Enquanto você cruza a Raposo, uma floresta silenciosa garante chuva, frescor e água que chega à sua torneira todos os dias.
Entre Cotia e Ibiúna, um mosaico verde que quase ninguém vê da estrada começa a mudar de papel. A área serviu de escudo para nascentes, animais e pesquisas. Agora, ganha regras novas e portas que se abrem ao público.
O que muda com a criação do parque
A Reserva Florestal do Morro Grande será transformada em Parque Estadual do Morro Grande. O governo paulista prevê a abertura controlada já no próximo semestre. O desenho da unidade coloca a proteção integral no centro da gestão. A meta é manter a vegetação nativa e garantir serviços ambientais para milhões de moradores da Região Metropolitana de São Paulo.
Com 87% da área coberta por floresta nativa, o Morro Grande equivale a 10 mil campos de futebol.
O novo status reforça regras de uso. A visita passa a ocorrer com monitoramento. As trilhas serão definidas com base em estudos de capacidade de suporte. A gestão prepara protocolos para turismo de baixo impacto, pesquisa científica e educação ambiental.
Biodiversidade em números
O Morro Grande concentra um retrato raro da Mata Atlântica antiga na Grande São Paulo. A lista de espécies confirma a qualidade do habitat.
| Indicador | Valor |
|---|---|
| Espécies de árvores | 260 |
| Aves registradas | Quase 200 tipos |
| Mamíferos | Dezenas de espécies |
| Cobertura nativa | 87% da área |
Esses números indicam florestas maduras, com estratos bem formados, troncos antigos e clareiras naturais. A fauna encontra alimento e abrigo, o que favorece grandes polinizadores e dispersores de sementes. Esse ciclo mantém a floresta viva e resiliente frente ao clima mais quente e seco nas cidades.
O parque será um polo de pesquisa, educação ambiental e turismo sustentável com trilhas monitoradas e programas de visitação.
Água que sai da sua torneira
Dentro dos limites do parque, a Represa da Graça integra o sistema que abastece parte da metrópole. As nascentes do Rio Cotia brotam nessa paisagem. A cobertura florestal filtra a água, reduz a erosão, diminui o assoreamento e melhora a recarga subterrânea. Cada árvore consegue interceptar chuva, segurar sedimentos e reduzir picos de enchente. Em dias de calor extremo, o efeito de resfriamento também se espalha para bairros próximos.
Proteger nascentes e mananciais no Morro Grande significa segurança hídrica para quem vive na Grande São Paulo.
Uma vitória que vem de longe
A decisão atende a uma demanda antiga de ambientalistas. Desde os anos 1970, movimentos locais alertam para o valor do Morro Grande. A mobilização que barrou um projeto de aeroporto na área virou referência histórica do ambientalismo brasileiro. O anúncio sai às vésperas da COP 30, em Belém. O gesto alinha São Paulo a compromissos de clima e biodiversidade em ambientes urbanos.
O que você vai encontrar quando o parque abrir
- Trilhas sinalizadas com acompanhamento de monitores ambientais.
- Áreas de visitação definidas para não pressionar a fauna.
- Atividades de educação ambiental para escolas e famílias.
- Base para pesquisas sobre conservação, água e clima.
- Orientações de conduta, como levar lixo de volta e não alimentar animais.
Como será a visita
A abertura ocorrerá de forma gradual. O plano prevê controle de fluxo por faixa horária ou agendamento. Trilhas terão níveis de dificuldade claros. Guias credenciados devem conduzir grupos em trechos sensíveis. A sinalização explicará por que ficar na trilha reduz o risco de introdução de espécies invasoras e evita pisoteio em plântulas que renovam a floresta.
Para moradores da região, a presença de visitantes exige convivência respeitosa. Ruídos excessivos afastam aves e pequenos mamíferos. Bicicletas e animais domésticos tendem a ser restringidos em áreas de proteção. A gestão avalia rotas de acesso, estacionamentos e pontos de apoio fora de zonas de maior fragilidade.
O que o parque entrega para a cidade
O Morro Grande atua como barreira contra ilhas de calor, melhora a qualidade do ar e estoca carbono. A floresta também cria oportunidades econômicas ligadas ao turismo de natureza, com foco em guias locais, hospedagens e alimentação. A educação ambiental pode conectar escolas da rede pública à ciência de campo.
A criação do parque agrega conservação, clima, saúde pública e qualidade de vida em uma única política.
Riscos e cuidados que você precisa saber
- Fogo: períodos secos aumentam o risco de incêndio. Fumaça espanta fauna e deixa cicatrizes por décadas.
- Lixo: plásticos e embalagens atraem animais e alteram hábitos de alimentação.
- Tráfego: carros fora de vias autorizadas compactam o solo e danificam raízes.
- Coleta: retirar plantas, sementes ou animais quebra cadeias ecológicas.
Contexto legal e por que isso afeta você
Parques estaduais fazem parte do Sistema Nacional de Unidades de Conservação. A categoria “proteção integral” prioriza a manutenção dos processos ecológicos e regula o uso público. Para você, isso significa uma área verde aberta com regras claras, estrutura mínima e fiscalização. A proximidade com bairros densos ajuda famílias com pouco tempo e dinheiro a ter contato com natureza de qualidade sem longos deslocamentos.
Serviços ecossistêmicos em linguagem direta
Chuva cai e a copa segura parte da água. O solo poroso absorve o resto. As raízes mantêm a terra no lugar. Menos lama desce para córregos. A represa recebe água mais limpa. As estações de tratamento trabalham melhor. A conta de todos agradece.
Informações práticas para planejar a visita
A gestão do parque deve divulgar calendário e regras antes da abertura. Prepare mochila leve. Leve água, protetor solar e repelente. Use calçado fechado. Prefira grupos pequenos. Em dias de chuva, redobre a atenção com o piso escorregadio. Caso o parque opte por agendamento on-line, faça com antecedência.
Para ir além
Quer aproximar as crianças da Mata Atlântica? Crie um diário de campo simples. Registre sons, cores, cheiros e formas de folhas. Compare ambientes de borda e interior da trilha. Fale sobre de onde vem a água da casa. Essa experiência fortalece o vínculo com o território.
Se você mora nas redondezas, pense em atividades compatíveis com o parque: observação de aves ao amanhecer, fotografia de paisagem, oficinas de compostagem em escolas, hortas comunitárias que usam menos água. Essas escolhas geram ganho coletivo e reforçam o papel do Morro Grande como gigante verde que trabalha por todos os paulistanos.


