. Observe o tamanho dos copos e pratos antes de decidir. Pergunte sobre combos ou descontos por horário, prática comum em alguns operadores quando o movimento cai.
Há também a questão ambiental. Copos descartáveis resolvem a sede, mas geram resíduos. Garrafas reutilizáveis e canecas dobráveis reduzem lixo e, em muitos casos, agilizam o uso de bebedouros.
O que levar em conta na sua programação
- Clima: calor e umidade elevam a demanda por líquidos; ajuste o orçamento de hidratação.
- Agenda: reuniões seguidas aumentam a chance de compras por impulso; planeje paradas.
- Tempo de deslocamento: sair da Blue Zone pode baratear a refeição, mas consome minutos preciosos.
Para reuniões que atravessam o horário do almoço, uma estratégia útil é fazer uma refeição reforçada cedo e carregar um lanche resistente ao calor. Quem precisa ficar o dia inteiro na Blue Zone pode alternar bebidas pagas com paradas nos bebedouros, preservando energia e orçamento. Na dúvida, anote os gastos do primeiro dia para ajustar o plano nos seguintes e evitar surpresas no fechamento da viagem.


