Na Grande Belém, milhares de passageiros se preparam para mudanças que prometem viagens mais previsíveis e menos caras.
A estreia de uma nova etapa do transporte metropolitano traz frota renovada, integração tarifária e um corredor dedicado na BR-316. A combinação aponta para menos tempo perdido no trânsito e mais conforto no dia a dia.
O que muda para quem usa o transporte na Grande Belém
O Ministério das Cidades confirmou o envio de recursos federais para renovar 503 ônibus no Pará, somando quase R$ 650 milhões em financiamentos pelo FGTS e pelo BNDES. Dentro desse pacote, 100 veículos são elétricos a bateria. Quarenta deles começam a rodar já neste sábado (1º), em operação assistida, no BRT Metropolitano que liga Belém a Ananindeua e Marituba, com atendimento também a Benevides, Santa Bárbara do Pará e Santa Izabel do Pará.
Integração tarifária com passagem de R$ 4,60 (R$ 2,30 para estudantes) vale desde o primeiro dia de operação assistida.
Nesta fase inicial, os coletivos circulam entre os terminais de Marituba e São Brás. O atendimento cresce de forma gradual conforme ajustes operacionais e demanda.
Tarifa e bilhetagem sem dinheiro a bordo
O sistema adota a bilhetagem eletrônica “Pra Já”. Não há pagamento em espécie dentro dos veículos. O cartão precisa de recarga prévia em pontos credenciados, e permite integrações pagando apenas uma tarifa, conforme a regra vigente.
Para o passageiro diário, a integração reduz o custo final de deslocamentos e diminui a necessidade de múltiplas passagens.
Frota nova, menos emissões e mais conforto
O BRT Metropolitano inicia com 265 ônibus zero quilômetro: 40 elétricos e 225 a diesel padrão Euro 6. A tecnologia Euro 6 corta poluentes em relação à geração anterior e reduz emissões de carbono por quilômetro. Os elétricos operam sem emissão local de poluentes e trazem menor ruído, o que melhora o conforto nas estações e entorno do corredor.
Todos os veículos têm ar-condicionado, Wi-Fi, tomadas USB, acessibilidade, suspensão a ar, faróis e lanternas em LED e assentos estofados com encosto alto. Os ônibus elétricos assumem as faixas expressas entre os terminais de Marituba e Ananindeua e a estação de São Brás. Os Euro 6 conectam bairros da região metropolitana aos terminais e atendem serviços expressos para pontos como o Ver-o-Peso e a UFPA.
Menos ruído, ar-condicionado e embarque integrado elevam o padrão de conforto, especialmente em viagens de média distância.
Indústria nacional por trás dos elétricos
A cadeia produtiva dos 40 elétricos é nacional: tecnologia da Eletra (São Bernardo do Campo), chassis Mercedes-Benz (São Bernardo do Campo), carrocerias Caio (Botucatu) e baterias e motores da WEG (Jaraguá do Sul). A compra estimula a capacitação local e abre caminho para novas encomendas à medida que a rede se expande.
Cores, linhas e como identificar seu ônibus
As linhas seguem um padrão visual simples para orientar o usuário desde o primeiro dia:
- Azul: alimentadores que ligam bairros aos terminais de integração em Ananindeua e Marituba.
- Lilás: troncais que saem de Marituba.
- Verde: troncais que saem de Ananindeua.
Ao todo, são 26 linhas alimentadoras e 10 troncais, com serviços expressos e paradores. Ao longo dos 10,8 km do corredor, 13 estações atendem pontos estratégicos, como São Brás, Ver-o-Peso e UFPA.
Corredor, estações e terminais
O trecho prioritário do BRT corre pela BR-316, entre o túnel do Entroncamento, em Belém, e a região do km 10, em Marituba. A infraestrutura inclui 26 estações (13 por sentido), 13 passarelas, quatro túneis de acesso, Centro de Controle Operacional na avenida Augusto Montenegro, três faixas por sentido (uma exclusiva ao BRT), duas ciclovias, calçadas em ambos os lados, piso tátil e rampas de acessibilidade.
No Terminal de Integração de Ananindeua (km 7), quatro plataformas separam serviços e fluxos, com prédio administrativo, bilheteria, bicicletário e Estação Cidadania. Em Marituba (km 10), três plataformas organizam o embarque de alimentadores e troncais, atendendo passageiros do município e também de Benevides. Ambos possuem passarelas envidraçadas, banheiros e elevadores.
| Indicador | Valor |
|---|---|
| Extensão do corredor | 10,8 km |
| Frota total do BRT | 265 ônibus (40 elétricos + 225 Euro 6) |
| Tarifa integrada | R$ 4,60 (R$ 2,30 estudantes) – valores de 2025 |
| Demanda prevista | 370 mil a 420 mil passageiros/dia |
| Estações | 13 por sentido |
Financiamento e custos públicos
Para além do corredor, o Pará renovará 503 ônibus com apoio federal de cerca de R$ 650 milhões, via linhas de crédito do FGTS e do BNDES. O projeto do BRT em si tem custo estimado de R$ 561 milhões (1º semestre de 2025), com participação do Governo do Pará e da Agência de Cooperação Internacional do Japão, pelo Programa Ação Metrópole. A aquisição dos ônibus contou com R$ 368,7 milhões do FGTS e contrapartida estadual.
Essa injeção de recursos se distribui por diversas cidades, incluindo Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides, Santa Bárbara, Santa Izabel, Castanhal (em estudo de integração), Parauapebas, Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos.
Expansão e impacto no bolso do passageiro
O governo estadual estuda integrar Castanhal à rede, com direito a tarifa única. Em trajetos longos, o ganho financeiro aparece de imediato. Um morador que antes gastava cerca de R$ 20 para ir e R$ 20 para voltar à capital passa a pagar R$ 4,60 por trecho, segundo os valores de 2025. Isso reorganiza o orçamento das famílias que dependem do ônibus para trabalhar, estudar e acessar serviços especializados.
Integração ampla significa menos baldeações pagas, tempo menor em deslocamento e previsibilidade no fim do mês.
O que você precisa fazer para usar o BRT no sábado
- Garanta o cartão “Pra Já” carregado. Não há pagamento em dinheiro nos ônibus.
- Verifique a cor do ônibus antes de embarcar: azul (alimentador), lilás (troncal de Marituba) e verde (troncal de Ananindeua).
- Planeje o trajeto entre Marituba e São Brás, eixo da operação assistida inicial.
- Considere sair com antecedência nos primeiros dias, fase com ajustes operacionais.
- Use a integração: uma tarifa permite combinar linhas dentro da rede.
Serviço cresce por etapas e pode aumentar a oferta de elétricos
Como a operação expande gradualmente, a frota entra em regime pleno por fases, conforme a estabilização da demanda e do controle pelo CCO. A tendência é ampliar a presença de ônibus de emissão reduzida no corredor e em linhas alimentadoras, seguindo o cronograma de entregas no estado.
Informações que ajudam o leitor a planejar
Os elétricos funcionam com recarga em garagens e pontos específicos, planejados para a rotação necessária ao longo do dia. A operação no corredor exclusivo facilita manter velocidades comerciais mais altas, o que melhora a autonomia por ciclo de carga. Em dias de maior calor, o uso do ar-condicionado impacta o consumo energético, e o planejamento diário leva isso em conta.
Para estimar o ganho mensal no orçamento, simule sua rotina: multiplique a tarifa integrada (R$ 4,60) pelos deslocamentos diários de ida e volta e pelos dias úteis. Compare com o que você gastava em múltiplas passagens ou em serviços sem integração. Famílias com dois ou três usuários frequentes tendem a perceber a economia com rapidez.
Para quem mora fora do eixo inicial, vale acompanhar a expansão de serviços alimentadores e as conexões com hospitais, universidades e polos comerciais. A rede inclui ciclovias paralelas e calçadas ampliadas, o que permite combinar bicicleta e ônibus em trechos curtos, reduzindo o tempo de acesso às estações.


