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HPV, perigo silencioso e sexualmente transmissível

by Ana Paula Sanches ,
HPV, perigo silencioso e sexualmente transmissível© iStock

Os números do HPV assustam. São mais de 100 tipos diferentes do mesmo vírus - 13 deles, capazes de causar cânceres genitais. Pelo mundo, há 630 milhões de pessoas infectadas e 700 mil novos casos por ano. Ah, e 10 milhões de brasileiros estão contaminados. Tá achando que acabou? Estima-se que 80% das mulheres sexualmente ativas terão contato com um ou mais tipos do vírus ao longo da vida

Summary
  1. · Entenda o que é HPV
  2. · #1 É verdade que eu posso pegar HPV usando a toalha de alguém contaminado?
  3. · #2 Homens com HPV não têm sintomas?
  4. · #3 O vírus pode ser transmitido mesmo que eu não tenha verrugas?
  5. · #4 Não preciso de camisinha caso eu tenha DIU ou tome a pílula anticoncepcional, né?
  6. · #5 Sexo oral transmite HPV?
  7. · #6 Além da camisinha, há outros meios de me proteger?
  8. · #7 O HPV sempre causa câncer?
  9. · #8 Como é o tratamento?
  10. · #9 Finalmente, o HPV tem cura?

Depois dessa avalanche matemática, difícil não encarar o HPV com uma atitude mais atenta e prudente. Estamos aqui para te ajudar nessa. Afinal, você sabe o que é o HPV, que problemas - além do câncer que mencionamos lá em cima - ele provoca e como prevenir uma infecção?

Entenda o que é HPV

O papilomavírus humano é um vírus transmitido por meio do contato com a pele infectada, especialmente durante relações sexuais desprotegidas (alô, camisinha!). Os tipos mais comuns costumam se manifestar sob a forma de verrugas que crescem na região genital de mulheres e homens, mas não é raro que a doença comece a se proliferar internamente - no caso das mulheres, no útero - para, depois de um tempo, tornar-se visível. Com a ajuda de especialistas, respondemos as questões mais pertinentes sobre o assunto para você, querida leitora, lembrar da próxima vez que um(a) pretendente sugerir uma transa sem preservativo.

#1 É verdade que eu posso pegar HPV usando a toalha de alguém contaminado?

Toalhas, banheiros públicos e objetos íntimos compartilhados podem, sim, ser transmissores do vírus. Contudo, de acordo com estudos recentes, os casos de contágio dessa forma são raros. De qualquer forma, zele pela higiene: não compartilhe toalha, calcinha ou qualquer coisa que entre em contato direto com genitálias. Vai usar banheiro público? Não sente diretamente no vaso.

#2 Homens com HPV não têm sintomas?

A ginecologista Cristhiane Labes (SP) explica que o HPV pode ser assintomático em ambos os sexos. “A diferença é que a mulher acaba tendo facilidade em desenvolver os sintomas devido ao órgão genital feminino permitir maior desenvolvimento e multiplicação do HPV”, afirma. Portanto, você não deve esperar uma verruga, por exemplo, para procurar um médico: é essencial que você mantenha seus exames em dia.

#3 O vírus pode ser transmitido mesmo que eu não tenha verrugas?

Sim, leitora! Segundo a ginecologista Cristina Carneiro (SP), esse é um dos principais motivos pelos quais o HPV está se proliferando de forma epidêmica mundo afora. “A grande maioria desenvolve a doença de forma assintomática e mesmo assim transmitem o vírus. O DNA do HPV pode estar na superfície aparentemente normal do pênis e da uretra”, explica a especialista.

#4 Não preciso de camisinha caso eu tenha DIU ou tome a pílula anticoncepcional, né?

Errado. Como já explicamos, o HPV entra no corpo pelo contato com a pele contaminada. Logo, a única forma de se proteger é utilizando a camisinha, que funciona como uma barreira física que separa a sua pele e a do seu(sua) companheiro(a).

É importante dizer também que a camisinha masculina não protege 100% das vezes. Em muitos casos, ela não cobre trechos da pele que foram atingidos pelo vírus, como a vulva e a região pubiana. A melhor solução é a camisinha feminina, que veda o interior da vagina.

#5 Sexo oral transmite HPV?

Sim. O contato da boca com uma superfície contaminada é suficiente - o que explica, por exemplo, os casos de câncer de boca e garganta ocasionados pelo vírus HPV. Camisinha nessa hora também é fundamental.

#6 Além da camisinha, há outros meios de me proteger?

As vacinas são aliadas nessa batalha. “A Quadrivalente ou Gardasil, além da Bivalente ou Cervarix, são indicadas para evitar o desenvolvimento de alguns dos tipos do vírus”, explica Cristina. Além disso, é essencial que a mulher mantenha seus exames ginecológicos em dia, como o Papanicolau (que deve ser feito ao menos uma vez por ano) e as consultas periódicas a cada 6 meses, mesmo que não exista qualquer sintoma. Lembre-se de que o HPV é silencioso.

O custo das vacinas infelizmente não é nada acessível. Tanto a Bivalente quanto a Quadrivalente são realizadas em 3 aplicações. Os custos saem, respectivamente, por voltas do R$ 300 e R$ 400 cada dose. Também existe a campanha de imunização gratuita, oferecida pelo SUS às meninas com idades entre 9 e 11 anos.

#7 O HPV sempre causa câncer?

Para simplificar, os vírus do HPV podem ser divididos em dois grupos: o primeiro reúne os 13 com alto potencial de causar câncer, e o outro, o restante de baixo potencial. Se você está infectada com algum tipo da turma mais perigosa, saiba que outros fatores precisam existir para que um tumor cancerígeno seja gerado. “É necessário que haja uma infecção persistente, e isso raramente ocorre porque o sistema imunológico do indivíduo contaminado consegue eliminar o vírus em 80% das vezes”, comenta Cristina Carneiro. Porém, descuidar-se é cilada: mesmo quando não se transforma em câncer, a cura do HPV pode demorar a chegar.

#8 Como é o tratamento?

Como existem diversos tipos de manifestações clínicas do vírus, há vários tratamentos possíveis para o HPV. No caso das verrugas, por exemplo, a eliminação costuma ser feita por meio de laser e ácidos, além da cauterização. Para as lesões internas podem ser ministrados medicamentos por via oral e um acompanhamento contínuo para que se avalie a resposta do organismo.

#9 Finalmente, o HPV tem cura?

“Em cerca de 80% a 90% dos casos, o sistema imunológico da paciente elimina o vírus sozinho após 2 anos da infecção. É o que chamamos de remissão espontânea e, nesse caso, dizemos que houve cura”, afirma Cristina. Ou seja, a melhora depende totalmente da capacidade do organismo de descartar o HPV. Quando isso não acontece, a pessoa permanece infectada para toda a vida - mesmo com a remoção das verrugas. Infelizmente, acabar com as verrugas não implica na eliminação do vírus.

Sexo com segurança (e, claro, confiança!) é tudo de bom:

Ana Paula Sanches
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