Você voa com a Latam? maior centro da América do Sul cuida de 270 aviões por ano no interior de SP

Você voa com a Latam? maior centro da América do Sul cuida de 270 aviões por ano no interior de SP

Nem todo herói da aviação aparece na pista. Longe dos holofotes, uma operação altamente técnica mantém sua viagem segura.

Em São Paulo, uma cidade do interior transformou manutenção de aeronaves em motor econômico, inovação aplicada e confiança para quem voa. Ali, revisões complexas acontecem diariamente, com prazos apertados e padrões rígidos.

São Carlos em destaque

Conhecida como “Capital da Tecnologia”, São Carlos abriga um parque industrial de 95 mil m² dedicado à manutenção de aeronaves comerciais. O complexo, operado pela Latam, reúne 22 oficinas e emprega cerca de 2 mil profissionais, entre técnicos, engenheiros e especialistas em logística, materiais e qualidade.

O centro responde por aproximadamente 70% da manutenção da Latam na América Latina e processa, em média, 270 aeronaves por ano.

O volume expressivo confirma o papel estratégico da unidade para a malha aérea da companhia e para a economia local. A presença do centro movimenta fornecedores, estimula cursos técnicos e gera demanda por serviços de alta qualificação.

O que faz um MRO

MRO é a sigla para Maintenance, Repair and Overhaul — manutenção, reparo e revisão. Na prática, o trabalho começa muito antes do avião chegar ao hangar: análise de histórico, planejamento de tarefas, separação de peças e ferramental, calibração de instrumentos e definição de equipes por especialidade.

  • Inspeções programadas em célula, motores e sistemas críticos.
  • Reparo de componentes e substituição de peças por vida útil ou condição.
  • Testes não destrutivos para detecção de trincas e corrosão.
  • Atualizações de software e verificações de aviônica.
  • Pintura, interiores e adequações de cabine conforme normas.
  • Ensaios funcionais e liberação com documentação auditável.

Esse encadeamento segue regras de autoridades aeronáuticas e padrões de fabricante. Tudo é rastreável. Cada parafuso tem histórico. Cada etapa busca reduzir o tempo em solo sem abrir mão da segurança.

Modelos atendidos e prazos

A unidade de São Carlos atende quase toda a frota da Latam. Aviões da família Airbus A320, além dos Boeings 767 e 787, passam por inspeções, correções e revisões completas no local. O Boeing 777, por sua vez, é atendido em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo.

Modelo Atendimento em São Carlos Observação
Airbus A320 (família) Sim Revisões programadas e reparos estruturais
Boeing 767 Sim Manutenção pesada e atualizações
Boeing 787 Sim Processos dedicados a materiais compostos
Boeing 777 Não Serviços realizados em Guarulhos (SP)

O centro também possui licença para prestar serviços em aeronaves de outras fabricantes, como Embraer e ATR, ampliando a carteira e o ganho de escala. O tempo de permanência varia conforme a complexidade: vai de uma semana até 40 dias.

De uma inspeção de linha a uma revisão completa, o ciclo de manutenção pode levar entre 7 e 40 dias, conforme o escopo.

Como isso impacta quem viaja

Para o passageiro, manutenção eficiente significa confiabilidade: menos cancelamentos por problemas técnicos, voos mais pontuais e aeronaves com melhor desempenho em consumo e conforto. Processos padronizados e concentrados em um polo único reduzem deslocamentos da frota e melhoram a disponibilidade dos aviões.

Outro efeito está no preço da operação. Manter parte relevante do trabalho no país, com alto índice de nacionalização de serviços, tende a reduzir custos logísticos e cambiais. Isso fortalece a cadeia local e permite respostas mais rápidas a imprevistos.

Por dentro do fluxo de trabalho

Quando o avião chega, uma equipe valida o plano. A aeronave entra em hangar, fica energizada e segura. Começam as inspeções visuais, os testes e a abertura de painéis. Componentes saem para oficinas dedicadas. Em paralelo, o time de materiais cruza necessidade com estoque e cadastros de rastreabilidade. Ao fim, o avião passa por testes funcionais, taxiamento e liberação documental.

  • Planejamento e engenharia definem escopo e recursos.
  • Execução em oficinas de estruturas, interiores, trem de pouso, aviônica e hidráulica.
  • Qualidade acompanha cada ordem de serviço e registra evidências.
  • Operações de solo garantem segurança em movimentações e testes.

Empregos, renda e conhecimento

Com quase 2 mil trabalhadores diretos, o complexo puxa a demanda por cursos técnicos e especializações, e estimula carreiras em áreas como inspeção por líquidos penetrantes, ultrassom, materiais compostos e gestão de confiabilidade. A presença do MRO atrai empresas de peças, logística e serviços, criando um ecossistema com efeito multiplicador na cidade.

São 22 oficinas especializadas operando em um parque de 95 mil m², com cadeia de fornecedores e serviços girando ao redor do aeroporto.

Segurança e padrões técnicos

A manutenção segue manuais de fabricante e regulamentos vigentes no Brasil. Cada item cumprido vira registro assinado e arquivado. Se uma inconformidade aparece, abre-se um desvio formal, com correção e verificação independente. O objetivo é simples: colocar a aeronave em condição de voo, com toda a história técnica provada em papel e digital.

Dicas para o passageiro atento

Quando você recebe o aviso de que seu voo atrasou “por manutenção”, pode significar desde a troca de um sensor até um teste de sistema que exige ciclos adicionais. Esse tempo extra evita ocorrências em rota e protege a operação. Em centros de grande porte, a chance de solução no mesmo dia é maior porque a peça certa e a equipe certa estão a poucos metros do avião.

Informações complementares

Tipos de checagem ajudam a entender os prazos. Inspeções leves, realizadas com alta frequência, focam itens de desgaste e sistemas de cabine. Revisões mais profundas, chamadas de checks pesados, envolvem abertura estrutural, testes não destrutivos, atualização de software e verificação de longo escopo. Quanto maior a complexidade, maior a permanência do avião em hangar.

Centralizar manutenção traz vantagens e riscos medidos. Concentração gera escala, padronização e ganho de produtividade. Por outro lado, requer planejamento detalhado para evitar gargalos em períodos de pico. A operação de São Carlos equilibra esse cenário com 22 oficinas, programação por janelas da malha e atendimento a modelos variados, enquanto o 777 segue um fluxo dedicado em Guarulhos.

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