Você acompanha ciência no dia a dia? Um novo levantamento global traz números que mexem com prioridades e oportunidades aqui.
O mais recente ranking produzido por um centro europeu de métricas científicas recoloca o Brasil no debate mundial sobre pesquisa. Ele detalha volume, impacto e colaboração e traz sinais práticos para estudantes, empresas e formuladores de políticas.
O que está por trás do 17º lugar
O CWTS, da Universidade de Leiden (Holanda), avaliou a produção científica de 1.506 universidades entre 2020 e 2023, com base no índice multidisciplinar Web of Science, da Clarivate. Nesse mapa, a USP aparece na 17ª posição global e mantém a liderança no Brasil. É a única instituição ibero-americana entre as 100 primeiras.
USP ocupa a 17ª posição mundial no Leiden Ranking 2025 e lidera a produção de pesquisa no Brasil.
O levantamento compara instituições por volume de artigos e por qualidade relativa, sem mesclar critérios de ensino ou reputação. Entre as brasileiras, 39 universidades aparecem no recorte. A Unesp figura na 160ª posição e a Unicamp, na 193ª.
| Indicador | Posição/valor da USP |
|---|---|
| Posição global (geral) | 17ª |
| Artigos publicados (2020–2023) | 20.584 |
| Artigos no top 50% de impacto | 42,5% |
| Colaboração (interinstitucional, internacional e com indústria) | 19ª |
| Acesso aberto | 19ª |
| Diversidade de gênero (autoria feminina) | 3ª (atrás de Harvard e Toronto) |
Como a pesquisa foi medida
- Impacto científico: percentuais de artigos da instituição posicionados nos estratos mais citados da sua área.
- Colaboração: coautorias entre universidades, parcerias internacionais e trabalhos com o setor produtivo.
- Acesso aberto: proporção de artigos disponíveis gratuitamente ao público.
- Diversidade de gênero: participação de mulheres nas autorias e sua proporção no total de autores.
O recorte não mistura áreas. O ranking calcula posições específicas para cinco grandes campos: ciências biomédicas e da saúde; ciências da terra e da vida; matemática e computação; ciências físicas e engenharia; ciências sociais e humanidades. Isso permite enxergar vocações e lacunas por temática, com métricas comparáveis.
O que impulsionou a USP
O peso do impacto bibliométrico aparece logo no topo: 42,5% dos 20.584 artigos da USP caem na metade superior de desempenho em suas áreas. Essa taxa sugere que a produção da universidade circula e recebe atenção da comunidade internacional, um sinal de relevância combinada ao volume.
Na dimensão colaboração, a 19ª posição indica redes ativas com outras instituições e com a indústria. Projetos multinstitucionais ampliam citações e aceleram a transferência de conhecimento, algo vital para inovação e políticas públicas.
O recorte de acesso aberto, também em 19º, mostra que a USP vem disponibilizando resultados com menos barreiras. A visibilidade tende a crescer quando trabalhos não ficam atrás de paywalls, o que se traduz em mais leitura, reaproveitamento e impacto social.
Autoria feminina: a USP aparece em 3º lugar global, atrás de Harvard e Toronto, um sinal consistente de diversidade nas equipes.
Como ler esses números
- Percentis de citação refletem relevância por campo, reduzindo o efeito de áreas que publicam mais.
- Coautorias com empresas indicam ponte com problemas concretos e possíveis patentes.
- Acesso aberto amplia o alcance para docentes, jornalistas e gestores sem assinaturas pagas.
- Diversidade de gênero costuma correlacionar com redes mais amplas e temas mais variados.
Edição aberta: o que muda com o OpenAlex
Leiden divulgou também o Open Edition, que usa a base aberta OpenAlex. Esse recorte inclui publicações “não centrais”, como periódicos locais e produção multilíngue, ampliando a cobertura além do núcleo indexado de alto impacto.
| Medida | Valor/posição |
|---|---|
| Posição global (Open Edition) | 19ª entre mais de 2.831 universidades |
| Publicações centrais (2020–2023) | 48.926 |
| Publicações totais com não centrais | 68.889 |
| Variação ao incluir não centrais | +41% de volume; cerca de 29% ficam ocultos no recorte tradicional |
| Critério de inclusão (tradicional) | ≥ 800 publicações centrais no Web of Science |
| Critério de inclusão (Open Edition) | ≥ 1.500 publicações totais no OpenAlex |
A edição aberta revela bibliodiversidade e multilinguismo: a produção cresce de 48.926 para 68.889 artigos quando se considera o que o núcleo ignora.
Para universidades do Sul Global, esse ajuste corrige o viés que privilegia periódicos anglófonos, áreas hiperindexadas e redes de citação concentradas. A USP sobe para 19º nessa régua mais inclusiva, um recado sobre o peso da ciência feita em português e em veículos regionais.
O que isso significa para estudantes, pesquisadores e empresas
- Alunos: mais chance de bolsas, intercâmbios e coautorias em grupos internacionais onde a USP já colabora.
- Pesquisadores: métricas fortes de impacto e acesso aberto ajudam em editais competitivos e atração de parceiros.
- Empresas: a posição em colaboração indica portas para P&D, validação de tecnologias e ensaios clínicos.
- Gestores públicos: dados por área orientam investimentos em infraestrutura e políticas de ciência aberta.
Onde buscar ganhos rápidos
- Aprimorar repositórios e custos de publicação em acesso aberto, com acordos transformativos bem negociados.
- Estímulo a consórcios internacionais em projetos de fronteira, especialmente em transição energética e saúde.
- Programas de mentoria para autoria feminina e liderança de grupos, focando áreas sub-representadas.
- Valorização de periódicos nacionais bem indexados, para consolidar o efeito Open Edition sem diluir qualidade.
Contexto brasileiro e comparações
Unesp (160ª) e Unicamp (193ª) ajudam a puxar o bloco brasileiro no top 200, um recado de massa crítica distribuída. A presença de 39 instituições no ranking sinaliza continuidade na produção científica, apesar de ciclos orçamentários instáveis.
| Universidade brasileira | Posição global (tradicional) |
|---|---|
| USP | 17ª |
| Unesp | 160ª |
| Unicamp | 193ª |
Esses números conversam com agendas de internacionalização, ciência aberta e equidade de gênero. Eles também sugerem que redes interinstitucionais funcionam como multiplicadores de impacto, especialmente quando combinam laboratórios de ponta, dados compartilhados e publicação sem barreiras.
Termos que valem entender melhor
- Publicações centrais: subconjunto de artigos em periódicos de alto impacto e maior circulação internacional.
- Top 50% por área: o artigo supera metade dos pares no mesmo campo em métricas de citação normalizadas.
- Acesso aberto: versões publicadas ou aceitas disponíveis sem paywall, via repositórios ou acordos editoriais.
- Bibliodiversidade: variedade de idiomas, formatos e veículos de publicação, útil para problemas locais e regionais.
Como interpretar o impacto para decisões práticas
Quer estimar o potencial de um laboratório para parceria? Verifique a taxa de artigos nas faixas mais citadas da sua área, o percentual de acesso aberto e a presença em consórcios internacionais. Esses dados predizem velocidade de difusão, chances de financiamento e capacidade de entrega em projetos aplicados.


