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O que é a humanização no parto?

by Redação taofeminino ,
O que é a humanização no parto?© iStock

Com premissas médicas baseadas em evidências científicas e premissas sociais baseadas no respeito pela mulher, seu protagonismo ao parir e pelo funcionamento da natureza (somos mamíferos, acredite), a humanização do parto no Brasil é um movimento que vem reestruturando o burocrático sistema obstétrico. Por Juliana Couto

Summary
  1. · Mas como chegar nesse tal de parto humanizado?
  2. · Dicas de empoderamento para buscar o parto humanizado
  3. · Relatos de quem passou por parto humanizado
  4. · Ainda não acabou! Continue no taofeminino
  5. · taofeminino ♥ Pinterest

Não, não é apenas parto de humano. E também não se restringe a tratar bem uma parturiente para que seja um parto humanizado. A humanização do parto é um modelo de assistência que prioriza bem-estar da mãe e do bebê em detrimento a um nascimento instrumentalizado e uma estrutura dominante de agendas obstétricas e neonatais na qual prevalece o melhor para maternidades e médicos. O cenário obstétrico brasileiro não contribui: ainda é calcado em uma estrutura instrumental que valoriza os partos normais sobrecarregados de intervenções de rotina e as desnecesáreas, cesáreas eletivas agendadas ainda durante a gestação, induzindo gestantes a realizarem uma cirurgia. No Brasil, 56% dos bebês nascem por meio de uma cirurgia de porte médio; desses, 84,6% nascem na rede particular de saúde. As taxas vão contra a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que aponta cesáreas entre 10% e 15% dos nascimentos.

Essas gestantes são induzidas por diversos fatores, incluindo desatualização e má formação médica, que não está a par dos estudos sobre parto e reproduz um atendimento falho; medo da dor do parto, ponto crucial para uma gestante que não recebeu assistência adequada e que está imersa em uma cultura social de medo de sentir dor, na qual o método medicamentoso é a solução recorrente para lidar com as frustrações, além de ser uma cultura industrializada, por meio da qual bebês nascem como pequenos robôs sem que suas mães os sintam intraparto (o que não diminui, obviamente, tudo o que foi sentido durante a gestação e o que ela sentirá com a cicatriz da cesárea ou durante o puerpério; são questão independentes umas das outras). Ainda que bem informada sobre os riscos de uma cesárea eletiva, a parturiente brasileira pode escolher passar pelo procedimento. Em vigor desde junho de 2016, uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) determinou que a cesariana a pedido da grávida só pode ser realizada a partir da 39ª semana de gestação. De acordo com o ginecologista-obstetra Alberto Guimarães (SP), referência em atendimento humanizado na capital paulistana, “O termo humanização de parto veio de uma contraposição à forma de nascimento no Brasil. Há cerca de 30 anos, e cada vez mais, o modelo de parto no Brasil é tecnocrático, um modelo centrado no hospital, médico, equipamento e antibiótico. Para fazer o contraponto desta experiência de parto, foi feita uma grande reunião em Fortaleza, com os principais expoentes de nascimento no mundo e um grupo de brasileiros da ReHuna (Rede de Humanização e Nascimento) que sugeriram outras maneiras de parto no nosso país”.

O documentário O Renascimento do Parto, produzido pela doula Érica de Paula e dirigido por Eduardo Chauvet, é ponto de partida para começar a compreender do que se trata respeitar o nascimento de um bebê e do que se trata a estrutura cesarista no Brasil. Assim como é referência no assunto o obstetra francês Michel Odent, autor de livros como Água e Sexualidade - A importância do parto ecológico, O Renascimento do Parto e A Cesariana, que defende que, como seres humanos e mamíferos, é preciso pensar em outras dimensões o modo como nasce um bebê, considerando a nossa civilização. Desse modo, o parto humano é cultural, mas não pode deixar de ser animalizado. É o que ele explicou, por exemplo, em palestra do Seminário BH pelo Parto Normal, em 2008: “Quando você estuda o parto de outros mamíferos, você pensa apenas no nível individual. Seja como for o parto, quando você prejudica o processo de nascimento de um mamífero não humano, o efeito é que a mãe não cuida do recém-nascido. Por exemplo, no caso das ovelhas, se você interrompe o parto, a mãe simplesmente não vai aceitar o bebê. No ser humano é mais complexo, tudo é diluído pelo meio cultural. Então, no futuro, é possível pensar que todos os bebês pudessem nascer pela via abdominal. Por outro lado, várias disciplinas científicas nos informam que temos boas razões, mudando os critérios de avaliação, para tentar redescobrir as necessidades básicas da mulher em trabalho de parto e do bebê recém-nascido. Eu uso a palavra “redescobrir” porque é uma tarefa difícil entender essas necessidades depois de milhares de anos de controle cultural do processo de nascimento, com rituais e com a interferência no processo de nascimento em todas as sociedades. Para redescobrir as necessidades básicas da mulher em trabalho de parto e dos bebês recém-nascidos, não temos um modelo cultural para isso. Precisamos perceber o que podemos aprender no presente a partir de uma disciplina básica que é a fisiologia. Podemos aprender muito quando pensamos como cientistas que estudamos a fisiologia. (...) Se olharmos uma mulher em trabalho de parto do ponto de vista do fisiólogo, nós vamos ver que a parte primitiva do cérebro, uma estrutura arcaica chamada hipotálamo, é a mais ativa durante o trabalho de parto. O fluxo de hormônios que a mulher tem que liberar para o trabalho de parto vem dessa parte profunda e primitiva do cérebro. Ao mesmo tempo, vamos conseguir visualizar as inibições vindo do neocórtex. Mas a natureza achou uma solução para superar essa deficiência: durante o parto o neocórtex deve parar de funcionar. O nascimento é um processo primitivo e durante esse processo o neocórtex deve estar desligado. Quando a mulher está em trabalho de parto sozinha, ela se desconecta do nosso mundo e esquece o que está acontecendo à sua volta. Seu comportamento pode, inclusive, ser considerado inaceitável para uma mulher “civilizada”: ela grita, xinga, é pouco polida, assume diferentes posições. Ela fica em outro planeta. Isso significa que o neocórtex reduziu sua atividade, o que é essencial na fisiologia do parto. Uma mulher em trabalho de parto precisa, em primeiro lugar, de ser protegida contra qualquer estímulo do neocórtex. Na prática isso significa que temos que lembrar quais são os estimulantes do neocórtex para evitá-los. Um desses estimulantes é a linguagem, que é processada no neocórtex. Se utilizarmos a perspectiva fisiológica vamos reconhecer que é preciso cautela para usar a linguagem durante o trabalho de parto e vamos redescobrir o silêncio. Vamos demorar muito a aceitar o silêncio na sala de parto depois de séculos de socialização. Recentemente, assistindo a um desses vídeos de parto natural, assim chamado porque era domiciliar e a mulher estava de quatro, pudemos observar que a parteira não parava de falar. Precisamos redescobrir que a linguagem estimula o neocórtex e interfere na liberação da ocitocina e a importância da privacidade”.

As premissas básicas da humanização do parto estão baseadas no respeito à vida e ao nascimento, considerando a fisiologia do parto. De acordo com a obstetriz Ana Cristina Duarte, no texto O que é o parto humanizado existem algumas premissas a serem consideradas: respeito aos tempos da mãe e do bebê, respeito ao protagonismo feminino, compartilhamento de responsabilidades, de modo que a parturiente esteja bem informada e a equipe que presta assistência apresente riscos e benefícios de toda e qualquer intervenção intraparto, e uso das melhores evidências científicas em parto, de modo que após 30 anos de estudos evidenciando que a episiotomia não traz benefícios para a mulher e para o desenvolvimento do parto, não cabe seguir com a prática rotineira da intervenção. “Em suma, o parto humanizado é um parto o mais natural possível, com o menor número de intervenções que for possível para aquela dupla mãe-bebê e onde cada intervenção só seja utilizada quando os seus riscos forem menores do que o risco de não utilizá-la; onde os tempos, os interesses e a liberdade da mãe e do bebê sejam os principais motivadores de todos os envolvidos; e o melhor: tudo baseado em evidências científicas e nas recomendações da Organização Mundial da Saúde”. Para Malila Wrigg (RJ), 35, pedagoga e doula, a verdadeira humanização não é sobre somente uma via de nascimento ou um local de parto. “É um conceito de assistência em que, resumidamente, todas as práticas são baseadas nas melhores em mais recentes evidências e se respeita profundamente o protagonismo feminino. Assim sendo, quando o parto é possível e desejado, quem o assiste - quem FAZ o parto é a mulher - deve fazê-lo de forma atualizada, sem incorrer em condutas antiquadas e prejudiciais como jejum, Kristeller e episiotomia, por exemplo”.

Mas como chegar nesse tal de parto humanizado?

Infelizmente, no Brasil, não é simples de ser viabilizado. Isso porque ainda são poucas as casas de parto no Brasil e são restritivas, já que para parir em uma casa de parto é preciso que a parturiente não apresente algumas intercorrências na gravidez, e, além disso, porque atualmente o caminho do parto humanizado, viabilizado por informação e empoderamento feminino, também se restringe ao número de mulheres que podem pagar por ele. Parir no Brasil é estar inserida dentro de um sistema. Ou a gestante cai no sistema do obstetra conveniado desinformado e desatualizado, que tenta empurrar uma cesárea agendada e um parto instrumentalizado, ou ela recorre a uma casa de parto, estrutura que ainda sofre de carência de investimento, ou recorre a um parto domiciliar, que também sofre uma série de pré-conceitos e é restritivo. Ou, por fim, recorre a um parto hospitalar humanizado, que também faz parte de um sistema, no sentido de viabilidade financeira e equipe: médicos que exigem a equipe deles com doula já inclusa, médicos que exigem presença de obstetriz. São poucas as maternidades públicas que possuem estrutura e equipe adequada para um atendimento humanizado, de modo que, ao recorrer ao obstetra de convênio e se deparar com a agenda cesarista, a gestante passa a buscar uma equipe particular (um parto humanizado hospitalar, por exemplo, com obstetra, obstetriz, doula e neonatologista não sai menos que R$ 12 mil; um parto domiciliar com doula e duas obstetrizes, equipe mínima, não sai menos que R$ 7 mil – preços pesquisados em São Paulo). Assim, o empoderamento, a conscientização e a busca por um parto humanizado, fora dos protocolos violentos e rotineiros das maternidades particulares, requer lidar com uma muita informação de qualidade, uma enxurrada de relatos e vídeos da internet (procure se desintoxicar do romantismo dos vídeos de parto e das playlists infalíveis) e, sim, dinheiro.

Para Alberto Guimarães, o movimento de humanização no parto do Brasil é um movimento extremamente importante porque questiona o modelo praticado de maneira hegemônica e porque contribui para que as mulheres, inclusive as que optaram pela cesárea, percebam que de fato a melhor via para o nascimento é a via natural. “Essas mulheres, com esclarecimento e trazendo para si a questão do empoderamento, contribuem dando exemplo e permitindo que as pessoas conheçam outro jeito de nascer. Outro aspecto é a questão dos custos, obviamente as cesáreas não são baratas, não são gratuitas, então o argumento de que o parto humanizado é caro tem que ser reavaliado porque neste caso a mãe está investindo em um acompanhamento. É uma forma de não fazer uma cesárea sem indicação ou porque com a cesárea seria ‘mais tranquilo’, porque na verdade não é a melhor opção para o bebê e para a mãe na questão clínica. Um parto normal é incomparavelmente o melhor caminho. Na rede pública em São Paulo, por exemplo, e posso dizer isso porque participo de uma OS, ou seja, um programa que é parceria do Estado com o município, o Parto Seguro, que abrange oito hospitais públicos (cerca de 20 mil partos por ano); é um programa que está centrado na assistência humanizada com uma atuação multiprofissional, com enfermeiras, obstetrizes, participação no acolhimento da assistência do trabalho de parto, respeitam a lei do acompanhante, a escolha da posição na hora de dar à luz e após isso o bebê vai para o colo da mãe – inclusive atualmente existe a avaliação do bebê dentro do ventre materno – e então o pediatra nem retira o bebê de perto da mãe e é feita uma avaliação sucinta no colo mesmo; e há um estímulo para que seja feita a amamentação na primeira hora. Portanto, existe um movimento na rede pública que vai tomando corpo, e não tenha dúvida que isso tem a ver com o empenho e atuação deste movimento pró-humanização”.

Nesse sentido, como Malila explica, o acesso a esse tipo de assistência ainda é muito restrito no Brasil. Isso é multifatorial. “Deficiência na formação, ausência de atualização e interesses financeiros são alguns dos motivos pelos quais se encontra tanta resistência. Imagine ocupar mais de 24 horas uma suíte de maternidade particular em um parto totalmente natural, onde não se pode cobrar nem uma gaze. Ou acompanhar um parto de forma humanizada por vários dias e receber cerca de R$ 800, quando muito, pelo plano de saúde. É insustentável. E induz às cirurgias agendadas, onde se tem maior lucro em menor tempo. E enquanto assim for, os profissionais que despertam para essa realidade estarão à margem, sendo obrigados a cobrar para poder atender da forma correta. Por isso, a resposta não é hostilizar quem tem de cobrar para prestar um serviço que deveria ser direito básico, universal. Muito mais eficaz é apoiar o Movimento de Humanização, que traz as armas mais eficazes contra o sistema: informação e apoio. Pois só se pode lutar pelos seus direitos se você sabe quais são. Só se pode lutar contra violência obstétrica se você sabe que a sofreu. Só se consegue lutar contra tanta pressão com uma rede de apoio. E é dessa conscientização e luta que vem a mobilização para que o sistema mude, foi dessa forma que organizações como ReHuna e Parto do Princípio, dentre outras, têm fomentado importantes conquistas desses direitos no âmbito público há mais de duas décadas”.

Se, de um lado, as premissas incluem respeito e empoderamento, incluem, do outro, lutar contra um sistema desumano desde a formação dos profissionais. Má formação, mal atendimento, além de estrutura básica de saúde pública e particular precárias, que terceirizam o tratamento com a vida, principalmente com a nova vida. A lógica do empoderamento, no movimento da humanização, vai além do empoderamento da mulher. É empoderamento social, criando ferramentas para transformar o espaço e o tempo que esses bebês vão ocupar no futuro. O nosso.

Parto é parto e não deveria ter várias denominações. É o que defende Alberto. Para ele, o termo parto humanizado pode significar algo alternativo, quando não é, é a defesa por um parto o mais natural possível. “Atualmente no Brasil tem um programa chamado Parto Adequado, que é o maior programa de incentivo ao parto normal com propostas para a redefinir a questão da política pública, desenvolvido pelo Hospital Albert Einstein, que ano passado incorporava 35 hospitais no país e em 2017 começa uma segunda fase, com o Einstein e mais 180 hospitais do Brasil. Esse movimento envolve as mulheres e eu acredito que as mulheres bem-informadas e seguras entendem que é possível dar à luz sem necessariamente serem submetidas a uma cesariana. É uma maneira de fortalecer e estimular o parto normal”.

De modo que, em termos lógicos, não existe cesárea humanizada, já que a humanização é um conceito que vai buscar um parto o mais natural e humano possível, é animalesco. Como a cesárea é sobrecarregada de intervenções médicas e o protagonismo é médico, não da parturiente. Afinal, ela é uma cirurgia. O que não desmerece nenhuma mulher que tenha passado pelo procedimento. É contundente a explicação do obstetra Ricardo Hebert Jones, referência em humanização em Porto Alegre (RS): "O problema de expressões como 'cesariana humanizada' ocorre porque existe um conceito no mundo da humanização do nascimento de que tal procedimento cirúrgico não pode ser chamado de 'humanizado', pois lhe falta um elemento essencial na humanização: o protagonismo. Sem o resgate do protagonismo nunca haverá verdadeira humanização. Portanto, uma cesariana pode ser 'humana', gentil, digna e respeitosa, mas jamais 'humanizada', pois carece do elemento mais fundamental para contemplar essa definição. Não existe 'apendicectomia humanizada', 'histerectomia humanizada', ou qualquer cirurgia que mereça esse epíteto, pois o protagonismo é do médico, e não da paciente. Numa cesariana a mesma coisa. Cesariana é cirurgia obstétrica, não é parto; portanto é um procedimento técnico, regido por protocolos médicos, e nesse contexto as mulheres são necessariamente passivas.O parto, pelo contrário, é ativo. É algo que a mulher faz, e não ao qual é submetida. Somente aí poderão aparecer os elementos constitutivos e definidores da humanização: o protagonismo, a visão integrativa (bio-psico-social-emocional-espiritual) e a vinculação com a medicina baseada em evidências".

Em termos de saúde pública, Alberto acredita que a forma do sistema e as maneiras de dar assistência ao parto precisam ser repensados. “Na saúde pública a questão precisa ser levantada de uma forma complexa e não só pensando exclusivamente no parto, mas pensando também na questão da saúde da mulher, planejamento familiar, quem pretende realmente engravidar e quais as medidas que nós poderíamos oferecer a esta mulher do ponto de vista do planejamento (será que precisamos de alguma coisa? Precisa fazer algum exame? Está usando alguma medicação?). E durante a gestação poder oferecer uma série de assistências do pré-natal que informe e esclareça a mulher, que insira a questão multiprofissional onde nutricionista e fisioterapeuta estejam incluídos. Acredito que seja importante pensar sobre a assistência para viabilizar a questão multiprofissional, fazer uma discussão aberta sobre os tipos de parto, quais as vantagens de se estimular um parto normal”.

Dicas de empoderamento para buscar o parto humanizado

  • Elabore um plano de parto mesmo que você esteja assistida por uma equipe humanizada. Quando você chegar na fase ativa do parto, vai estar na partolândia. É essencial que todas as suas escolhas sobre intervenções e orientações intraparto estejam alinhadas com a equipe e, em caso de um parto hospitalar, protocoladas na maternidade.
  • Busque grupos de apoio. Seja por páginas com relatos de parto, seja em grupos de apoio presencial, busque mulheres que já passaram pela experiência. Compartilhar ajuda a se preparar para o parto. No entanto, não romantize. Assista vídeos de parto normal, compreenda a fisiologia do parto e do seu corpo, mas não esqueça que os vídeos são editados e que a realidade é diferente e não necessariamente tem playlist calmante.
  • Informe-se sobre as leis e condutas éticas médicas. Informe-se sobre a lei do acompanhante, práticas de rotina, violência obstétrica, estrutura do sistema público e privado. Episiotomia e Manobra de Kristeller são violência obstétrica.
  • Informe-se sobre as recomendações para parto mais recentes e baseada em evidências científicas. Cobre que sua equipe esteja atualizada. Siga páginas de referências como Érica de Paula, Bráulio Zorzella e Melânia Amorim, profissionais da área da saúde com larga experiência na humanização e medicina qualificada.
  • Seu corpo, suas regras. O corpo é seu, é você quem vai parir. A máxima mulheres sabem parir e bebês sabem nascer é válida, mas há ocorrências intraparto que podem encaminhar você para uma cesárea. A cesárea salva vidas, quando bem indicada. Não é à toa que se recomenda uma taxa de 10% a 15% de sua prática. Certifique-se de que está fazendo a melhor escolha para você e seu filho.
  • Seu corpo, suas regras (II). Você não precisa satisfazer a vontade de seus familiares sobre o nascimento do seu filho. Informe-se com qualidade. Conscientize-se sobre os benefícios de ser também um mamífero. Prepare-se para o puerpério e para a amamentação.
  • Confie no seu corpo e na natureza. Permita-se entrar em trabalho de parto, permita-se não se cobrar sobre o parto que você idealizou e o que você vai viver. Sua equipe não vai parir, ela vai assistir, acompanhar, contribuir. Quem faz o parto é a mãe. As decisões são tomadas em conjunto. Confie no seu corpo. Seu filho segue confiando.
  • Dói. E não dói. Dor não é necessariamente sofrer por ela. Cada mulher é única, assim como a gestação, assim como o modo como lida com o nascimento e a dor. Prepare-se para estar entregue a você mesma durante o parto.

Relatos de quem passou por parto humanizado

“Sempre quis PN [parto normal], desde nova achava estranho uma cirurgia para o bebê nascer, mesmo tendo nascido em uma cesárea sem indicação, apenas para minha mãe ser laqueada. Na minha primeira gestação, comecei a me informar em grupos sobre parto, busquei uma doula e vi que não era simples parir, e assim fui conhecendo o mundo da humanização. O atendimento respeitoso e baseado em evidências demostra os melhores resultados de satisfação com o parto e menor insistência de complicações para mãe e bebê, então fui me convencendo de que seria realmente o melhor para nós. Não passei por muitos médicos, percebi que estava com um cesarista porque ele nunca queria falar de parto, nunca desmarcava consultas e operava todas as sextas e sábados, então minha doula indicou um outro obstetra e fui conhece-lo, ele é o único da cidade que assiste parto natural, mesmo assim não o considero 100% humanizado, acredito que ele está no caminho. No meu segundo parto, que foi domiciliar, busquei equipes que atendessem minha cidade, pois aqui não há equipe capacitada tecnicamente para parto domiciliar, as equipes de PD cobram entre R$ 4 mil e R$ 7 mil. Eu recomendo para minhas amigas o parto natural e humanizado devido a boa recuperação dá mãe, menor risco de complicações para mãe e bebe, principalmente para amigas que desejam ter muitos filhos, com nascimentos naturais você tem menos riscos nas próximas gestações, enfim, devido aos estudos e todos os benefícios de PN, vou sempre recomendando as gestantes que conheço”.
Camila Oliveira (SP), 28, mãe de José Antônio, dois anos, e de Estela, 16 dias.

“Conheci a humanização do parto por meio de uma amiga e de minha cunhada. Optei pelo parto humanizado pois acreditei no respeito ao meu bebê e ao meu corpo, para não sofrer com histórias de cesariana sem indicação e por ser uma recuperação rápida. Passei por muitos médicos e por indicação cheguei na minha obstetra. Todos sabem que é muito difícil, pelo convênio praticamente impossível. Então teve que ser particular, procurei uma equipe de parto natural que sabia que seria humanizado. Recomendo porque você consegue controlar o seu corpo, conhece melhor os seus limites e quando realmente necessário você mesmo solicita e os médicos e enfermeiras respeitam, só mesmo em casos de emergência que a equipe entra em ação para que tudo termine como você pensou. Como foi toda equipe particular, com doula, enfermeira-obstetra, anestesista (precisei) e a obstetra, ficou torno de R$ 15 mil. Não usei médico do convênio na maternidade, usei somente a hotelaria e a sala cirúrgica, pois meu bebê foi para UTI e precisei pagar várias coisas que o convênio não quis cobrir como medicamentos e acessos”.
Roberta de Azambula Roland (SP), 39, mãe de Rafael, três anos.

“Eu sempre gostei muito do assunto maternidade e fui mãe bem jovem, então passei muitos anos pesquisando em busca de uma maternidade mais consciente e natural possível. Já conhecia o parto normal porque os da minha mãe foram normais, mas a humanização vim conhecer depois, nessas minhas pesquisas. Aos poucos fui conhecendo grupos de Facebook apoiados por profissionais e ativistas da humanização. Um dos primeiros contatos foi com o blog "Estuda, Melânia, estuda". Quando você entende verdadeiramente o que é a humanização, ela não passa a ser uma opção e sim um direito que toda mulher deveria ter assegurado, uma vez que um dos pilares da humanização é fazer com que a mulher seja protagonista do seu parto tendo todas as suas vontades respeitadas, embora no Brasil isso não seja a realidade da grande maioria das mulheres. Após três PNs [partos normais] hospitalares, todos pelo SUS, tendo sofrido algumas intervenções desnecessárias e violência obstétrica, eu estava decidida a não passar por tudo aquilo novamente. Sabendo que essa seria minha última gestação e última chance de viver um parto respeitoso, tanto para mim quanto para minha filha, eu comecei a estudar as opções. Iniciei minha busca nos grupos de doulas, que me deram muito apoio e me mostraram o caminho das pedras. Das poucas opções para a minha região a que me deixou mais segura foi buscar uma casa de parto. Mas aí começaram as dificuldades. Existem pouquíssimas casas de parto no Brasil e as mais próximas da minha cidade ficam na capital, há 200 km de distância. OK, tudo bem, estava disposta a tudo. Mas, então descobri que as CPs [casas de parto] só atendem pelo SUS mulheres que fazem pré-natal em uma das UBS [unidade básica de saúde] da capital. Para as gestantes de fora o atendimento é particular. Pagar pelo meu parto não era uma opção. Não tínhamos condições financeiras para isso. Contando com o apoio do meu marido e de uma doula maravilhosa que se prontificou a me doular voluntariamente, eu transferi meu pré-natal e passei a realizar as consultas e exames na capital. Apesar de todas as viagens, inclusive no dia do parto, com bolsa rota e contrações pegando intensidade, eu avalio que todo esforço valeu a pena. Embora nem todas tenham as mesmas chances que eu tive, eu recomendo com toda certeza a todas que, assim como eu, sonham com um parto respeitoso e humanizado. Como eu citei anteriormente, a vantagem entre o parto humanizado e um parto instrumentalizado ou uma cesárea eletiva, acontece principalmente por permitir que a mulher seja protagonista do seu parto e tenha suas vontades respeitadas, como a escolha da melhor posição para parir, ter as pessoas que amam ao seu lado, não ter seu corpo violado, ter possibilidade de movimento, poder contar com métodos não farmacológicos para alívio da dor. Enquanto que o bebê será recebido num ambiente acolhedor, sem separação da mãe, sem procedimentos desnecessários. O melhor de tudo: um pós-parto muito mais tranquilo, permitindo que a mãe esteja fisicamente bem para cuidar do recém-nascido”.
Daiana Careti (SP), 34, mãe de Maria Eduarda, 16, Luisa, 10, Danielle, dois anos, e Antonella, dois meses.

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