Portas se abrem em série no varejo do litoral; marcas ganham vitrines e consumidores mudam rotas para novas experiências.
Um novo levantamento colocou a Baixada Santista no radar dos investidores. Santos entrou no pódio do crescimento de franquias no país, com expansão que surpreendeu redes e candidatos a franqueado e mexeu com o mercado local.
Crescimento acima da média nacional
De janeiro a junho de 2025, as franquias em Santos avançaram 19,51% em faturamento sobre o mesmo período de 2024. A receita somou R$ 756,1 milhões no semestre, marca que supera a média brasileira de 11,6% no período mapeado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Santos saltou para R$ 756,1 milhões no semestre e registrou variação de 19,51%, acima da média nacional de 11,6%.
O desempenho colocou a cidade em terceiro lugar no ranking por crescimento percentual. À frente estão Porto Alegre (32,97%) e Jundiaí (29,26%). Mesmo com taxas mais baixas, capitais como São Paulo (14,64%), Florianópolis (13,03%) e Salvador (11,43%) movimentam montantes maiores, mas perderam terreno quando o foco é aceleração.
O que explica o salto
Dois motores impulsionaram o consumo local, segundo o setor: o fluxo turístico mais aquecido e a expansão imobiliária. Mais visitantes significam ruas cheias, maior ticket em alimentação e serviços e efeito demonstração para novas unidades. Novos prédios e a ocupação de bairros em transformação ampliam o público residente e sustentam o giro fora da alta temporada.
Turismo mais forte e novos residenciais aumentaram o fluxo diário e garantiram demanda consistente para redes de serviços e alimentação.
O ecossistema também ganhou eficiência com formatos mais leves e digitalização. Quiosques, dark kitchens e microfranquias exigem menor investimento inicial, entram rápido em operação e ocupam pontos antes ociosos em shoppings, galerias e ruas com tráfego intermediário. E-commerce e delivery estendem o alcance em bairros de menor densidade, abrindo mapa para marcas que antes priorizavam apenas eixos premium.
Quem puxou a fila entre os segmentos
Na composição do crescimento, alguns segmentos se destacaram pela velocidade, enquanto outros responderam por maior fatia da receita total.
Maiores altas percentuais
- Alimentação – comércio e distribuição: 23%
- Saúde, beleza e bem-estar: 15%
- Limpeza e conservação: 12%
- Serviços automotivos: 12%
- Alimentação – food service: 12%
Maiores contribuições ao faturamento
- Saúde, beleza e bem-estar: 21%
- Alimentação – food service: 20%
- Serviços e outros negócios: 12%
- Alimentação – comércio e distribuição: 11%
- Moda: 11%
As franquias já alcançam 69% dos municípios brasileiros, contra 61% no ano anterior, sinal de capilaridade em expansão.
Como Santos se compara no ranking de crescimento
Veja as dez cidades com maior variação percentual no 1º semestre de 2025, segundo a ABF:
| Posição | Cidade | Variação (%) |
| 1º | Porto Alegre | 32,97 |
| 2º | Jundiaí | 29,26 |
| 3º | Santos | 19,51 |
| 4º | São Paulo | 14,64 |
| 5º | Florianópolis | 13,03 |
| 6º | Guarulhos | 11,80 |
| 7º | Cuiabá | 11,75 |
| 8º | Salvador | 11,43 |
| 9º | Belém | 10,87 |
| 10º | Manaus | 10,69 |
Leitura do mapa competitivo
O número mostra apetite do consumidor em praças diversas. Em Santos, o avanço acima de capitais sinaliza que a combinação de fluxo turístico e novos bairros com renda estável cria superfície de faturamento para redes de alimentação, beleza e serviços recorrentes.
Formatos que ganharam as ruas
Quiosques em estações e corredores de shopping engrossaram o tráfego de vendas por impulso. Dark kitchens reduziram custos de salão e aceleraram expansão de marcas de food service para bairros fora do eixo central. Microfranquias abriram espaço a operadores com capital menor, especialmente em serviços de limpeza, estética e reparos.
Na operação, a digitalização deu escala: integrações com marketplaces, hubs logísticos e gestão de pedidos em tempo real aumentaram a taxa de conversão e reduziram lacunas entre demanda e capacidade. Em mercados médios, isso permitiu manter prazos de entrega competitivos sem estoque pesado.
Para quem quer investir: sinais, riscos e contas rápidas
Onde estão as oportunidades
- Bairros em adensamento residencial e corporativo, com fluxo de pedestres ao longo do dia.
- Eixos com turismo consolidado e calendário de eventos, que sustentam pico de vendas em fins de semana.
- Centros de serviços próximos a hospitais, universidades e órgãos públicos, que garantem consumo recorrente.
Riscos que merecem atenção
- Sazonalidade: meses de baixa podem pressionar caixa se o mix depender demais do fluxo de verão.
- Aluguel e condomínio elevados em pontos premium, que reduzem margem de rede com ticket baixo.
- Concorrência cruzada de delivery, que pode canibalizar salão se a precificação não for calibrada.
Simulação simples de payback
Exemplo ilustrativo para uma operação de food service leve em Santos:
- Investimento total: R$ 280.000 (taxa de franquia + obras + equipamentos + capital de giro).
- Faturamento médio mensal: R$ 95.000 no 1º ano.
- Margem operacional antes de royalties e aluguel: 22% (R$ 20.900).
- Royalties + marketing: 7% (R$ 6.650).
- Aluguel + condomínio + IPTU: R$ 12.000.
- Resultado estimado: R$ 2.250/mês no início, com ramp-up de 12 meses.
Com aceleração de vendas de 8% ao trimestre nos seis primeiros meses e ajustes de custo, o payback pode ficar entre 24 e 30 meses. Se a sazonalidade reduzir a receita em 15% no outono, a reserva de capital de giro deve cobrir ao menos três folhas completas.
Checklist para avaliar um ponto em Santos
- Medição de fluxo por hora em dias úteis e fins de semana durante três semanas consecutivas.
- Mapeamento de concorrentes em raio de 800 metros e análise de preços médios.
- Capacidade de entrega: tempos reais de last mile em janelas de pico (almoço e jantar).
- Perfil do público residente e flutuante, com renda e hábito de consumo por categoria.
- Contratos de locação com cláusulas de reajuste previsíveis e possibilidade de carência para obra.
Para além do curto prazo, a presença de franquias em 69% dos municípios indica uma fronteira de expansão para marcas que queiram testar formatos modulares e portfólios com ticket variado. Em Santos, a leitura fina de sazonalidade, logística e custo de ocupação tende a separar operações resilientes de apostas arriscadas.
Para quem já opera na cidade, vale medir ganhos com omnicanalidade: retirada em loja para reduzir frete, cardápio otimizado para delivery e campanhas por bairro. Para quem entra agora, a conversa com a franqueadora deve incluir metas de ruptura zero, prazo de reabastecimento e suporte em treinamento, além de métricas de ponto de equilíbrio específicas para a praça.


